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17 DE NOVEMBRO DE 1964 869

teressado e os modos de actuação, ou sejam as técnicas. Mas por uma conjugação de circunstâncias em que ela mesma, Universidade, também é responsável, vê-se como que posta de lado, no momento actual, relativamente à sua função primeira e tradicional de formar os dirigentes da sociedade, ao menos quanto a alguns dos postos e tipos de direcção - foi assim com os chefes religiosos e militares, irá acontecer também, com os dirigentes das empresas, nem sequer chegou a ser posto o problema quanto aos leaders sindicais, poderá amanhã revelar-se com a máxima agudeza diante de algum instituto novo, e também extra-universitário, para formar os políticos.
Voltando aos dirigentes de empresa: de que não há dúvida é da relevância social das funções por eles exercidas, comandando os exércitos de homens na labuta diária e acumulando meios poderosíssimos de acção organizada; assim como não se vê bem a razão por que não há-de caber a alguma Faculdade ou instituto universitário este tipo de formação, quando se sabe estarem na base das técnicas de gestão e administrativas exactamente as disciplinas que na Universidade se ensinam e desenvolvem, como a Psicologia e a Sociologia, o Direito, a Economia ou a Ciência Política - já não referindo as Matemáticas e alguns dos seus ramos mais modernos, como a Estatística e a Programação.
A Câmara vê com inquietação esta tendência para proliferarem institutos ditos superiores, mas como que arrancados à Universidade; e mesmo quando não fiquem eles comprometidos em qualidade, sempre se está a contribuir para desprestígio daquela instituição e a tirar-lhe estímulos e meios para a renovação, que é imperioso promover. Formula-se, pois, o voto de que vá para a frente a ideia de haver onde formar, em nível superior, dirigentes e administradores para as empresas, tanto do sector privado como do sector público; mas que isso aconteça dentro da Universidade, seja adaptando cursos em escolas existentes, seja criando Faculdades ou, simplesmente, especializações novas.
Mas, dir-se-á, a Universidade não se molda às novas exigências; nem está mentalizada ou estruturada para receber também homens já lançados e prestigiados na vida que não podem ser levados a sentar-se em bancos escolares; e não tem largueza para remunerar especialistas bem pagos nas actividades profissionais correntes; nem maleabilidade para os fazer. ascender aos postos docentes sem os submeter ao processo clássico dos graus e provas para recrutamento; está, sobretudo, desligada da vida concreta, dos problemas «práticos» ... De nada disto se discorda; apenas há a acrescentar que são precisamente todas estas as críticas que há para fazer à Universidade, mas em geral, e não sòmente a propósito de eventuais cursos de administração de empresas; e como o que se quer não é deixar morrer a instituição, antes reedificá-la, porque não dirigir para essa renovação tão urgente os meios materiais e, sobretudo, as ideias, o estímulo e decisão, e alguns homens com que, porventura, se contava já ao anunciar a fundação do novo instituto?

81. Não se terminará esta análise dos problemas de desenvolvimento industrial sem ensaiar uma referenciação mais pormenorizada aos vários grupos ou sectores de indústria. E um modo de incentivar a colaboração do sector privado, e a Câmara está informada do que representou de válido e, mesmo, entusiástico, essa colaboração. E a palavra de orientação que pode formular-se é apenas de apoio ao Governo para novas e mais amplas e seguras iniciativas da mesma natureza, iniciativas que ficaram a dever-se, desta vez, os titulares da pasta da Economia - o anterior e o actual.
Seguir-se-á ràpidamente o enunciado de situações, problemas e perspectivas que vem inserido em anexo ao projecto do Governo.
No sector das indústrias extractivas, a leitura dos pontos em que se sumariam todos os estudos feitos leva à conclusão de que tudo - ou quase - dependerá da reorganização da Direcção-Geral de Minas; pois é esta entidade que deve classificar as substâncias e atribuir as concessões, e que há-de proceder à prospecção das não concessíveis, e que estudará nova legislação mineira e; sobretudo, que terá de orientar e estimular as empresas privadas, chamando-as a uma colaboração que é de extrema urgência e vantagem para elas e para à economia nacional.
Todavia, lê-se no relatório do Grupo de Trabalho n.º 2, na parte referente a esta actividade:

... não se percebe como é que a D. G. M. S. G. poderá trabalhar certo com um quadro de pessoal que já vem do século passado, dispondo actualmente (fora os serviços geológicos e o S. F. M., com funções específicas) de menos de meia dúzia de engenheiros e pouco mais de agentes técnicos para informar processos, fiscalizar, estudar, orientar a actividade de todas as minas e pedreiras, desde o Minho ao Algarve!

E ainda é importante reter outra dificuldade, neste momento de preparação de um novo impulso de fomento - que nesta actividade se pretende seja dos O por cento para 6,5 por cento ao ano -, e dificuldade que tem a ver com o pessoal:

... os engenheiros estão impedidos pela natureza e ética dos serviços de colherem benefícios da actividade profissional de carácter (particular. [...] A inferioridade e situação de iniquidade sentida perante os colegas [...] não constituem atracção para novos nem estímulo para os actuais, e já não concedem apoio firme para exigências de aplicação e interesse continuados. Claramente perguntamos se é lícito esperar que um licenciado em Engenharia, servindo .há uma dezena de anos, viva conformado, ele e os seus, com 3731$ de vencimento líquido mensal; mesmo com 6000$, se for afortunado bastante para alcançar 1.ª classe aos vinte anos de serviço ...

Repete-se: o progresso neste sector dependerá, fundamentalmente, da acção e capacidade técnica do departamento oficial competente - que é esta Direcção-Geral de Minas.
Nas indústrias alimentares e das bebidas apontam-se como problemas básicos: as deficiências de abastecimento em matérias-primas (má qualidade, para as conservas de carne e massas, escassez ou irregularidade nos lacticínios e conservas de peixe, maus circuitos de distribuição do açúcar para bolachas, chocolates e confeitaria, e preços elevados ou artificiais ainda do açúcar, das farinhas e das sêmolas); e também a má estrutura e exígua dimensão das empresas.
Nas indústrias têxteis, do vestuário e do calçado avultam as queixas relativas ao abastecimento em algodão (preço, disponibilidades e classificações), e ao custo dos fios artificiais e sintéticos;, aponta-se a dispersão de unidades dos lanifícios; refere-se a carência de pessoal qualificado e a indisciplina no acesso à indústria, no caso do vestuário; e a reduzida dimensão das fábricas e, dentro destas, das séries, quanto ao calçado.
Sobre as indústrias químicas apontam-se, como principais estrangulamentos, «a falta de um estudo de con-