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Sessão de 14 de Fevereiro de 1919 3

projecto apresentado pelo Sr. Nogueira de Brito, relativo ao aumento de vencimentos dos funcionários das Secretarias de Estado.

Para a Secretaria.

O Sr. Presidente: — Congratulo-me com as notícias chegadas sôbre os acontecimentos do Pôrto, por onde se conclui que terminou uma guerra civil que tantos prejuízos tem acarretado.

Estão vários Srs. Senadores inscritos; portanto vou dar a palavra ao Sr. Castro Lopes.

O Sr. Castro Lopes: — Sr. Presidente: viva a República! terminou assim ontem, cheia de entusiasmo, numa comoção extraordinária, vibrante e única, a sessão da Câmara dos Deputados.

E assim é, Sr. Presidente, que eu hoje, ao iniciar esta sessão, começo da mesma forma.

Viva a República!

Vozes: — Viva!...

O Orador: — Sr. Presidente: desde o momento em que na Câmara dos Deputados se soube que tinha sido implantada outra vez a República no Pôrto, foi extraordinária a alegria, a comoção enorme, o entusiasmo indescritível que se sentiu naquela casa da Parlamento e por toda a cidade onde foi conhecida essa notícia.

Não havia para mim a mais pequena dúvida de que a República devia triunfar, porque não havia maneira de poder vencer uma causa que tinha sido preparada pela traição. Todo aquele entusiasmo que alguns jornais pretendiam dizer que havia no norte era fictício, era mentira.

E compreende V. Exa., compreende toda a Câmara que não há causa que vingue, movimento que triunfe, quando não traga a inspirá-la uma idea nobre e alevantada, e muito menos quando tenha sido preparada nas alfurjas, por uma traição, por uma deslialdade.

Não, Sr. Presidente, não podia ser, e assim não foi.

Sr. Presidente: estão vários oradores inscritos, todos êles para neste momento, com a sua palavra mais vibrante, mas não com maior entusiasmo do que eu, se congratularem pelo triunfo da República.

Não com maior entusiasmo do que eu, porque tenho junto dêsses bravos que combatem no Vouga, prontos a caminhar sôbre o Pôrto, um filho, como voluntário, que podia estar comodamente junto de mim, sem canceiras e sem perigos, e que pôs de parte um curso que estava tirando, para vir para a vida pública, apenas com um único fim: defender a Pátria.

Termino, pois, como principiei, Sr. Presidente:

Viva a República!

O orador não reviu.

Vozes: — Viva a República!

O Sr. Nogueira de Brito: — Sr. Presidente: depois das palavras calorosas e brilhantes pronunciadas pelo ilustre leader da maioria que neste momento representam afinal o sincero júbilo de toda a Câmara, o eloquente sentir de todos nós, pouco mais acrescentarei que possa avigorar a minha congratulação entusiástica e bem enternecida pela vitória das fôrças republicanas sôbre os realistas do Pôrto, a quem saúdo abrangendo na minha saudação as fôrças civis e militares.

Sr. Presidente: o facto de ver terminada a guerra civil, desgraçadamente fomentada no norte, e que foi mais um motivo de inquietação para o nosso país agitado constantemente por lutas intestinas, bastaria para acender o meu júbilo; mas êsse acontecimento, sob todos os pontos notável, contende agradavelmente com a minha inteligência e com a minha maneira de ser social, porque êle em toda a sua grandeza e expressão política não se limita à vitória da República sôbre a monarquia, embora seja êsse o seu aspecto, é no meu entender e no meu conceito mais alguma cousa do que o predomínio insofismável da corrente da idea republicana sôbre a reacção monárquica e clerical, tam contrária, tam antagónica aos princípios modernos; representa principalmente a vitória dos princípios liberais, esboçados na República sôbre as teorias políticas dum passado de erros e de anacronismos, de intolerâncias e perseguições, defendidos só por criaturas que traindo os seus compromissos de honra, outro papel não souberam desempenhar, que não fôsse o de patentearem a sua vil traição no momento decisivo, sob o ponto de