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Sessão de 14 de Fevereiro de 1919 5

ta, início do movimento que devia ficar célebre na história portuguesa sob o nome de cabralismo; e foi o mesmo Pôrto que depois deu impulso, direcção e fôrça à revolução da Maria da Fonte, que não só fez cair o Ministério, mas ia quàsi deitando a terra o trono de D. Maria II, se não fôsse a intervenção armada da Inglaterra e da Espanha.

Congratulando-me sinceramente pela terminação dêsse funesto episódio, dessa sangrenta jornada, em que os monárquicos se valeram dos postos que a República confiara à sua lialdade termino por uma calorosa saudação à cidade do Pôrto. Viva o Porto!

Êste viva é geralmente correspondido.

O Sr. Machado Santos: — Após uns dias de intranquilidade e luta, que trazia alanceada a alma portuguesa, eis que nos surge uma nova aurora; que, creio bem. será de paz e ventura, porque suponho que nunca mais cousa alguma poderá fazer escurecer o brilho da República, pois desta vez ficaram bem extremados os campos: dum lado os monárquicos, que, depois de lhe terem sido escancaradas de par em par as portas e os cargos de confiança do regime, fizeram contra êle uma obra de traição; e doutro lado os republicanos e patriotas, aqueles que acima de todos os interêsses pessoais põem o futuro da nossa terra, da nossa Pátria.

Estou certo de que uma nova era de paz e tranquilidade surge agora para a República Portuguesa.

Aludiu o ilustre leader da maioria a um ponto histórico, chamemos-lhe assim, a essa sessão que se realizou no Ministério do Interior quando se ventilou o caso das juntas militares do norte, e na qual não quiseram aceitar o meu modesto conselho, que era enfiar o Vasco da Gama para o Pôrto, a fim de, numa acção combinada com as fôrças de cavalaria 9 e da guarda republicana e as batarias da Serra do Pilar, contrariar o manejo das juntas. Êste meu conselho não foi escutado. Pois, Sr. Presidente, foi cavalaria 9 e a guarda republicana que restauraram a República no Pôrto.

Depois de restaurada a monarquia no Pôrto ainda preferiram chamar ao mesmo Ministério o representante de D. Manuel, em vez de aceitarem a colaboração do
fundador da República. Mas não façamos agora retaliações. Eu ponho isso de banda. Neste momento cumpre-me apenas saudar a alma heróica do povo português, essa aluía heróica que permitiu que algumas fôrças que estavam comprometidas na revolta se colocassem depois ao lado da República ou ficassem neutras, permitindo-nos assim organizar a defesa e ir até à vitória. Saúdo tambêm daqui êsse Govêrno que conseguiu estabelecer a harmonia entre a família republicana, sem a qual não seria fácil a vitória. Saúdo tambêm as fôrças de terra e mar que, com a sua dedicação pela República, conseguiram levar de vencida quási até as portas do Pôrto os rebeldes, e peço a V. Exa. que, haja ou não o número de Senadores presentes para deliberações, o Senado se manifeste mais eloquentemente do que por simples discursos: por uma manifestação de alegria e de solidariedade saia hoje desta sala. Por isso vou mandar para a Mesa a seguinte moção:

«O Senado saúda o povo português, o exército de terra e mar e o Govêrno da República, que, numa conjugação de esforços e de inegualável energia e civismo, salvaram e consolidaram o regime para todo o sempre, e com êle as liberdades pátrias e o futuro da nacionalidade. E, em sinal de regozijo, resolve encerrar a sessão, depois de terem usado da palavra todos os Srs. Senadores inscritos.— Machado Santos».

Vozes: — Muito bem. Muito bem.

O Orador: — Sr. Presidente: depois do que acabei de ler eu escuso de acrescentar mais uma única palavra. Estou certo de que todos os peitos dos Senadores presentes — o único de quem nós poderíamos duvidar já saiu da sala - me acompanham nesta ordem de ideas. Viva a República!

Vozes: — Viva!

O orador na o reviu.

O Sr. Júlio Dantas: — Sr. Presidente: como Senador pelas Belas-Artes, eu acompanho, nas suas saudações ao Pôrto, o ilustre Senador Sr. Jorge Guimarães, e congratulo-me com o Senado e com o Go-