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1104 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 103

Novas indústrias, porque a água e o desenvolvimento da electrificação e da rede de estradas favorecerão o seu estabelecimento, em correlação com a produção agrícola, pecuária e florestal.

II

Exame na especialidade

a) O Plano do ponto do vista técnico

27. A Câmara considera os elementos técnicos do Plano suficientes para justificar a viabilidade da realização das obras previstas.
Assim; merecem a sua aprovação os esquemas dos rios Mira e Gaia. Quanto ao Roxo, julga ser conveniente que se estude atentamente esto aproveitamento, diligenciando-se evitar o grave prejuízo que representaria a perda de enorme faixa dos melhores terrenos do Alentejo com o afogamento dado pela albufeira.
No que diz respeito ao Ardila, que está subordinado ao aproveitamento do Guadiana nacional, o esquema deste aproveitamento deve ter prioridade, de modo a conhecer-se com segurança o melhor caminho técnico para o projecto definitivo do primeiro daqueles rios.
Sobre o aproveitamento Crato-Alter, integrado no grupo de aproveitamentos do Alto Alentejo, de áreas a irrigar mal conhecidas, a realização respectiva deve ser adiada para quando possa elaborar-se um projecto devidamente fundamentado.
Também pensa a Câmara que convém dar forma definitiva aos esquemas do Alto e do Baixo Alentejo com a brevidade possível, atendendo à conveniência de se evitarem grandes bombagens nos anos secos, de pesados encargos para a exploração.

b) O Plano do ponto do vista económico

28. O Plano apresentado pretende, regar, por meio de grandes barragens, 161700 ha de terreno, estimando o custo das obras em 5 270 000 contos, ou sejam 32,59 coutos por hectare regado.
Não impressiona o montante do investimento, porque ele se destina a beneficiação hidroagrícola de enorme superfície da parte central do Alentejo, à qual se pretende assegurar uma razoável garantia de defesa contra as incertezas da produção, que a rega proporciona em parte.
Sabe a Câmara Corporativa que na apreciação do alto valor do Plano de rega do Alentejo, como agente de criação dê riqueza e bem-estar social, não poderá deixar de estar presente a posição de Portugal quanto ao nível de alimentação da população do continente, constante da estatística registada na O. E. C. E., de que somos membros, entre catorze países da organização, com base em recente comunicação distribuída.
Segundo essa publicação, são os seguintes os consumos por habitante:

a) Cereais panificáveis - mantemos o primeiro lugar, depois da Turquia, com 58,6 kg por habitante antes da guerra e 71,4 kg no decurso do I Plano de Fomento;
b) Carne - temos o lugar mais baixo, com l0 kg antes da guerra e 16,2 kg no decurso do I Plano de Fomento;
c) Leite - ocupamos o último lugar, com 8,9 l antes da guerra e 14,91 depois;
d) Queijo - temos o penúltimo lugar, com 0,9 kg antes da guerra e 1,2 kg depois;
e) Manteiga - ocupamos o último lugar, com 0,4 kg antes da guerra e 0,6 kg depois;
f) Proteínas de origem animal - em percentagem do total de proteínas temos o 12.º lugar, em 14, com 34 por cento antes da guerra e 32 por cento depois (1).

Também é motivo, e forte, de reflexão a posição do armentio do continente.

A estagnação que o quadro seguinte revela não é tranquilizadora e o facto resulta em grau apreciável do preço da carne, que é de fraco estímulo para o agricultor.

[ver tabela na imagem]

Mais uma vez ocorre a necessidade instante de criar no meio rural uma indústria de produtos agro-pecuários que estabilize a população em condições de vida de dignidade económica.
O exemplo de toda a parte onde a industrialização pode ser procurada para modelo é que jamais podem existir indústrias florescentes onde a agricultura é pobre e decadente.

29. O Plano propõe, conforme se viu, a rega de terrenos distribuídos por cinco grupos, assim definidos e ocupando as seguintes percentagens do total:

24,6 por cento do grupo A - solos de aluvião profundos, de estrutura franca e bem estruturados, e outros solos que apresentam condições de produtividade- semelhante;

11 por cento do grupo B - solos de textura argilosa e argilo-limosa, que possuem suficiente profundidade ; 6,6 por cento do grupo C - os que requerem cuidadoso enxugo; 32,2 por cento do grupo D - os de textura arenosa; 25,6 por cento do grupo E - os que, devido à sua menor profundidade e fertilidade, têm o nível de fertilidade mais baixo.
Verifica assim a Câmara que os solos de menor fertilidade, ou requerendo obras de drenagem, ocupam 64,4 por cento da área total. Sabe-se, porém, que foram os serviços do Plano de Fomento Agrário, hoje Serviços de Reconhecimento e Ordenamento Agrário, que julgaram aptos todos estes terrenos, e que, ainda que em pormenor, serão revistos criteriosamente quais os terrenos a regar, quando forem elaborados os pro-

(l) E de notar, porém, que estas posições não podem atribuir-se sem reservas ou por forma generalizada de circunstância de serem insuficientes as produções. O excesso de produção de manteigas, leite, gorduras animais, o ate de carne, tem ultimamente trazido preocupações e dificuldades apreciáveis.