1738 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 130
Panikkar a Gilherta Freire- as linhas mestras do [...], que estariam como valor global, embora como os inevitáveis [...] de cada povo de [...]
Por isso não parece razoável desconhecer o fenómeno de convergência cultural que, a partir dos elementos já [...] (a tradição greco-latina a influência dos povos bárbaros, o baptismo cristão), deu corpo a uma realidade europeia. [...] de dentro a Europa mostra diferenças tornadas mais evidentes pela potenciação de situações que se tornam igualmente mais sensíveis quando se olha também de dentro, um qualquer país com diversidade geocultural. Porem vista de fora e frente a terceiros, a Europa não é negada como «unidade» e todos indicam com relativa facilidade e clareza onde ela está ou não está. Tal como os demais espaços [...] pela história, é unidade na diversidade: ainda na frase [...] é permanência na transformação. Bem vistas as coisas, a separarão entre as suas regiões não é maior do que na Ásia; é maior do que em grande; parte da África, continente como nenhum outro dilacerado pela oposição racial e só se mostra menos acentuada nas Américas, pela herança integradora que a própria Europa para lá levou. Por isso tudo, talvez não valha a pena, perder-nos demasiado numa discussão teórica sobre a Europa como realidade político-cultural. Se não existe, tudo se passa, aos olhos do resto do mundo, como se [...]. E logo nos convites para a conferência de Bandung (primeiro antecedente histórico do grupo afro-asiático), não houve a menor hesitação em a definir. Nesta a base modesta, podaremos estar de acordo no essencial? Aliás, seria pouco razoável, num mundo que se organizou em «grandes espaços», desconhecer a existência de um
3. Na verdade a Segunda Guerra Mundial, faz nasce, entre outras duas novas concepções: o grande espaço e a superpotêncial. E o «grande espaço» não precisa necessariamente de alicerce em realidades culturais prévias: em teoria é suficiente uma comunidade de interesses materiais, que até pode ser bastante acidental. Ora, que as circunstâncias da geografia - e- da política de- transpor-tos ... - tornam a Europa livre num conjunto do estados com problemas económicos comuns constitui uma verificação de facto; e as respectivas estatísticas de importação e exportação chegam para o confirmar. Tal como os esforços para «degelar as bases da guerra fria» entre, o Leste e o Oeste representariam sempre, uma solução lógica, ao prisma do comércio externo e da busca de mais amplos mercados consumidores, com os benefícios correspondentes para os custos da produção e da circulação
As dificuldades surgem na medida em que na organização grande espaço, se procura ir mais além. Nesse caso passa a interessar saber se a Europa é apenas contiguidade, existencial ou identidade de essência, com tais semelhanças no plano da cultura que os próprios alinhamentos políticos passem a ser de prever - e de desejar. Por outras palavras: a- Europa seria sempre um grande espaço económico sobretudo encarada a partir dos países da sua região central; mas pode ou não constituir, além disso, o ambiente adequado para movimentos de integração. E nisto reside o problema. Para o compreendermos melhor vejamos primeiro como se faz na generalidade, o aumento do Mundo a este aspecto hoje fundamental.
«Integrar», segundo os dicionários, quer dizer «tornar íntegro; completar». Na política, no direito, na economia internacional significa coisa mais precisa: num sentido restrito, traduz-se em ligar tão fundamente vários países que. entre eles se constitua um direito comunitário e se criem, com poderes maiores ou menores, verdadeiros órgãos supranacionais de decisão; num sentido mais amplo, abrange todas as formas de organização que mesmo sem irem tão longo criam todavia- obrigações concretas, significativas n extensas de alinhamentos políticos ou técnicos que reduzam sensivelmente nesses domínios embora sem as anular ou [...] - as possibilidade.-. de decisão autónoma de crida país. Na segunda das acepções, a integração foi sempre, grande; nos países em guerra, sobretudo durante o segundo conflito mundial; e já havia alguma coisa- dela nas uniões aduaneiras, de que o [...] constituem exemplo com muita- expressão. Ora, nas imensas extensões asiáticas os fenómenos integratórios sentem-se pouco por motivos sociologicamente explicáveis, em larga medida alheios ás dimensões territoriais do [...]. Na verdade, são características da Ásia:
a) um vasto especo [...] , vizinho direito de um espaço chinês ainda maior, sempre, em luta demográfica na área malaia e indo-chinesa, nas regiões tibetanas agora também na África Oriental e nas ilhas do Pacífico (a carta étnica da [...] é exemplo flagrante) ;
b) a existência de numerosos países com estreitas ligações [...] - Japão. Coreia, Formosa, Filipinas. Tailândia estados indo-chineses e até de zonas só geograficamente asiáticas, num Próximo Oriente onde estão a Turquia e Israel ao lado do Japão, da Síria e do Líbano, para dar exemplos principais;
c) a circunstância de, nela se situar a maior parte da União Soviética que [...] não oculta querer «libertar» e tem todavia fora da Ásia a capital do país e a grande maioria das cidades e etnias política o economicamente dominantes.
Deste modo, qualquer grande espaço asiático aparece perigosamente ligado à ideia de domínio político, desde a esfera de co-prosperidade nipónica nos tempos da guerra mundial. E a existência nele de uma só potência dominante alarma os outros estados e não facilita a solução: preferem ser pobres e livres - à sua maneira - do que mais ricos mas colonizados tão-só pela exportação maciça dos saldos fisiológicos indianos ou chineses. Neste ultimo ponto a situação é até diametralmente oposta à da Europa, onde quem exporta emigrante.;- não são os países mais furtes. Por isso, na Ásia. a política mais desejada é a das alianças e dos acordos económicos do carácter acentuadamente bilateral.
Fora da Ásia, porém e sejam quais forem as aparências. a situação é diferente. No Novo Continente - e tanto na América Central, de países tão pequenos, como na América do Sul - acentuadas rivalidades tornam aparentemente difíceis os entendimentos multilaterais, desde o Acto de Chapultepee ao plano andino. Contudo, no fundo das coisas, e- num sempre com tradução na Organização dos Estados Americanos, a realidade é diversa: existe uma unidade cultural básica aproximando esses países da matriz europeia (e sobretudo peninsular), e existe uma espantosa sensibilidade reciproca em relação às alterações políticas em qualquer Estado do continente. Senão, veja-se o mie se tem passado, nos último- dez anos, com Cuba ou a Venezuela o Chile ou o Brasil: a importância, à escala continental da evolução interna desses países não tem confronto com as situações paralelas em outra qualquer região, excepção feita quanto à Liga Árabe. Mas esta constitui, apenas, à parte mais politicizada do mundo islâmico em geral.