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tfessão de 24 de Junho de 1924

políticas, nem ataques políticos, nem a servir pugnas políticas; estou simplesmente a falar como português, esquecendo-me que sou monárquico para só me lembrar de ter nascido em Portugal.

Lamonto a situação misteriosa enTque se colocam o general da l.a divisão, o nosso colega Roberto Baptista, e o general Sr. Bernardo de Faria, vindo da guerra com a reputação de oficial sabedor e distintíssimo, respeitado por toda a gente, e que todos devem respeitar.

Afirmo aqui mais uma vez que não sou partidário mmi solidário com as doutrinas políticas do Sr. Cunha Leal, mas entendo que S. Ex.a fez ouvir a voz do bom senso, e que essa voz tenha mostrado- o caminho, a passagem decente para toda a gente poder, querendo, limpamente, airosamente, sair deste infeliz incidente, caracterizado por qualquer cousa de misterioso e enigmático a propósito do qual se fizeram afirmações, no meu entender, absolutamente inconvenientes.

Isto não é querer empanar o brilhantismo do facto conseguido com elementos insuficientes, abraçado entusiasticamente não só pela população da capital, mas também pela população dum País inteiro que, não gostando muito de alargar os cordões à bolsa, concorreu, à porfia, espontaneamente, com um volume avultado de dinheiro para os aviadores ultimarem a tentativa começada. Não curo de saber se foram monárquicos ou republicanos; foram portugueses.

Ao conhecer-se a notícia do resultado feliz, há um facto lamentável, em que pode fazer-se censura merecida às pessoas qiie estavam a tratar da comemoração.

Lamento que se atordoassem os ouvidos, se esgotasse a paciência, se pertu-basse a tranquilidade e se prejudicasse a saúde de milhares de pessoas, com o bombardeamento — parece que esto País tem o destino de só comer pólvora e fumo e só estará bem a respirar dinamite— pelo estoirar de inúmeros morteiros em Lisboa de noite, alta noite, toda a santa noite, ao chegar a notícia do resultado brilhante, anciosamente esperado, glorioso para o País,, desse passeio a Macau.

O que se fez é inclassificável; o que se continuou a fazer nos dias seguintes inclassificável é também.

Não sei se foram também deitar morteiros para o pequeno largo defronte do Hospital de S. José, mas sei que adoeceram, ou foram muito incomodadas pessoas que têm os nervos destrembelhados, a vida atormentada por dificuldades e perturbações constantes, sem a menor contemplação pelos nervos dessas pessoas, pela saúde dos que passaram a noite em claro.

Não me queixo por ter sido pessoalmente molestado. Dormi como um justo desde a l hora até às horas 8 da manhã porque ainda tenho a felicidade de poder dormir 7 horas a seguir, mas houve pessoas da minha família que não pregaram t olho, e entre essas duas crianças doen-" tes.

Se isto aconteceu no ambiente estreitíssimo da minha família, quantos centenares de pessoas veriam a sua saúde, a sua tranquilidade, o seu sossego perturbados por- uma série ininterrupta quási de detonações que puseram sobressalto a cidade como se estivesse a sofrer um bombardeamento !

Estas são as verdades, e nunca tenho receio de as dizer, apesar do Sr. Pereira Osório pensar que eu posso vir aqui neste caso fazer política, estreita e ruim política, quando friso incidentes e aponto factos que S. Ex.a não pode contestar.

Mas, Sr. Presidente, derivei um pouco o fio do meu discurso pela interrupção e gargalhada do Sr. Pereira Osório.

O Sr. Pereira Osório: — Eu garanto a V. Ex.a que não ri.

O Orador: — Alguém riria ao mesmo tempo.

As minhas faculdades de audição são tam defeituosas que quando S. Ex.a falou, e ouvi a gargalhada, julguei ter sido do meu ilustre interruptor. -

Culpa dos meus ouvidos, dando-me a impressão de ter-se S. Ex.a rido justamente quando fiz referências ao general Sr. Eoberto Baptista, quando afirmei que S. Ex.a tinha deixado o comando da divisão sem ninguém ter sabido porquê, não o sabendo talvez mesmo S. Ex.a