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Sessão de 6 de Abril de 1921

O Sr. Presidente:—Vou abrir a inscrição.

Antes da ordem do dia

O Sr. Pereira Osório : — Como foi marcada ontem para a sessão de hoje a discussão do projecto n.° 414, eu queria preguntar a V. Ex.;l se me esclarecia sobre Gste caso.

Em Junho do ano passado começou-se a discutir este projecto na generalidade, e quando eu terminei as minhas considerações, o Sr. Jacinto Nunes pediu que o projecto fosse retirado da discussão, por ele ser substituído por outro projecto que era a revisão dos processos dos presos políticos.- Esta Câmara concordou e eu desejava que V. Ex.a me informasse se este projecto continua em discussão na generalidade.

O Sr. Presidente: — Este projecto vai ser discutido na generalidade.

O Sr. Abel Hipólito tinha pedido a palavra para um negócio urgente. Eu mandei ver se o Sr. Ministro .da Guerra está na outra Câmara, porque naturalmente S. Ex.a não quere usar da palavra sem que esteja presente o titular da pasta da guerra.

Sr. Abel Hipólito : — O Sr. Ministro da Guerra não está presente. Está o Sr. Ministro da Marinha, e creio que S. Ex.a se dignará transmitir as minhas considerações ao Sr. Ministro da Guerra.

O Sr. Ministro da Marinha (Fernando Bredorodo):—Estou pronto a transmitir ao Sr. Ministro da Guerra as-considerações de V. Ex.a

O Sr. Abel Hipólito: — Sr. Presidente: logo na manhã de hoje tive conhecimento do-que se passou na estíição de S. Bento, quando uma força da Guarda Republicana, comandada por um alferes, conduzia a Lisboa a bandeira dessa. Guarda, a fim de juntamente com outros corpos do exército se associar às Manifestações que • a Nação presta- aos nossos mortos da Grande Guerra.

Sr. Presidente-:' tive hoje -ocasião de falar com esse oficial que..chegou a Lisboa. Antes-de-.ler a- notícia a que me refiro, eu quero dizer que o oficial em ques-

tão contou as cousas como o jornal as narra.

Fci Gssc cfic!:1! m^u ajudante de campo quando do i:iovi;::ento monárquico do Norte, revelando sempre cordura, zelo e inteligência: é um homem e um militar valente, absolutamente incapaz de se deixar enxovalhar, fosse sob que pretexto fosse.

Sr. Presidente : este acontecimento reveste um carácter duplamentu grave, pois que se não respeitou um oficial que conduzia para Lisboa a bandeira nacional.

Fosse qual fosse o procedimento desse oficial, não se justifica um facto de tal ordem.

Mas há mais. E que este acontecimento, tal como ele se deu, leva-nos à persuasão do que estava premeditado. O alferes Costa Pereira pertence à Guarda Eopu-blicana do Porto. Quando foi da última greve ferroviária, foi encarregado da ma-^nutenção da ordem pública numa praça daquela ciciado. O pelotão do seu comando conseguiu o fim desejado, mercê da sua energia.

Devo dizer com todo o desassombro que nada admira que esse oficial ficasse «apontado».

É preciso notar que já tinham entrado nas mesmas circunstancias outras bandeiras doutras regimentos.

Por tudo isto nós somos levados à persuasão de que isto foi estudado e premeditado.

O alferes explicou ao porteiro do que se tratava: que era a bandeira que ia numa caixa, para não se sujar, e que levava separada a haste.

Q porteiro rosp-mdeu-lho brutalmente : «O Senhor não entra, isso são lerias».

O alferes quiz então entrar na estação para explicar ao chefe do que se tratava, mas o porteiro deitando-lhe as mãos não o deixou entrar.

O alferes vondo-s^ assim enxovalhado deu duas bofetadas no porteiro, e pena é que não lho tivesse dado uma dúzia. (Apoiados).

Ouviram-se seguidamente vários tiros; foi devido à cordura desse oficial que não temos a lamentar algumas mortes;