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31 DE MARÇ0 DE 1944 349

de armas as imensas riquezas dadas pela magnificência régia em recompensa dos seus grandes serviços militares.

Como general, tinha a visão nítida, rápida, enérgica, genial, que desconcerta o inimigo e o vence pelo ineditismo dos seus pianos, atraindo-lhe partidários, envolvendo-lhe a memória na lenda sugestiva da invencibilidade. E, para completar, tinha a aureola da santidade conferida pela voz publica, mais tarde sancionada pela Igreja, que o levou a desprezar as maiores honras e riquezas que o mundo pode conceder, amortalhando-se em vida na pobre cela de um convento, onde desempenhou os mais rudes mesteres, como se fosse o mais obscuro dos frades, sem nunca aceitar cargo algum de mando!

Sintetizando direi, com Camões: s0 grande Pereira, em quem se encerra todo o valor ...»

Sr. Presidente: por isso foi escolhido para patrono da infantaria e da mocidade portuguesa masculina.

Em 23 de Janeiro de 1918 o Sumo Pontifica Bento XV deu a sua concordância ao rescrito da Sagrada Congregação dos Ritos, segundo o qual devia ser confirmado o culto prestado pelos Portugueses e pela Ordem Carmelita, em todo o mundo, ao Santo Condestável D. Nuno Alvares Pereira.

$E o que fez a Nação Portuguesa para homenagear condignamente tam grande herói, apesar de volvidos já mais de cinco séculos após a sua morte terrena?

É Já lhe foi erigido monumento condigno, que estimulasse os Portugueses a servir devotadamente a sua Pátria?

$E de feriado nacional algum dia dos muitos que ele inscrevem na historia?

$Na toponímia das nossas cidades e vilas figura profusamente o sen nome ?

A resposta a estas preguntas é de molde a avivar os nossos brios patrióticos.

Acontece que a lei n.º 1:012, de 13 de Agosto de 1920, determinava que anualmente fossem celebradas, em 14 de Agosto, aniversario da batalha de Aljubarrota, os feitos de Nuno Alvares Pereira, festa do patriotismo, e que fosse levantado em sua honra e por subscrição publica um monumento com a seguinte legenda: «A Nuno Alvares Pereira-Defensor da independência nacional- A Pátria reconhecida, e, em 14 de Agosto de 1925, com toda a possível solenidade, se realizou a cerimónia do lançamento da primeira pedra para o referido monumento, sob a presidência do Chefe do Estado, com discursos, leitura e assinatura do auto, depósito de moedas em circulação, desfile de tropas, etc., ... e a mencionada lei ficou letra morta.

Quasi mais nada se tem feito do que as comemorações promovidas pela extinta Cruzada de Nuno Alvares, pela Ala do Santo Condestável e pela infantaria de Portugal no dia da sua arma, justamente em coincidência com o aniversario do sen aparecimento nos campos de Aljubarrota.

Ao meu conhecimento só chegou a existência de ruas com o nome do Herói e Santo na terra da sua naturalidade - Sernache do Bom jardim- e em Bragança, sendo nesta cidade apenas desde 20 de Novembro de 1943.

Sr. Presidente: por tudo isto e por muito mais que e escusado dizer, julgo interpretar o desejo da Assemblea Nacional e traduzir uma verdadeira aspiração de to dos os Portugueses ao solicitar agora ao Governo da Nação, que, sob a égide do Estado Novo, vem realizando, nos domingos espiritual e material, uma transformação miraculosa de Portugal, que, com a maior urgência possível, faça:

Erigir na capital do Império um monumento condigno ao grande Herói e Santo D. Nuno Alvares Pereira;

Providenciar por que o local do seu nascimento, nos Paços do Bomjardim, seja assinalado com um paços ou obelisco;

Rever os feriados nacionais por forma que neles seja incluído o dia 14 de Agosto.

E aos municípios de Portugal dirijo rum apelo no sentido de incluírem, sem demora, na toponímia dos principais aglomerados populacionais das suas áreas o nome daquele egrégio português.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Quirino Mealha: -Sr. Presidente: aos trabalhadores rurais do distrito de Beja é devida especial atenção no momento dificil que estão a viver presentemente.

Muitos não vão para o trabalho por não terem de comer e outros querem trabalhar mas não tem onde.

Os primeiros são vitimas da privação dos géneros essenciais ao seu sustento, ou porque não os encontram ou porque, encontrando-os, não podem chegar aos preços, por serem incomportáveis em relação aos seus salários. O que e mais grave e a falta de pão, que esta para a alimentação do trabalhador alentejano quasi como o ar esta para a respiração. São as terríveis e invencíveis consequências da maldita guerra? De acordo.

Mas é preciso que o sacrifício resultante das mesmas seja distribuído igualmente por todos, de modo a não ressaltarem contra-sensos como êste: faltar o pão aquele que o semeia, monda e ceifa, derramando o seu suor sobre a terra quo o produz, e continuar a existir com regularidade, e muito bom, onde apenas é consumido.

Sejamos reconhecidos, retribuindo ao menos com a justiça k forma franca e altamente patriótica como as portas do «celeiro do Pais» se abrem sempre para servir a Nação.

No próprio interesse da produção, que a todos nós respeita, é indispensável que o trabalhador esteja em primeiro lugar na repartição dos géneros essenciais a vida. O rendimento do trabalho resulta do seu esforço e disposição, que por sua vez dependem da sua alimentação.

Creio que pelos organismos competentes tem sido esta uma das primeiras preocupações.

O trabalhador, que não tem outros proventos que não sejam os seus salários, tem de pagar as cadernetas e senhas de racionamento as respectivas comissões reguladoras, quando em Lisboa tudo e facultado gratuitamente.

Parece que não são cidadãos pertencentes ao mesmo Estado.

Sr. Presidente: a segunda categoria de trabalhadores a quo me referi abrange os atingidos pela crise de trabalho.

Como é sabido, o Alentejo tem períodos mais 0u menos regulares dentro dos quais escasseia a actividade no campo, por virtude da natureza da sua exploração agrícola.

Descanso imposto pela natureza para a contemplação da «planície verde, prometedora de fartas messes», a onde a primavera desdobra os amplíssimos e esmeraldinos atoalhados das searas» (Manuel Ribeiro, Planície Heróica e Esplendor mais alto).

Repouso revigorador da «epopeia da planície heróica», que no verão converte «os extensos searedos em campos de batalhar», com os exércitos de ceifeiros a baterem-se «em refrega ardente».

De entre os seus três distritos, é no de Beja que as crises de trabalho atingem maior acuidade, por ser mais dominante o regime da monocultura, com o predomínio do trigo, que chega a dar cerca de 30 por cento da colheita total do Pais.

Determinam-se as epoeas de erise de trabalho eom mais ou menos preeisao seguindo a evolugao dos traba-