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420 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 49

das outras, provàvelmente abaixo do mínimo que lhes seria necessário. Por exemplo um indivíduo com o 7.º ano liceal apresenta-se a um concurso de voluntários onde se exige o equivalente ao 1.º ciclo como necessário para uma determinada formação técnica. Como o excesso de habilitações que possui o coloca à cabeça dos outros concorrentes, é admitido, mas como o 7.º ano é a qualificação inicial para oficial combatente, de que se supõe haver carência, foi-se desfalcar ainda mais este quadro, sem evidente benefício para a especialização que considera suficiente o 1.º ciclo. Pior que isso proporcionou-se uma fuga. Parece que a solução será enquadrar os habilitações que qualificam para uma dada especialização não apenas a partir de um mínimo, mas também até um máximo.
É um dos pontos a ter em atenção. O outro ponto será o da equivalência das habilitações. Voltemos ao exemplo anterior e consideremos, por hipótese, que a especialidade do concurso era de mecânica e a ele concorreram vários indivíduos com o curso de formação de serralheiros Porque, no conjunto, todas as habilitações se equiparam, segundo uma tabela de equivalências, estes homens com uma qualificação profissional adequada seriam preteridos pelo outro com o 3.º ciclo dos liceus. À fuga juntava-se ainda um mau aproveitamento das habilitações profissionais, além do prejuízo para as forças combatentes. A solução seria, segundo parece, reservar, na medida do possível, a qualificação para aqueles efeitos aos indivíduos provenientes dos campos de actividade ou de formação que lhes são correspondentes.
A adopção de semelhantes disposições disciplinaria o aproveitamento do pessoal, assegurando mais perfeita distribuição entre as forças armadas.

12. Um outro aspecto que julgamos de assinalar com louvor é a mais larga amplitude deixada para a obtenção dos diplomas de nível universitário, permitindo assim que se não perca tão grande número de estudantes cuja chamada ao serviço militar nas circunstâncias actuais corresponde a um afastamento do estudo por demasiado tempo, o que, salvo algumas excepções, origina o seu abandono definitivo. As nossas já apontadas deficiências em indivíduos formados merecem, na verdade, que se assinale esta iniciativa das forças armadas em perfeita compreensão da sua função nacional.
Mas julgamos também que seria de considerar uma medida semelhante para o ensino técnico. Sabe-se que a este se destinam normalmente alunos de recursos pecuniários limitados e que, em muitos casos, a frequência dos cursos é feita a par do árduo trabalho diário para a obtenção do pão de cada dia. É uma ascensão lenta, feita de esforço e sacrifício, uma escalada que não pode ser tão rápida como a dos alunos normais - e indubitàvelmente deve merecer a nossa admiração e o nosso amparo.
Naturalmente que não podem admitir-se excepções para todos os casos, mas não custa aceitar que os indivíduos que só necessitem de um ano lectivo para terminar qualquer dos cursos médios possam beneficiar da possibilidade de adiamento por um ano da prestação de serviço. Se, por um lado, lucram os que se encontram nessas condições, beneficia também a Nação, sem prejuízo que se afigure pesado ou mesmo efectivo para as forças armadas.

13. Dentro ainda desta apreciação genérica, focando alguns aspectos do aproveitamento do pessoal, analisar-se-á em seguida a selecção dos quadros das unidades combatentes.
Vivemos 40 anos de paz (o correspondente a quase duas gerações), durante os quais, necessàriamente, os critérios que presidiram à nossa orgânica militar, à nossa preparação para a guerra, à doutrina e métodos de emprego das forças militares em companha, tudo, enfim, que representa a substância em que assenta a constituição e a preparação dos exércitos, tinha forçosamente de ser inspirado nas experiências alheias e aplicado numa base teórica.
Como as máquinas emperram quando as pretendemos pôr em marcha ao fim de largo tempo de paragem, também os exércitos sofrem as consequências da inactividade na função para que suo criados - a vida de campanha.
A forçada entrada em operações, para mais de tipo tão particular, a partir da trágica manhã de Março de 1961, deveria, portanto, proporcionar uma esclarecida acção de correcção, orientada em dois sentidos fundamentais um o da adaptação dos conceitos teóricos sobre organização e emprego das forças militares à realidade das situações e das necessidades da campanha, outro, o da melhoria dos quadros, pela possibilidade de selecção que era dada em função do único plano de prova que o pode permitir - as operações em campanha. Deixando o primeiro ponto, que não interessa ao assunto em discussão, fixemo-nos com um pouco mais de atenção no segundo.
Estará ainda presente na memória de muitos a época de ausência quase total de meios de acção nas forças militares. As qualidades do graduado chegavam a medir-se apenas pelo timbre das vozes em parada e pelo cintilar dos botões da farda...
Acompanhando um notável e meritório esforço de reorganização e equipamento, deu-se depois um larguíssimo passo no sentido de uma adequada preparação técnica. O padrão do graduado passou necessàriamente a ser aquele para quem, em teoria, os problemas militares e a guerra de gabinete não tinham segredos.
E veio, por fim, a campanha. O chefe militar, de qualquer hierarquia, tem de, essencialmente, ser um condutor de homens, porque, mesmo quando o decidir implica profundo estudo e meditação, a guerra é acção e sacrifício - e são a confiança no chefe e a impulsão anímica que ele sabe transmitir as duas grandes alavancas da vitória.
Não devemos, naturalmente, relegar os ensinamentos do passado, subestimando as virtudes incontestáveis da presença e dos conhecimentos, mas ambos, mesmo quando existam em grau muito elevado, soam a moeda falsa, sem a demonstração iniludível da capacidade de execução operacional em face do inimigo.
Vêm estas considerações a propósito da excepção, prevista na proposta, ao sistema normal de selecção para sargentos e oficiais do quadro de complemento. Admite-se aí que possam vir a ascender a esses postos indivíduos na fase de preparação, ainda sem as habilitações normalmente requeridas, mas que revelem outras aptidões que os recomendem. Ora parece à Câmara que deveria ir-se bastante mais longe, prevendo o acesso àquelas hierarquias, mesmo sem qualquer preparação teórica especial, dos que, por provas prestadas em campanha, revelassem as qualidades de chefia (e também o bom senso e a ponderação de quem é responsável pelo punhado de vidas que comanda) que lhes conferissem esse direito. Quando se tem à mão um processo de selecção real, não pode considerar-se qualquer outro sistema de qualificação, mesmo teòricamente perfeito, como definitivo.
Embora aquele processo esteja fora dos nossos hábitos, acredita-se que é em campanha que os símbolos de mando, mais do que quaisquer outras distinções, se devem ga