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Sessão de 16 de Dezembro de 1918 9

brar um golpe profundo na nossa nacionalidade.

Sr. Presidente: associando-me aos votos de sentimento por V. Exa. propostos pela morte do Sr. Dr. Sidónio Pais, eu apelo para o Parlamento do meu país porque espero que dêsse Parlamento, voltando-se às normas do direito constitucional, se possa promover a obra da salvação da Pátria.

Tenho dito, Sr. Presidente.

O Sr. Oliveira Santos: — Sr. Presidente: como homem de ordem e arredado de qualquer facção política declaro sinceramente que me sinto envergonhado de ser português e de ser professor de história perante o assassinato cobarde e revoltante que prestou para sempre o Sr. Dr. Sidónio Pais.

Sr. Presidente: eu não encontro fácilmente palavras para exprimir a minha repulsa íntima, profunda, por êsse crime que arrebatou de entre os portugueses um homem que, como muito bem disse o Sr. Dr. Queiroz Veloso, era um homem notável em Portugal.

Repugna à minha consciência, como português e como republicano que preza a ordem e ama a vida, um crime tam monstruoso, como monstruoso foi e me repugnou o que se praticou em 1908 nas pessoas do Rei D. Carlos e do Príncipe Rial.

Em meu entender não houve ainda razões que pudessem levar num impulso de revolta um tresloucado, fôsse qual fôsse o seu ideal político ou religioso, a praticar um tam hediondo acto.

E, se me repugnou o atentado, como me repugnam todos os atentados pessoais sejam quais forem, estou absolutamente de acôrdo com todos os actos, mesmo, violentos que porventura sejam e que o Govêrno julgue necessário pôr em prática para restabelecer a ordem e o sossego neste desgraçado país.

Tenho dito.

O Sr. Ribeiro do Amaral: — Sr. Presidente: é tam grande a estatura moral do Presidente morto, e eram tam excelsas as suas qualidades e virtudes, que creio não haver palavras que descrevam a sua figura.

Lastimando profundamente o atentado contra a vida dum homem como era o Sr. Dr. Sidónio Pais, eu, em meu nome, assim como em nome das classes que represento nesta Câmara e que são as mais prejudicadas com a sua morte, as classes trabalhadoras, aquelas de quem êle se acercou de preferência, associo-me à expressão de pezar por V. Exa. Sr. Presidente proposto, e fazendo-o, nada mais faço do que cumprir um dever, e expressar o sentir que me vai na alma.

Sr. Presidente: o Sr. Dr. Sidónio Pais não cumpriu a sus obra que devia ser grandiosa a avaliar pelo que êle já fizera em tam pouco tempo. Julgo, porêm, que ela se consumará, porque todos nós, portugueses, devemos ter o desejo, o afan, de a concluir, para que esta Pátria tenha uma época de felicidade e de justiça.

Êle, no seio de Deus onde se encontra, velará por todos nós, e o seu sangue derramado redimirá esta infeliz terra que, em verdade, quási o não merecia.

O Sr. Costa Couraça: — Sr. Presidente: cumprimentando V. Exa. e a Câmara nesta hora dolorosa, permita-me V. Exa. que em nome da classe que represento e em meu próprio nome me associe, de todo o coração, à proposta de V. Exa. relativa ao terrível acontecimento que enlutou a nossa nacionalidade, com a perda do grande homem, público, grande cidadão e grande português, que em vida se chamou Sidónio Pais.

Conheci-o quando Ministro das Obras Públicas e no pouco tempo que durou o nosso convívio eu tive ocasião de apreciar a superioridade da sua inteligência, a bondade do seu coração, a generosidade do seu ânimo e a levantada nobreza do seu carácter!

Assim, pois, com muitas lágrimas me associo à comemoração da perda dolorosíssima do homem que neste momento era para mim a encarnação da Pátria Portuguesa.

O Sr. Afonso de Melo: — Sr. Presidente: ao entrar nesta sala, os ilustres Senadores que aqui representam a agricultura delegaram em mim o encargo de, em nome dêles, manifestar à Câmara o profundo sentimento que a todos nos domina ao encontrarmo-nos em face dêste tremendo acontecimento,