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20 DE DEZEMBRO DE 1941 83

com o Império nipónico, como não se lhe via razão estratégica; pelo menos antes de terem, sido dominadas ou bases de Singapura, Batávia e Filipinas e livres os mares para o avanço japonês em direcção ao sul. Mas nessa hipótese não parecia que o Japão necessitasse do Timor português para atacar a Austrália. Em todo o cano, prevendo-se por excesso de prudência todas as eventualidades e dado o jogo da aliança inglesa, o Governo não teve dúvida em mandar dar as respostas seguintes:

a) O Governo Português, como em relação a qualquer outra parte ao território metropolitano ou colonial e em relação a qualquer agressor, resistirá pela força a uma eventual agressão japonesa, em Timor;
b) Dada a intenção de resistir, o Governo não só aceita, a ajuda britânica como espera, noa termos dos tratados de aliança, que a Inglaterra o auxilie na defesa da colónia, tanto mais que, não havendo da parte do Japão qualquer razão contra Portugal, o ataque, a dar-se, só poderia ser consequência da nossa situação de aliados da Inglaterra ou como meio de ulterior ataque a posições do Império Britânico;
c) O Govêrno considera, vantajosa a troca, de impressões ou estudo de qualquer plano de acção.
E como se revelasse impraticável ter em Londres as necessárias conversas para a eventual prestação de auxílio, mudou-se de orientação.

3. Em. 2 de Dezembro o Governo Britânico registava com satisfação a nossa resposta e comunicava que, tendo consultado sobre o assunto o Governo da Austrália, este recebera, com o máximo agrado a notícia da atitude do Governo Português. Propunha-se que um oficial português fosse enviado a Singapura, para, em conferencia com representantes ingleses e australianos, fazerem os estudos pormenorizados que se tornassem necessários no comando em, chefe do Extremo Oriente. Além disso, em atenção ao interesse ao Governo Holandês nas Índias Orientais, considerava-se desejável a presença e intervenção nas discussões de um representante neerlandês, se o Govêrno Português julgasse de aceitar a sugestão. Dois dias depois, em õ de Dezembro, o Embaixador de Portugal estava autorizado a comunicar que o Governo Português nenhuma objecção opunha, a enviar uni. o faial a Singapura «para discutir com os representantes do Alto Comando Britânico a questão da defesa de Timor para a eventualidade de um ataque japonês contra, aquela, colónia». Quanto ao representante holandês, visto que as actuais relações de aliança, entre o Império Britânico e os Países Baixos não eram, extensivas a Portugal pelo facto da nossa aliança com a Inglaterra, não parecia razoável tomasse parte nas nossas discussões, mas o oficial português não teria dúvida - para isso receberia instruções- de se pôr em contacto com o representante das índias Neerlandesas e tratar com ele de eventualidades que pudessem, afectar a parte holandesa de Timor e consequente repercussão no Timor português.
A mesma resposta se deu em Lisboa ao Encarregado de Negócios da Holanda, que naquele dia 5 apresentava idêntica pretensão ao Governo Português em nome do seu Governo, reforçada o pedido com o empenho pessoal do seu Ministro. (O Sr. Van Kleffens fôra recebido em Lisboa pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros com cordialidade e a cortesia devida à sua categoria e alto valor pessoal).

4. Em 8 o Encarregado de Negócios da Holanda exprimia o alto aprêço do seu Governo pela nossa, resposta. E ao mesmo tempo estimava saber se o Governo Português estaria disposto a aceitar, no caso de ataque ao Timor português, o auxílio das tropas australianas e holandesas concentradas no Timor holandês. A consulta porém não podia ter resposta imediata - primeiro porque constituía uma antecipação sôbre as aprazadas conversas de Singapura; segundo, porque se ignorava se o auxílio prometido pelo Governo Britânico seria exactamente constituído por aquelas forças ou por outras. Para a hipótese porém de ataque tam rápido que não pudessem realizar-se as conversações de Singapura, seriam então necessárias conversas entre as autoridades locais. Era nossa intenção aceitar este auxilio, se em caso de ataque súbito não fosse possível receber outro do Governo Inglês ou por sua ordem.

5. O Governo Inglês foi informado daquela diligência e da, posição tomada pelo Governo Português. O Govêrno Inglês não conhecia a diligência holandesa, mas, reconhecendo por um lado o bem fundado da posição do Governo Português e por outro a impossibilidade que poderia verificar-se de distrair, em, caso de ataque súbito a Timor, outras forças britânicas do Extremo Oriente, inclinava-se para oferecer ao Governo Português, em cumprimento das suas obrigações de aliado, o auxilio de tropas holandesas e australianas concentradas na parte holandesa de Timor.
Efectivamente, no dia 11 em Londres e em 12 em Lisboa, o F. O. e o Embaixador de Inglaterra comunicaram oficialmente que a, ajuda britânica oferecida para. a defesa de Timor, em execução da aliança, e para o caso de ataque ou agressão súbita, à nossa, parte da ilha, seria prestada por forças australianas e holandesas, retirando-se estas logo que a sua presença, não fosse necessária. Pedia-se se enviassem instruções ao governador de Timor para se concertar com, as autoridades locais c invocar tal auxílio ou aceitá-lo sem necessidade de instruções de Lisboa, caso se produzisse ataque súbito. Prometeu o Governo enviar imediatamente ordens para, Timor no sentido desejado, tuas porque na conversa havida em Londres se notasse uma palavra de sentido pouco claro, avisou-se o Embaixador naquela Corte para que não deixasse subsistir no espírito do Governo Inglês a, menor dúvida sobre, que a colaboração de forças estranhas só se efectuaria em caso de ataque, não podendo ter carácter preventivo, como talvez in loco desejassem. E parecia ainda ao Governo Português que a questão, por sua importando e novidade, deveria constar de documento escrito, sem prejuízo de se proceder desde logo coma se a oferta nos tivesse sido feita por aquela forma.
Ao fazer-se em Londres a comunicação de que o Governo havia já mandada instruções para Timor, foi participado ao Embaixador terem igualmente sido transmitidas ordens ao comando das tropas australianas para entrar em, contacto com, o governador de Timor.

6. As instruções enfiadas no mesmo dia 12 para Timor indicavam ao governador que deveria dirigir-se ao governador holandês para concertarem o auxílio a receber por nosso lado das forçam australianas e holandesas. O governador deveria, obedecer estritamente nas negociações a0s princípios seguintes:
a) O auxílio a prever é o que nos é devido pelo Governo Britânico por fôrça dos tratados de aliança e que o mesmo Governo torna efectivo por meio de tropas australianas ou holandesas sob as ordens do Alto Comando Inglês;
b) A hipótese, a prever é sómente o ataque japonês a Timor, não podendo funcionar o acordo no caso de simples ameaças ou receios mais ou menos fundados;
c) A colaboração das tropas estranhas não tem, carácter de reciprocidade, salvo se por ataque japonês contra o nosso território tivermos já perdido a nossa neutralidade;