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10 Diário da Câmara dos Deputados
Que responda quem souber pois o País sabe destas questões tam pouco que, pode dizer-se, ignora tudo a não ser o que na grande declaração feita em nome do Govêrno Inglês se contém expressa e encobertamente.
Nem valerá para esclarecer os termos em que decorreram as negociações de Londres que o Times de 13 de Dezembro, comentando-as, se exprimisse nestes termos, que a Câmara precisa de ter na sua frente, neste momento em que se trata da realização dum empréstimo, cujas consequências podem ser desastrosas se a tempo o com inteligência e patriotismo não soubermos acautelar devidamente os interêsses nacionais:
"Os ministros da União têm agora a mais alta compreensão da intensidade do sentimento português sôbre Lourenço Marques e da impossibilidade de qualquer Govêrno português concluir um acôrdo que pudesse ser interpretado em Portugal como uma traição à honra nacional. Pode no emtanto esperar-se que ainda venha a chegar-se eventualmente a um acôrdo".
Tam habituados estamos nós a ver que as nações pequenas só podem impor-se ao respeito das outras nações pelos seus valeres morais, que chego a recear que Portugal, esquecendo-se dêsses valores morais de capital importância e únicos que nobremente o podem servir, queira enveredar por um caminho que a sua dignidade nacional do futuro possa não querer o não dever trilhar.
Digo isto com a responsabilidade dum homem que é aqui apenas o representante dos interêsses nacionais e só em nome dêles se exprime.
Mas os factos decorreram e à Câmara e ao Pais apenas foi dada conhecimento do que acabo de referir.
Sabia-se, é certo - porque várias vezes debalde tentáramos operações financeiras - que os mercados de crédito eram absolutamente inacessíveis, mormente o mercado inglês, influenciado pelas pressões constantes da União Sul-Africana.
A situação do Moçambique em relação às restantes colónias era sensivelmente mais aflitiva e tam grave e tam aguda que, em determinado momento se julgou impraticável qualquer operação de crédito para essa colónia, não só no mercado inglês mas em qualquer outro mercado, tais eram as influências do general Smuts nos meios financeiros mundiais. Pois, mais do que nenhuma outra colónia portuguesa, Moçambique carecia de iniciar a obra do seu desenvolvimento económico e da sua restauração financeira.
A província está atravessando neste momento supremas dificuldades.
As suas receitas estão longe de cobrir as suas despesas e, além disso, deve cêrca de um milhão de libras que tem de parar com urgência, visto que os seus credoras carecem das importâncias dêsses débitos contraídos há bastante, tempo alguns.
E se a situação financeira da província é esta, a situação económica não é mais próspera.
Ainda há pouco, no recente congresso das associações comerciais e industriais realizado em Lisboa, foram apresentados a tal respeito números que denunciam uma grave crise nos relações entre Moçambique e a metrópole, grave crise que tem, quanto a mim, como importante factor, o regime bancário em que essas colónias têm vivido, apesar das suas características económicas, financeiras e monetárias absolutamente diversas.
No último balanço de transferências do Banco Nacional Ultramarino, correspondente a 1922-1923, lê-se, em relação a Moçambique:
"Da metrópole para a colónia: 5:730 contos. Da colónia para a metrópole: 42.161 contos."
Isto equivale a transferências sem cobertura feitas pelo Banco Nacional Ultramarino de 37:411 contos nesse período de tempo.
Se isto sucede em relação às transferências de fundos entro a província e a metrópole, em relação à balança económica da província "s números não são mais animadores.
Cálculos recentes de carácter oficioso informam que a província recebo 3.680:000 libras para pagamentos que lhe cumpre fazer de 4.870:000 libras.
E no trabalho apresentado no congresso das corporações económicas a que aludi afirma-se ainda que, emquanto algumas