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20 DE DEZEMBRO DE 1941 87

desses povos e para que a bandeira de Portugal fosse a única bandeira europeia a flutuar altiva e pacificamente numa terra onde agora foi gravemente ofendida.
Palmas.
Portanto, o facto e os processos trazidos à Câmara pelo Sr. Presidente do Conselho não podem deixar de provocar em todo o País um movimento unânime de protesto e de repulsa e um cerrar de fileiras de todos os portugueses, clamando em volta do Governo a Nação inteira, como um só homem, a quem tam sabiamente, ta III patriòticamente tem conduzido a nossa política externa, que neste momento ela só tem «o coração e nos lábios uma palavra: Portugal.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Palmas.

O Orador: - Nesta moção afirma-se a unidade de todos os portugueses.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: nunca como em face de acontecimentos como aqueles que esta Assemblea está comentando, nunca essa unidade foi tam necessária; mas posso afirmar, certo de corresponder à verdade, que essa unidade nunca foi tam completa, nunca foi um facto tam eloquente.
Sr. Presidente: também sou daqueles que, apesar do desmentido brutal dos factos, me obstino a crer na força do direito, no triunfo do «direito. Eu sou ainda daqueles a quem, não obstante resposta contrária e repetida dos factos, não é bastante a política do êxito e do sucesso; ainda sou daqueles para quem os fins não santificam, nem sequer justificam todos os processos e todos os meios.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Custa-me assim admitir que a Inglaterra, que tam alto tem proclamado esses princípios, custa-me a admitir e crer, repito, que seja ela mesma que haja de obstinar-se a opor um desmentido pelos factos, no caso de Timor e para com Portugal, a esses mesmos princípios.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: quando uma grande nação se apresenta ao mundo arvorando a santidade da sua causa, invocando o direito, invocando a justiça, como objectivos de todos os seus esforços, não pode justificar nem mesmo explicar, dentro desses princípios, actos como aquele de que a soberania portuguesa foi objecto em Timor.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O País proclama bem alto ao seu Governo o seu desejo de que continue uma política cheia de firmeza em frente dos acontecimentos, para que Timor, que é um pedaço tam querido de Portugal como todas as parcelas, do nosso território, herança preciosa do sangue dos nossos maiores, possa voltar tam breve quanto possível à comunidade portuguesa, à plenitude da soberania portuguesa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mas, se não for possível - pela força dos princípios e das razões morais e pelo império do nosso direito - obter o regresso dessa porção de terra ao seio da comunidade lusa, a Nação confia ainda em que o Governo saberá encontrar o processo pelo qual a sua soberania e dignidade possam ser desagravadas do ultraje que lhe foi feito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Palmas, a que se associaram as galerias.
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai proceder-se à votação da moção que o Sr. Deputado Albino dos Heis apresentou há pouco. Volto a ler essa moção. (Leu).
Vai proceder-se à votação e, para que dela resulte uma certa solenidade, essa votação far-se-á em termos opostos aos habituais. Os Srs. Deputados que aprovam a moça o levantam-se.

Foi aprovada por unanimidade.

O Sr. Presidente: - A próxima sessão da Assemblea Nacional será designada oportunamente. Está encerrada, a sessão.

Eram 18 horas e 30 minutos.

O REDACTOR - Costa Brochado.

IMPRENSA NACIONAL DE LISBOA