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1736 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 13O

nosso vizinho mais próximo, e os adeptos das expedições marítimas para longes terras acrescentaram-se as contra- posições entre as correntes e as simpatias «europeias» de Damião de Góis e dos mais que a Inquisição importunou com a razão maior ou menor. Mas seria erro identificar em valor absoluto, qualquer dos de opinião com o melhor caminho para o progresso social ou cultural. Houve sempre tradicionalistas «avanços» e internacionalistas «retrógrados»... Apenas acontece que na vivência geral dos fenómenos colectivos, são em regra as correntes internacionalistas que se apresentam - ou são consideradas - como mais conformes nos ventos da história da respectiva época. E assim beneficiam [...]sem razão, do prestígio correspondente.
Depois, houve nova confrontação no tempo de Ribeiro Sanches e de Luís António Verney. Com ela se chegou à geração «das luzes» do iluminismo ou [...] no limiar da Enciclopédia e da difusão do pensamento[...] Estava-se em plano [...] estabelecido, com a sua regressão absolutista, tão avessa ao fundo ideológico das instituições portuguesas, de estrutura paternal e [...]. Era o tempo dos [...]do Paço e dos botequins revolucionários. E como progressistas apareciam de novo os «estrangeirados»: os homens que se diziam «abertos às lições dos outros países». Ás vezes apenas para as traduzir e copia: outras paras as transcender e integrar na [...] nacional.
Desde então a debate reacende-se em todas as gerações ora com termos mais acentuados de opção política ou até de revolução social.
Nos princípios do século XIX chegou-se á guerra civil.
Vemos alinharem nela de um lado vultos como José Agostinho ou Acúsio das Neves grandes patriotas e grandes pensadores,[...] no granito das suas convicções e apontando com clarividência às consequências, para a nossa sócio-cultura, dos conceitos e concepções emergentes da Revolução Francesa com o seu liberalismo espalhado em Portugal por efeito de uma ditadora imperial e de três invasões. No campo adverso [...] «os bravos do Mindelo » e os seus [...] largos anos emigrados em Franca ou na Inglaterra, tão conhecedores de muito do que entre nós infelizmente se desconhecia, como esquecidos dos limites postos às ideias importados pelas realidades do País, e tendo na vanguarda outros grandes patriotas e grandes pensadores como Alexandra Herculano ou Almeida Garrett. - A esta distâncias, quando o tempo libertou os acontecimentos da ganga do acidental e do secundário, faz pena verificar a cegueira com que tão rudemente se combateram homens que tanta coisa aproximava, em quanto a vida pode Ter de essencial.
Mas a contraposição entre «europeus» e tradicionais» não ficou por aí. Vamos encontrá-la na geração seguinte, a propósito, por exemplo, das Conferências do Casino ou nas polémicas acerca da escola naturalista, entre escritores como Eça ou Ramalho e romancistas como Camilo Castelo Branco. No fundo das coisas, e para além da cortina de fumo das discussões ocasionais, paralelo é também o significado último do contraste entre os teóricos da República, como Sampaio Bruno, e os políticos e parlamentares da monarquia, excepção feita, talvez, quanto ao partido regenerador liberal; e, todavia, ao lado de erros difíceis de perdoar( como a reforma ortográfica feita à margem do Brasil). O novo regime demonstrou possuir um escol com preparação suficiente para pôr de pé, em pouco tempo, muitas soluções adequadas às exigências objectivas do País. No matizado dos planos em que se situaram semelhante foi - ou ainda é - a expressão profunda do confronto ideológico entre a [...]e o Integralíssimo Lusitano; ou da intervenção na vida cultural mais recente dos [...] do Nova Cancioneiro e dos romances populistas: ou dos debates entre as teorias do [...]político e da convergência cultural e, do outro lado as atitudes de mais acentuado culto das ideologias, com a correlativa aceitação do seu [...], ou até atitude, frente a estruturas [...] ou acusadas de o serem dos movimentos de contestação global da sociedade contemporânea, sejam quais forem os aproveitamentos políticos ou outros que deles se façam depois emergir.
A história regista [...] e em cada geração o traço do encontro natural e não [...]violento, entre as aspirações revolucionários de mudança e as tendências conservadoras de manutenção. A boa ou má lição do estrangeiro está quase sempre presente a comprometida, nesse encontro sucessivo: e alinha em regra, entre os argumentos a favor da transformação - Todos sabemos ser assim. Mas todos também podemos verificar que após cada choque (quando o há, pois nem sempre tal sucede), depressa se regista a inserção, mas estruturas da época, dos elementos afinal positivos de um vector por muitos facilmente apelidado de «estrangeirismo» mesmo quando só remotamente tinha origem alheia nos aspectos fundamentais.
As invenções quando [...] ao bem comum, tendem a integrar-se na alma das nações e cedo passam a fazer parte do património cultural - e político - de cada país. ( Não foi Almeida Garrett um [...] inovador de formas que breve se incluíram no que de mais lídimo caracteriza o pensamento ?) É porque, bem vistas as coisas, a tradição é isto mesmo: o conjunto das forças que em, cada momento histórico, fazem com que uma nação se defina com certa nação; e simultaneamente, o constante enriquecimento desta - e da sua estabilidade - com os sucessivos geracionais.
Nada polémica entre os partidários das ideias« só nossas» na falta ingénua dos José Lúcio Castanheiro, e os adeptos da experiência alheia desconheça a realidade, ou não [...] ser objectivo perante ela, quem imagina que os altos espíritos e os bons portugueses pensam todos igualmente. De parte estão sempre grandes homens, pois essa constitui a lei da vida; e ninguém. De parte estão sempre grandes homens, pois essa constitui a lei da vida; e ninguém detém o monopólio do patriotismo, pois as verdades absolutas não gostam de constituir apanágio de um lado só, mas apresentadas opções de qualquer dia-a-dia, quando o examinador a distância e sem ideias [...]. Aliás, no confronto entre as várias teses (e nada existe aqui de transigência ante o agressivo exclusivo dialéctico dos pensadores marxistas do século XIX e da primeira metade do século XX) pode haver - e muitas vezes há - uma razão importante de progresso para os países ajuda a definir a linha portuguesa, entre as atitudes extremadas. Linha essa que a geração seguinte ( como também é lei da história ...)em regra considera «elástica» e acusa de ser demasiado tradicional.
Os exemplos que se deram podem ser ou não os mais expressivos. Alguns serão discutíveis. Mas traduzem, com aproximação suficiente, uma ideia clara de uma das forças que mais têm feito caminhar a nossa cultura, desde a literatura até á política. Decreto nem sempre o confronto tem lugar com doutrinas importadas; no século de ouro, por exemplo saiu da Lisboa e de Sagres a «revolução da experiência», que aliada a outras contribuições portuguesas, ajudou decisivamente a moldar a Idade Moderna, no campo cientifico e fora dele. Muitas vezes, por seu torno, o vector estrangeiro serve apenas - e sem vantagem especial- para apoio a ideias que