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5 DE DEZEMBRO DE 1972 1739

Ainda mais flagrante é o problema na África, apesar das suas conhecidas discussões internas e da extensão e pobreza da maioria dos Estados. Decerto nela existam, a norte e a sul dos países negros, a corda árabe do Mediterrâneo e as sociedades multirraciais ou em desenvolvimento paralelo da África Austral. Porém, em quase todo o continente se sente, ao mesmo tempo, a força centrípeta de um pan-africanismo acentuadamente integracionista e a força centrífuga do micronacionalismo de base tribal. O reduzido hábito de convívio pacífico não põe termo às realidades; e estas, quando medidas pelos grandes problemas, não cabem no âmbito de nenhum país, desde o estudo do aproveitamento dos desertos à valorização das terras situadas a mais de mil metros, de altitude, desde o caminho de ferro do Cabo ao Cairo à ligação fluvial do Nilo ao Zambeze. Por isso, se abundam os adeptos do integracionismo que visam ou viravam desígnios imperialistas (e pudemos pensar em Nasser, em N'Krumah, nos dirigentes da Argélia), outros optam por fins diferentes e mais desinteressados. E temos a teoria da negritude, de Leopoldo Sédar Sengher ou a política de diálogo de Houpliouet-Boigny. Tal como temos, no campo prático, as associações com o tratado de Roma 1 tanto das uniões monetárias, dos entendimentos aduaneiros, dos planos de comunicações. Muitos falham. Sem dúvida. Todavia, o facto permanece: a integração dos grandes espaços não é apanágio da Europa. Constitui um fenómeno mundial desde o Acordo de Unidade, Económica dos Estados Árabes, datado de 1957 e que levou sete anos para entrar em funcionamento, à integração económica centro-americana, realizada pelo Tratado de Manágua (1966) e abrangendo cinco
Países, desde o Acordo sobre a União económica e Alfandegária da África Central, assinado em 1964, à Associação Latino-Americana de Comércio Livre, com onze estados, entre eles o Brasil), constituída pelo tratado de Montevideu, entrado em vigor em 1961; desde o acordo sobre organização de serviços comuns na África Ocidental ao tratado de comércio de comércio livre entre a Austrália e a Nova Zelândia, ambos rubricados 1965.

4. Conhecem-se, no passado, alguns teóricos da integração em grandes espaços. Todavia, tem valor relativo os precedentes, desde o Império Romano à República Cristã e a um ou outro jurista do perimiu clássico. Vários escritores tiveram a ideia; porém, não foi por isso que ela cresceu e se multiplicou no segundo pós-guerra.
Já antes dele se punha em dúvida a legitimidade de exigir a unanimidade nas decisões internacionais. Mas não se viu outra solução: quando um país for obrigado a respeitar e a cumprir deliberações contra as quais votou, a vontade internacional passa a prevalecer sobre a vontade nacional, com todas as consequências que disso advém necessàriamente. Na sua aparente simplicidade, isto constituirá uma alteração radical na vida dos Estados. E, como sempre acontece, nunca se poderia chegar a ela por uma só razão.
Em primeiro lugar, e passe o turismo, o pós-guerra esteve - e ainda está - profundamente ligado à conflagração mundial a que se seguiu. Esta pôs bem clara a distinção entre o nacionalismo de raiz cristã (no qual todos os homens são filhos do mesmo Pai) e o nacionalismo exagerado, gerador de Estados monolíticos,
Agressivos e agressores. E pensou-se por isso que só outras formas de convívio político poderiam diminuir ou eliminar as tensões que haviam levado aos dois últimos conflitos, ambos de início europeus e tendo acabado à escala planetária. Na verdade, a luta havida e a sua dimensão colossal não teriam feito ultrapassar a ideia "estreita" de nação, tal como a vida das colectividades há muito superar os conceitos antigos de família e de tribo? Os totalitarismos da primeira metade do século haviam moldado os países numa [...] económica, num patriotismo egocentrista e no desconhecimento dos direitos dos outros, típico na teoria do espaço vital. Deste modo, e ao prisma dos vencedores, era preciso encontrar fórmulas mais amplas do que as noções, para assim evitar que "das Herz Europas", com o seu bater apressado, quebrasse alguma vez o equilíbrio tão dolorosamente conseguido ao longo do Reino e do Mar. Impunha-se, numa palavra, obstar a uma terceira guerra, que a Alemanha pudesse originar - e vencer.
Isto levou a seu clima psicológico favorável à ideia de alterar a base dos entendimentos possíveis no plano político e, como era lógico, a partir do seu suporte económico indispensável. Para mais, os Estados Unidos, desanimados com o inêxito do federalismo europeu, ansiavam por encontrar uma qualquer modalidade viável, embora diferente das anteriores. E a União Suviética colaborou na tarefa, definindo um conjunto de objectivos mundiais a largo prazo e mostrando-se firmemente disposta a realizá-los, ainda que para tanto tivesse que fazer a guerra. Não iria para ela por prazer, pois a tecnologia moderna e os meio de destruição massiça puseram termo a essa tentação. Mas iria se não tivesse outro caminho. E iria - se pudesse ir . Ora, frente ao poderio da URSS ou a Europa se unia (mais estreitamente do que no passivo) ou autocondenava-se à sujeição.
Ao lado destas razões, talvez as mais prementes, embora sob o signo da temporalidade, outras havia igualmente importantes. Na verdade, a segunda Guerra Mundial encurtara o mundo, pois aproximou os povos e gerou a indiscutível tendência para a internacionalização dos assuntos e da busca das soluções. Começou isto no campo permanete técnico e dentro do senso comum. Problemas como os da metereologia (quem a concebe neste [...], pelo menos , á escala intercontinental? Ou da clareza sanitária - como a acção contesa o paralelismo, contra as [...], e agora contra a varíola, realizados pela OMS ou da luta contra carências alimentares (que é a "campanha contra afome", da FAO, se não o primeiro grande programa mundial integrado de actuação racional contra a miséria?), tudo isto corresponde, ou traduz-se, na progressiva superacção das soluções apenas nacionais e contitui [...]