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Diário das Sessões do Senado

Ora eu, vou permitir-me ler à' Câmara pequenos trechos, deste magistral artigo, para que a Câmara veja que não sou eu, monárquico, mas um velho republicano, que ainda hoje se orgulha de o ser.

O Sr. Ribeiro de Melo :—Já mudou?!

O Orador:—Não mudou; este é que está dentro dos seus princípios, este é que admira a Eepública naquela pureza que V. Ex.a idealiza.

O Sr. Ribeiro de Melo:—O que eu julguei foi que V. Ex.a fosse agora republicano.

O Orador: — Não mudo nunca, Sr» Ribeiro de Melo.

V. Ex.a afiança que S. Ex.a tenha mudado, eu afianço que não.

As afirmações dele, neste artigo, são categóricas.

Lamento que V. Ex.a não leia este artigo.

E a mim, Sr; Ribeiro de Melof não me custa absolutamente nada aplaudir uin republicano, quando ele é digno de aplausos.

Ora diz aqui o Sr. Dr. Trindade Coelho:

a A primeira versão —verdadeira ou falsa— cai pela base. Tendo sido os presidentes das diversas conferências, os únicos que apresentaram os oradores, com que direito ou com que moral podem ser responsabilizados, quer pelas palavras do conferente quer pelas do presidente, dois homens que se limitaram a secretariar e a ouvir?».

E fantástico, mas é assim mesmo. Pausa.

O Orador:—Mas, Sr. Presidente, a perseguição vai mais longe:

«Suspenso, sem ser ouvido regularmente, o Sr. Dr. Aristides da Mota; transferidos, sem serem ouvidos regularmente, os Srs. Bicudo e Câmara; já exprobadas estas prepotências inqualificáveis por um dos Deputados pelos Açores, o Sr. Jaime de Sousa».

É absolutamente fantástico que se salte assim sobre a Constituição, sobre o lema da liberdade que estão proclamando cons-tantemente e ainda procuram proclamar, apesar de a violarem todos os dias.

Muito podre deve estar a República, para se assustar por tam pouco.

Dois modestos funcionários, aliás de um serviço autónomo, não tinham que estar às ordens do governador civil.

i Veja V. Ex.a como tudo isto anda de pernas para o ar!

.Naturalmente essas perseguições continuarão, e o Poder Central, tolera e admite que isso se faça!

Diz mais o Sr. Trindade Coelho:

«Se um simples relatório de acusações oficiais, é bastante para o castigo de um funcionário,

Será duro, mas é dito por uma grande autoridade no jornalismo, por um homem de grande inteligência e de grande coerência.

Aí tem V. Ex.a a energia, a correcção e o excelente português com que um republicano de carreira verbera um facto que também verbero, chamando para tal abuso a atenção de V. Ex.a e do Senado.

O Sr. Constantino dos Santos:—Re-queiro a V. Ex.a, que consulte o Senado, sobre se permite que o projecto de lei-n.° 698, entre imediatamente em' discussão.

É aprovado este requerimento.