986 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 80
13. Indústrias transformadoras. - Tomando como indicador do comportamento da indústria transformadora em 1971 as informações do inquérito, realizado pela Corporação da Indústria, em Março deste ano, ter-se-á observado novo progresso, embora a ritmo menos acentuado do que em 1970, devido eventualmente a certa contracção na procura interna e acumulação das existências de bens manufacturados. No entanto, o grau de utilização do equipamento ter-se-á mantido elevado, parecendo, de forma geral, atenuar-se um pouco as dificuldades com recrutamento de mão-de-obra e com o abastecimento de matérias-primas.
Apreciando as quantidades produzidas nos primeiros meses de 1971, parece poder concluir-se por maiores produções, em grande número de indústrias de bens de consumo, nomeadamente as conservas de peixe, refinação de açúcar, bebidas, tabaco e malhas de fibras sintéticas; as conservas de produtos hortícolas e os têxteis de algodão têm-se ressentido de dificuldades nas exportações.
Os elementos estatísticos disponíveis revelam ainda maiores volumes de produção em 1971 nalgumas produções da indústria química, como pasta para papel e fibras artificiais e sintéticas, da indústria cerâmica e em trefilagem de metais não ferrosos.
Os produtos de madeira reconstituída e de cortiça foram favorecidos pela maior procura externa que para eles se verificou em 1971.
Quanto às indústrias de bens de investimento, a confirmarem-se as previsões formuladas no último inquérito da Corporação da Indústria, continuaram em 1971 a beneficiar de conjuntura expansionista. Na verdade, as encomendas em carteira, quer para o mercado interno, quer externo, têm-se mantido altas para empresas significativas do sector. Merece referir a união de esforços no sentido de melhor aproveitamento das possibilidades; a este objectivo obedeceu a realização do consórcio entre várias empresas com vista à renovação da via e produção de vagões normais e especiais destinados à rede ferroviária nacional.
Na produção siderúrgica completou-se em 1970 o arranque da laminagem a frio, da estanhagem e da galvanização, facto que veio permitir maior actividade produtiva.
A indústria de reparação naval manteve intensa actividade, tendo-se inaugurado no ano em curso a doca gigante que permitirá docar navios de 1 milhão de toneladas deadweight.
Relativamente à construção, o acréscimo de 13 e 23 por cento do número de licenças concedidas, respectivamente, para o total de novas construções e para o de habitações, entre os 1.ºs semestres de 1970 e 1971, é indicador de maior actividade neste sector.
14. Transportes e comércio. - A avaliar pelos dados publicados para o 1.° semestre deste ano, intensificou-se o tráfego total de mercadorias nos portos do continente, tendo-se observado acréscimo no relativo aos navios nacionais.
O número de passageiros-quilómetro transportados por caminho de ferro nos primeiros seis meses do ano em curso foi pràticamente igual ao observado em período análogo de 1970; espera-se que a situação venha a melhorar até final do ano, não devendo, porém, atingir acréscimo superior ao do ano transacto (+2 por cento). O número de toneladas-quilómetro excedeu, no 1.º semestre deste ano, de 5 por cento o registado nos mesmos meses de 1970; não considerando, porém, o transporte de materiais para renovação da via, torna-se mais aparente o comportamento estacionário do tráfego de mercadorias, na linha de tendência que vem sendo observada nos últimos anos.
Continuou a observar-se incremento no transporte das carreiras regulares interurbanas de passageiros.
Os transportes aéreos voltaram a evidenciar expansão em 1971, traduzida por acréscimo sensível no número de aviões que fizeram escala nos aeroportos da metrópole e no dos passageiros embarcados e desembarcados.
A companhia portuguesa concessionária dos serviços aéreos beneficiou desta expansão, elevando-se o número de passageiros-quilómetro e de toneladas-quilómetro de respectivamente, 12 e 24 por cento entre os 1.ºs semestres de 1970 e 1971, acréscimos que, contudo, foram inferiores aos registados no ano anterior.
15. As empresas de transportes, particularmente ferroviário e marítimo, estão cada vez mais empenhadas no processo de reconversão e reestruturação, em face da impossibilidade de suportarem custos de exploração através de métodos convencionais e no sentido de melhorarem o serviço oferecido.
Assim, a C. P. procede à renovação de infra-estruturas e equipamento, bem como a alteração de sistemas de exploração, não se afigurando, por tal facto, admissível prever crescimento sensível neste período transitório, tanto no tráfego de passageiros como na carga transportada.
Também a exploração do tráfego marítimo, não obstante as providências tomadas para melhorar o sistema em vigor, continua a sentir as dificuldades emergentes de deficiências de infra-estruturas portuárias, falta de racionalização da mão-de-obra e subida dos custos.
A evolução da urbanização com desenvolvimento de núcleos perto das estradas e o fomento do turismo têm, de certo modo, contribuído para a expansão do transporte de passageiros por camionagem. Por outro lado, a autorização do aumento de dimensão de veículos de carga e a oferta de percurso porta a porta, aliados a outros factores, terão incentivado os transportes rodoviários de carga. Estes aspectos deixam prever perspectivas favoráveis, a curto prazo, nestes meios de transporte.
A procura crescente de transportes aéreos e o incremento esperado na actividade turística levam a admitir que se mantenha nos próximos meses o incremento neste tráfego, na sequência da evolução verificada no último quinquénio.
16. Relativamente à actividade comercial, o acréscimo de 21 por cento observado na cobrança do imposto de transacções no 1.° semestre deste ano evidencia um apreciável desenvolvimento, embora essa variação tenha sido influenciada também pelas alterações introduzidas no respectivo regime legal.
O maior volume de importações e exportações de produtos manufacturados concorreu para maior actividade do comércio da especialidade.
Também o número crescente de licenças concedidas para obras de transformação, ampliação e restauro, dos sectores do comércio, bancos e seguros, pode tomar-se em certa medida, como indicador de maior desafogo das empresas desses sectores. Continuam a ser introduzidas modernas técnicas de distribuição, prosseguindo a expansão de unidades de venda em livre serviço em várias localidades do País.
17. Turismo. - A actividade turística mantém-se progressiva. - O número de estrangeiros entrados na metrópole nos primeiros oito meses deste ano excedeu de 13 por cento o registado em período homólogo do ano ante-