O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

632 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 65

2) Electricidade

4. No período 1953-1962, o crescimento do consumo de electricidade processou-se à taxa anual cumulativa de 11,4 por cento Esto elevado ritmo de crescimento contribuiu para uma subida do índice de consumo por habitante de 141 kWh (1952) paia 390 kWh anuais, progresso importante, mas que ainda demanda um grande esforço paia atingir o nível dos países industrializados do Ocidente europeu
E de notar, entretanto, que a evolução destes índices só muito escassamente pode ser influenciada pelos programas e políticas do próprio sector da electricidade, dada a sua estreita dependência dos restantes factores do progresso económico Assim, a contribuição fundamental deste ramo energético para a expansão da economia nacional consistiu em ter podido satisfazer, sem restrições, a natural expansão dos consumos permanentes, graças a um aumento da potência instalada de 541 MW para 1179 M W ao longo do decénio.

5. O referido aumento dos consumos fez passar a participação do sector no produto interno bruto de l,3 por cento paia 2,3 por cento, nos anos extremos do decénio A formação bruta de capital fixo progrediu à taxa anual cumulativa de 9,6 por cento e representava, em 1962, 22,9 por cento da formação de capital na indústria e 9,4 por cento da formação de capital no conjunto da economia metropolitana, contra 30,1 por cento e 10,2 por cento, respectivamente, em 1953
Em relação ao produto nacional bruto a preços de mercado, a formação de capital no sector, depois de ter passado de 1,5 para 1,7 por cento na primeira metade do período, mostrou tendência regressiva nos três últimos anos, de novo com um valor médio de 1,5 por cento A confirmar-se esta tendência, ela estará em desacordo com o que se tem verificado noutros países, em que é normalmente crescente a parte do rendimento nacional distraída para a formação de capital no sector da electricidade Mas tem de contar-se com uma possível explicação, decorrente da progressiva intensificação da componente térmica, a qual, dada a sua menor intensidade capitalista, enquanto se estiver processando poderá também afectar favoravelmente o coeficiente capital-produto no sector.

6. Quanto ao volume de emprego no sector eléctrico, mede-se por uma média anual de 11 700 pessoas empregadas nas instalações eléctricas de serviço público, correspondendo a um total de remunerações de 280 700 contos. Mas, além destes quadros das empresas, estima-se em cerca de 10 000 o número de pessoas anualmente empregadas na construção dos grandes aproveitamentos hidroeléctricos e actividades acessórias, recebendo um valor de remunerações anuais não inferior a 200 000 contos.
A importância deste volume de empregos criados, associada a incidência motriz das realizações do sector sobre a indústria nacional, hoje capaz de exceder os 90 por cento de participação na construção dos aproveitamentos e das linhas de transporte, tem de estar presente ao planear a ritmo de construção das intuías obras hidroeléctricas, como condicionamento e escolha do mais conveniente equilíbrio hidráulico-térmico.

7. O sistema eléctrico nacional tem vindo a caracterizar-se por uma forte preponderância da produção de origem hidráulica, que se tem cifrado na ordem dos 90 por cento A assimetria geográfica da distribuição dos grandes sistemas produtores, dois dos quais - Cávado e Douro internacional - se situam nos extremos do continente, implicou o estabelecimento de linhas de transporte de grande extensão, no Norte e para o Centro do País. Tal facto contribuiu para melhorar o índice de cobertura do tem tono pela rede de alta tensão, que passou de 0,107 km/km2 em 1952 para 0,213 em 1962, mas contribuiu também, ao mesmo tempo, para uma descida na relação rede de grande distribuição/rede de transporte.
O progresso realizado no estado de electrificação do País fez baixar de 57 para 36, ao longo do decénio, a percentagem de freguesias por electrificar Reparando em que se consideram «electrificadas» as freguesias desde que, na sua sede, exista uma rede pública de distribuição, não é de estranhar o baixo nível de capitação do consumo, ao qual se junta uma forte heterogeneidade da respectiva distribuição geográfica- a faixa litoral que vai do distrito de Braga ao de Setúbal, correspondente a um terço da superfície do continente, contém 65 por cento da população, mas absorve 90 por cento da energia eléctrica consumida - assimetria que tem vindo a acentuar-se.
Esta situação está na base do chamado «problema da electrificação rural», que o Plano procura enfrentar na lúbrica de investimentos para a valorização rural do capítulo de «agricultura, silvicultura e pecuária»
8. Examinando, a luz da experiência de outros países, a evolução do crescimento dos consumos que se tem verificado em Portugal, é de prever que estejamos entrando numa fase de lento declínio, mas conta-se com taxas anuais ligeiramente superiores a 10 por cento ainda durante cerca de um decénio.
Para prover a este rápido crescimento do consumo, continuará a aproveitar-se a pai te restante dos recursos hídricos, mas tanto a maximização da rentabilidade dos novos aproveitamentos, como a relativa limitação da capacidade constitutiva e dos respectivos meios de financiamento, implicarão um inevitável incremento do programa térmico e a necessidade de uma eficaz distribuição desta crescente produção de electricidade, acelerando sensivelmente o esforço de electrificação do País nos próximos anos.

6) Combustíveis

9. No decénio de 1953-1962 os carvões explorados em Portugal continental registaram os seguintes volumes médios de produção anual.

Antracites 447 300
Lignites 126 000

Estas médias caracterizam bem o que se passou no período, pois a ordem de grandeza das produções tem-se mantido, com excepção do acentuado aumento na produção de lignites verificado em 1956.
A produção de aglomerados acusou regressão constante, situando-se na ordem das 45 000 t em 1962, contra 84 000 t em 1953 Também tem diminuído a produção de coque resultante do abastecimento de gás à cidade de Lisboa (18 000 t em 1962), em virtude da progressiva substituição da sua origem pelos gases de petróleo
A importação de antracites e bulhas acusa tendência geral decrescente, com valores da ordem das 10 000 t e 85 000 t, respectivamente, no final do período em análise A importação de coque, que vinha igualmente a decrescer, subiu muito a partir de 1961, como resultado natural do arranque da Siderurgia Nacional, situa-se actualmente em cerca de 200 000 t anuais
Os carvões nacionais concorreram, assim, com cerca de 58 por cento da tonelagem e, aproximadamente, 50 por