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Sessão de 22 de Julho de 1924

culum vitae, e nos lembremos ainda de ter V. Ex.a já tido a honra de fazer parte dos corpos gerentes, se não foi, como penso, presidente das Juventudes Católicas'—caísse num extremismo avançado a ponto de presidir a um comício em que se fazem afirmações de comunismo.

O Sr. Ramos de Miranda (interrompendo) — Não me consta tal, e tenho a dizer a V. Ex.a também que nunca fui membro de qualquer irmandade e que não permitirei que V. Ex.a continue com as suas-asserções.

O Orador: — A negação é sempre fácil, e como não tinha contado com V. Ex.a nessa época, só há muito pouco tempo tendo a honra de estar sentado aqui defronte' do seu lugar, é possível não serem as informações vindas ao meu conhecimento absolutamente verídicas.

Mas se V. Ex.a contesta que foi presidente da Juventudes Católicas, e membro de qualquer irmandade, aceito a sua negação; não. tenho elementos para a contraditar.

Em todo o caso espanto-me.

O Sr. Ramos de Miranda: — Pois eu afirmo a V. Ex.a...

O Orador: — Não ouço o que V. Ex.a diz.

O Sr. Ramos de Miranda: —V. Ex.a não ouve porque não lhe convém. V. Ex.a tem feito afirmações que não tem direito de fazer.

O Orador: —V. Ex.a não tem o direito de duvidar quando afirmo ouvir mal. Sabe de sobra, sabem todos os nossos colegas que quando quero ouvir vou para junto do orador.

O Sr. Ramos de Miranda:—Eu torno a dizer a V. Ex.a aqui bem perto:

Nunca pertenci a irmandade nenhuma e nunca fui presidente de nenhuma associação católica, como V. Ex.a disse.

O Orador: — Não é cousa que fique mal a ninguém.

O Sr. Ramos de Miranda:—E deixe-me V. Ex.a dizer: não o fui nem nunca o se-

ria porque não admito que o catolicismo entre na política com a sua interferência.

O Orador: — O livre pensadeirismo. é que deve entrar.

V. Ex.a não admite isso; contudo, V. Ex.a não pode contestar ser Sua Santidade o Papa o maior poder político do mundo. Não entrando na política ó o maior poder político do mundo, .como S. Ex.a o Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa, não entrando na política, representa o maior poder político do país.

O Sr. Ramos de Miranda:—Não traga V. Ex.a para aqui essas discussões que são muito melindrosas.

O Orador: — V. Ex.a ó que tem a culpa.

V. Ex.a contestou as minhas afirmações; achei boa a contestação; V. Ex.a insistiu...

O Sr. Ribeiro de Melo: — Quere V. Ex.a um conselho? - E continuar.

O Orador:—Bom. Já que V. Ex.a não quere ouvir referências a uma questão de mudança de convicções não insistirei. Creio que V. Ex.a não poderá contestar o facto de ser coronel do exército português.

Cuido não faça muito bem à sociedade e à jerarquia militar dizer-se que um coronel do exército, com obrigações de correcção e ponderação, foi fazer diante da escumalha da sociedade certas afirmações, sujeitando-se a enxovalhes assim relatados nos jornais:

Leu.

É isto que me chocou e choca toda a gente.

Deixemos o incidente que parece estar a desagradar ao Sr. Eamos de Miranda e passemos a outro assunto.

Desejo também chamar a atenção do Governo, sentindo não o ver presente, 6 dos Srs. Senadores pelo ''distrito da Leiria para o que vem relatado no jornal O Mensageiro.

Leu.

Será isto verdade?