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Sessão de 25 de Fevereiro de 1921

O Sr. Pereira Osório: — Sr. Presidente :' quando foi da execução da Lei da Separação, fez-se o arrolamento e inventário do mobiliário importantíssimo que havia dentro do palácio episcopal do Porto.

Passado algum tempo foi criada naquela cidade uma instituição a que chamam Tutoria da Infância, e nomoado o juiz do 1.° distrito de Investigação Criminal do Porto para escolher o mobiliário que entendesse para a Tutoria de Infância. Esse magistrado dirigiu-se ao paço episcopal, e escolheu o que havia de melhor, de maneira que o tribunal destinado a julgar as crianças recolhidas na Tutoria da Infância foi mobilado com o que há de melhor, como cadeiras que foram avaliadas em 1000", 150$ e 200$.

Foram as cousas correndo e começou à boca pequena a dizer se cousas sobre o destino de parte desse mobiliário, até que ultimamente fui avisado por um antigo comprador de cousas antigas que tinha adquirido cadeiras tam boas e de preço tam baixo que desconfiava da sua proveniência e que estava convencido de que eram do paço episcopal e foram destinadas à Tutoria da Infância.

Eu já om ofício me dirigi aqui para os Ministérios da Instrução e da Justiça, fazendo sentir quanto havia de inconveniente e de prejudicial para o Estado ter um estabelecimento daquela ordem que devia ser mobilado modestamente com um mobiliário que fica bem no melhor dos palácios que tenhamos.

O resultado deste ofício foi nnlo, e agora abordarei este assunto' para pedir ao Sr. Presidente da Câmara para comunicar ao Sr. Ministro do Interior estas minhas breves considerações e a conveniência de encarar com toda a atenção as cousas relativas a este mobiliário.

O Sr. Presidente: — Comunicarei ao Sr. Ministro da Instrução ás considerações que S. Ex.a acaba de fazer.

O Sr. Pereira Gil: — Faleceu em Coimbra o Sr. Dr. Daniel de Matos, reitor da Universidade; honrava-me com a sua amizade; a sua passagem por aquele estabelecimento foi tam distinta como honrosa; toda a Academia o adorava, por isso julgo do meu dever propor que na acta das nossas sessões seja lançado um voto de

profundo sentimento pela morte de tam ilustre cidadão.

O Sr. Pais Gomes: — Sr. Presidente: apanhou-me de surpresa a notícia dada pelo Sr. Pereira Gil, do falecimento do Dr. Daniel de Matos.

Recordo-mo com saudade do tempo em que eu tive de recorrer ao seu saber, e há-de-me lembrar sempre com gratidão o carinho com que ele atendia sempre todos que se lhe dirigiam a fazer qualquer pre-gunta ou a pedir qualquer explicação.

O Dr. Daniel de Matos era alguém na sua classe, era um grande médico, um grande homem de coração cheio de bondade; em nome dos Senadores Liberais associo-me ao voto de sentimento proposto pelo Sr. Pereira Gil.

O Sr. Herculano Galhardo:—Pediapa-vra para me associar, em nome dos Senadores do Partido Republicano Português, à proposta enviada para a Mesa pelo Sr. Pereira Gil.

O Sr. Lima Alves: Pedi a palavra para igualmente me associar, em nome do Partido Reconstituinte, à proposta do Sr. Pereira Gil, para que seja lançado na acta um voto de sentimento pela morte do Dr. Daniel de Matos.

O Sr. Melo Barreto: — Pedi a palavra para me associar, em nome dos Senadores Indepentes, à proposta apresentada pelo Sr. Pereira Gil.

O Sr. Dias Pereira: — Por parte dos Senadores Dissidentes, associo-me ao voto de sentimento proposto pelo falecimento do distinto lente da Universidade de Coimbra, a que nos vimos referindo, e que no estrangeiro a soube sempre prestigiar, porque, além de outras qualidades, era um dos médicos mais respeitáveis do nosso país.

Proponho que o Senado se faça representar no funeral.

O Sr. Presidente: — Considero aprovado por unanimidade o voto de sentimento proposto.