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4.

Diário das Sessões do Senado

oradores que me precederam se referiram a essas qualidades.

Vou referir-me a um facto que talvez poucos conheçam, e que dá bem a medida de quem era o general Tamagnini de Abreu.

Trata-se dum facto que se pode dizer histórico, mas que poucos, como disse, conhecem, e que foi passado quando o general Tamagnini de Abrea comandava a 5,.a divisão.

Eu era o chefe dos serviços de saúde dessa divisão; vivia com ele a vida profissional, conhecia-lhe as grandes qualidades profissionais e, além disso, um grande carácter, carácter extraordinário e bom, como mostra o facto que voa narrar.,

Em Dezembro de 1918, na segunda noite depois da morte de Sidónio Pais, desenhou-se em Coimbra uma espécie de conspiração contra os republicanos da cidade, principalmente contra os dirigentes dos partidos. De modo que, pelas nove da noite, alguns oficiais de quem eu não quero citar os nomes, e tendo até atraiçoado a família com nome liberal, aliciavam sargentos e populares para assaltarem as casas dos republicanos em evidência.

Estava em minha casa, desconhecendo completamente o que se passava na cidade baixa.

Chegaram lá alguns amigos e aconselharam-me que era melhor sair. Eu não estava lá muito por isso, mas a família pediu-me que saísse.

Efectivamente, nessa noite saí de casa. Sube então o que se tinha passado.

Um destes oficiais chegou ao quartel general e disse para Tamagnini de Abreu:

G-eneral, esta noite V. Ex.a não tem ouvidos, nem tem olhos.

Ele compreendeu. o alcance desta inti-mativa Q} levantando-se, di$se:

Esta noite é que eu hei do ter muitos ouvidos e muitos olhos.

E imediatamente deu ordens terminantes para que a cidade fosse bem policiada.

Foi-o de tal maneira que os distúrbios não se produziram.

Por este facto devem os republicanos de Coimbra, gratidão à memória de Tamagnini de Abreu, porque evitou nessa noite um 16 de Dezembro, que seria se-

melhante ao que foi depois o 19 de Outubro.

Associo-me com todo o pesar, em nome do • grupo parlamentar de acção republicana, k proposta de V. Ex.a

Parece que o país anda debaixo de uma atmosfera de luto.

O orador não reviu.

O Sr. D. Tomás de Vilhena:—Em nomo deste lado da Câmara, associo-me ao voto de pesar que V. Ex.a propõe pelo falecimento do general Sr. Tamagnini de Abreu, um militar muito distinto, ilustrado e pôs--suídor de muitas e apreciáveis qualidades de comando.

Teve a honra de comandar o nosso corpo expedicionário na Grande Guerra, encargo cheio de graves responsabilida-des para o desempenho do qual se requisitava qualidades verdadeiramente excepcionais.

Da forma como se desempenhou desse encargo demonstraram-no o Governo Português que o condecorou com a Grã-Cruz da Torre e Espada e os Governos Inglês, Francês e Belga que lhe prestaram homenagem concedendo-lhe o melhor das suas condecorações.

O Sr. Roberto Baptista:—Sr. Presidente : em meu nome pessoal, associo-me com profundo pesar, com sentida comoção, ao voto de sentimento proposto por V. Ex.a

O. general Tamagnini de Abreu era, de facto na nossa sociedade uma figura de destaque.

Não era só um oficial muito ilustre, era um verdadeiro homem de bem (Muitos apoiados) o que ainda hoje, para todos nós, representa alguma cousa.

No momento em que foi decidida a nossa participação no teatro de operações ocidental da Grande Guerra, o Governo de então escolheu o general Tamagnini de Abreu para comandar a primeira divisão que constituia a divisão de instrução, e mais tarde para cçmandar o Corpo Expedicionário Português.