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6 Diário doa Sessões do Senado

vêrno pela vitória das instituições republicanas.

Sr. Presidente: o culto da arte è impossível sem a permanência da ordem, e a ordem é hoje, em Portugal, inseparável da República. Se a data de 5 de Outubro é a data da República proclamada, a data de 13 de Fevereiro é a da República, imortal.

Por isso eu desejo saudar aqui não só aqueles que se bateram brandindo as armas, mas tambêm aqueles que se bateram espalhando ideas. Refiro-me à imprensa de Lisboa que, nestes dias de angústia para a alma republicana, soube, levantando o espírito popular, prestar um alto serviço à República e ao país.

Proponho, Sr. Presidente, que na acta fique exarado um voto de saudação do Senado aos jornais e aos jornalistas republicanos.

Tenho dito.

O Sr. Carneiro de Moura: — Sr. Presidente: associo-me sinceramente à manifestação de Câmara com relação à proposta do ilustre Senador Sr. Machado Santos — para a qual tem S. Exa., autoridade de fundador da República — saudando a alma heróica do povo português.

Eu, Sr. Presidente, quando digo que devemos saudar a alma heróica do povo português, lembro tambêm aqueles que falam a essa alma: os que trabalham na imprensa. E, neste momento, é bem recordar que nunca em Portugal se poderiam realizar prepotências oligárquicas, ou individuais.

Todos sabem o que através dos; tempos se tem passado em Portugal, quanto h independência popular, porque a nossa história é uma história que a todos interessa paírióticainente.

O nosso povo é a dignificação de Estado português, desde sempre. Não foi qualquer grande feudal que nos faz viver, desde os tempos de Afonso Henriques. Em Portugal, a não ser no século XVII, em que se estabeleceu um poder central, quem governou sempre foi o povo.

A nossa existência é de carácter republicano.

Nós formamos a nacionalidade portuguesa pelo esforço popular, e honra ao povo que assim se constitui!

Não foram jamais 03 senhores feudais que em Portugal dominaram. O domínio feudal é entre nós quási nulo, e, através da nossa história, o domínio senhoril passou sempre como um factor mínimo.

Dias houve em Portugal em que, parecendo haver uma dinastia reinante, outra cousa não existiu senão um presidente da republica. Todos se recordam que o povo português, ainda antes da doutrina de soberania, popular de Febo Moniz, se reservou sempre o direito do escolher orei, ou Chefe de Estado que melhor lhe aprouvesse, e êsse povo fez sempre saber ao rei da sua delegação, que o rei satisfaria as indicações do povo: Se não, não!

E assim é, Sr. Presidente, que mais tarde, quando a Espanha nos quiz dominar quem é que libertou Portugal? E alguma classe do feudais? E alguma classe de aristocratas ou teocratas? Nem a aristocracia, nem a teocracia o fizeram. E alma do povo, simbolizada na espada de Nuno Álvares, que proclama D. João I rei de Portugal. E a soberania popular elegendo o chefe da República.

Não estamos, portanto, Sr. Presidente, a fazer a glorificação dum acto esporádico. A nossa história sai do ardor do peito lusitano. E assim é que a nossa estrutura étnica se vai afirmando sempre.

É o povo que em Évora, depois do domínio castelhano de sessenta anos, começa a levantar Portugal.

E continua a nossa história e continua o po\o português a ser bastante para si e só somos pequenos quando temos de nos próprio; sujeitar a oligarquias.

Mas as oligarquias e os prepotentes e tiranos são entre nós efémeros porque sempre o povo os elimina com energia e facilidade.

No século XVII Portugal tambêm adoptou a centralização, política e administrativa, nessa época em que o absolutismo predominou em toda a Europa; tambêm tivemos o poder absoluto o cesarismo, mas bem depressa se viu que o povo português se revoltou contra o regime cesárico, e em 1820, os homens que se revoltam contra o absolutismo são filhos do povo.

E vêem do Pôrto para Lisboa. Aqui escreveu uma das páginas* mais belas da nossa história, embora os inovadores não tivessem sequência eficaz.