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104 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 93

Juvenal Henriques de Araújo.
Luiz Cincinato Cabral da Costa.
Luiz da Cunha Gonçalves.
Luiz Figueira.
Luiz José de Fina Guimarâis.
Manuel Rodrigues Júnior.
Sebastião Garcia Ramires.
Sílvio Duarte de Belfort Cerqueira.
Vasco Borges.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Acácio Mendes de Magalhãis Ramalho.
Alberto Eduardo Valado Navarro.
Alfredo Delesque dos Santos Sintra.
Álvaro de Freitas Morna.
António Rodrigues dos Santos Fedroso.
António de Sousa Madeira Finto.
João Luiz Augusto das Neves.
Luiz Maria Lopes da Fonseca.
Manuel Pestana dos Reis.
D. Maria Baptista dos Santos Guardiola.
D..Maria Luíza de Saldanha da Gama van Zeller.
Ulisses Cruz de Aguiar Cortês.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Alexandre de Quental Calheiros Veloso.
Angelo César Machado.
Artur Rodrigues Marques de Carvalho.
Augusto Pedrosa Pires de Lima.
Guilhermino Alves Nunes.
João Garcia Pereira.
Joaquim de Moura Relvas.
José Gualberto dê Sá Carneiro.
Mário Correia Telea de Araújo e Albuquerque.

O Sr. Presidente:- Vai proceder-se à chamada.

Eram 15 horas e 32 minutos. Fez-se a chamada.

O Sr. Presidente:- Estão presentes 51 Srs. Deputados.
Está aberta a sessão.

Eram 15 horas e 42 minutos.

Antes da ordem do dia

O Sr. Presidente: - Está em reclamação o Diário da ultima sessão.

Pausa.

O Sr. Presidente:- Visto que não há reclamações, considero-o aprovado.
Vai ler-se o

Expediente

Telegrama

Grémio Lavoura Chamusca cumprimenta V. Ex.ª manifesta inteiro acôrdo e aplaude brilhante defesa ilustres Deputados Doutores Antunes Guimarãis, Carlos Borges, situação proprietários rurais perante regime utilização águas publicas. - Eduardo Amaral Neto, presidente.

O Sr. Presidente: - Meus senhores: tenho hoje de registar um acontecimento doloroso.
Ao chegar, há poucos dias, a esta sala, recebi, de chofre, esta notícia confrangedora: o Botelho Neves está
Pela minha afectividade sofreu nessa hora um abalo formidável. É que o engenheiro Botelho Neves não era para mim um simples Deputado, um membro qualquer da Assemblea Nacional, o que já seria bastante para perturbar profundamente a minha sensibilidade: fôra durante os quatro anos da primeira Legislatura o 2.º secretário da Mesa, e esta circunstância pusera-o em contacto íntimo e constante comigo, criara entre nós uma convivência e uma camaradagem de que guardo no fundo do meu coração uma lembrança afectuosíssima que nêste momento a dureza implacável da morte converte numa saudade imperecível.
Antes de subir pela primeira vez os degraus da presidência da Assemblea Nacional não conhecia, nem de nome, o homem que o sufrágio dos Deputados acabava de investir na função de 2.º secretário da Mesa, o que não quere dizer que êle não tivesse já, atrás de si, um passado político e um passado profissional, um o outro movimentados e febris. Mas a actividade política exercera-a numa época em que eu vivia inteiramente afastado das lutas partidárias; e a actividade profissional desenvolvera-a num campo completamente diferente daquele em que eu trabalhava e me movia.
Absorvido em Coimbra pela minha profissão de professor, desconhecia razoavelmente o que se passava na vida activa da capital do País, onde o engenheiro Botelho Neves a marcara fortemente o seu lugar e afirmara a sua personalidade inquieta e exuberante.
Era compreensível que as nossas primeiras aproximações tivessem um acentuado cunho de reserva e desconfiança; vínhamos de meios diferentes e possuíamos temperamentos dissemelhantes. Botelho Neves era todo chama, acção, movimento e impetuosidade; eu era, por índole e por hábitos de vida, todo calma, concentração, disciplina é serenidade. Pois deu-se este fenómeno singular e estranho: as nossas relações tiveram, desde a primeira hora, um tom e um carácter de atracção irresistível. E o que é mais de admirar é que nêsse trabalho de penetração afectuosa foi é desenvolto e agitado Botelho Neves quem exerceu o papel da compostura, da paciência, da compreensão e da tolerância.
Não posso deixar de reconhecer que nos meus primeiros passos da presidência fui algumas vezes acometido de acessos de impaciência e de irritação. De um momento para o outro tinha sido transplantado do ambiente tranquilo e sossegado da cátedra universitária para a altitude sacudida da presidência da Assemblea; esta transição brusca produzira, como era natural, uma certa instabilidade de espírito; emquanto me não adaptei à nova atmosfera, tive, de quando em quando, reacções impertinentes. Nunca o desventurado Botelho Neves me levou a mal êsses excessos; pelo contrário: a sua alma generosa e bem formada esteve sempre pronta a desculpar os meus nervosismo.
E se o nosso convívio pôde chegar, como realmente chegou, ao grau de estima e de com realidade de amigos e que muito se prezam, à sua alma lavada e nobre, ao seu
coração confiado e gentil se deve principalmente êsse resultado.
Por isso é que, nêste transe amargurado e doloroso, ao ver desaparecer para sempre a figura insinuante e viva do engenheiro Botelho Neves, a minha comoção é enternecida e profunda.
Meus senhores: como Presidente da Assemblea Nacional, deploro sinceramente a perda que ela acaba de sofrer. Nêste desgaste inexorável que as exigências do serviço público têm implacàvelmente produzido na Assemblea, afastando dela alguns dos seus melhores elementos de trabalho, útil, a morte veio também exercer a sua. acção nociva, privando-nos de um Deputado com o qual se podia sempre contar nos momentos difíceis.
Dotado de uma inteligência pronta e aguda, de uma larga experiência da vida pública e de uma vontade firme e segura de servir, no mais alto e desinteressado sen-