O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

8

Diário das Sessões do Senado*

gistrado num tribunal. Organiza o processo, colhe informações rápidas e despacha. Se a sua decisão não corresponde às aspirações do país, se não é tam acertada quanto seria para desejar, isso é secundário, porque ninguém pode t?r a pretensão de proceder com absoluta justiça; rnas o que se não pode nunca em casos desta natureza é protelar, é adiar, é agravar um conflito.

Um outro ponto, ainda dependente desse mesmo Ministério, sobre o qual seria conveniente que dos meios oficiais surgissem informações tendentes a esclarecer . aqueles que neste momento têm dúvidas, ou diversas-apreensões, acerca da forma irregular como correm certos serviços dependentes do Estado: ó o que se refere à Administração do Porto do Lisboa.

O Diário da Tarde por mais de uma vez tem tratado deste assunto acusando os administradores do Porto de Lisboa de, no exercício das suas funções, não cumprirem os deveres do seu cargo, os deveres que a lei lhes impõe.

A imprensa acusa essa Administração de ter adquirido um automóvel pela quantia de 61 contos quando estava somente autorizada a gastar nessa aquisição 55 contos.

Deve hoje entrar em discussão a proposta dos duodécimos; lá vêm consignadas três verbas do 60 contos, cada uma, para a compra do três automóveis.

Sr. Presidente: não sou negociante de automóveis, nem agente de nenhuma das casas dessa especialidade comercial, nem estou em contacto com quaisquer delas, mas por estas conversas onde se houve falar da grande afluência de automóveis à cidade de Lisboa e • dos preços que actualmente custam os serviços desse meio de transporte, sou levado a concluir que nem a verba de 61 contos que se despendeu com a compra dêsso automóvel, nem a verba autorizada de 55 contos de-viaiH ser empregadas na aquisição de um objecto daquela natureza.

Um automóvel de 60 contos é hoje um objecto de luxo.

Um Estado paupérrimo como o nosso, que não tom dinheiro, infelizmente, para obras de assistência que são aquelas que mais nos deviam preocupar, para socorro principalmente dos hospitais (muitos apoia-

dos} e outras casas de idêntica natureza onde alguns desgraçados vão passar os, últimos dias da sua vida sem terem uma luz que os ilumine, ou um pouco de alimento que satisfaça os seus desejos e as suas necessidades; um país que tem uma vida financeira amargurada, e em que sã encontram pelas ruas da sua capital centenas, milhares, do nossos concidadãos a estender a mão à caridade pública e a quem a polícia nas rusgas prende, para no dia imediato pôr em liberdade,, por-' quanto na sua grande maioria se reconhece que elos não têm as condições da saúde precisas para obterem os meios de subsistência. Ora num meio em que pululam os miseráveis, os desgraçados ; num. país onde os hospitais não têm dinheiro suficiente para adquirir gelo destinado a combater determinadas enfermidades, ondo a alimentação éxleficientíssima, onde as bexigas destinadas a conter o gelo, estão quási todas rotas, dando como consequência os doentes piorarem em vez. de melhorarem.

O Sr. Presidente : — S. Ex.a está a falar há 22 minutos o estão inscritos mais. Srs. Senadores para usarem da palavra antes da ordem do dia.

S. Ex.a permita que os outros oradores falem.

O Orador: — V. Ex.a é que manda. Nosse caso tenho dito. O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Justiça e dos Cultos.

(Catanho de Meneses) : — Sr. Presidentes embora o ilustre Senador Sr. Joaquim Crisóstomo não pedisse para transmitir as suas considerações, devo dizer a S.. Ex.a que sinto como colega do Sr. Ministro do Comércio, nesta Câmara, S. Ex.3-não Lho houvesse feito uma interpelação sobre o assunto que primeiro versou. Dir-me há que o assunto era de uma simplicidade extrema, que não valia a pena lazer uma interpelação. A essa observação, que seria natural, respondo a S..Ex.a' naturalmente que, se o assunto não fosse de importância magna, certamente S. Ex.* não levaria tanto tempo a versá-lo.