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DIÁRIO DAS SESSÕES — N.° 155
José Rodrigues de Sá e Abreu.
José Soares da Fonseca.
José Teodoro dos Santos Formosinho Sanches.
Júlio César de Andrade Freire.
Juvenal Henriques de Araújo.
Luiz de Arriaga de Sá Linhares.
Luiz Cincinato Cabral da Costa.
Luiz da Cunha Gonçalves.
Luiz Lopes Vieira de Castro.
Luiz Mendes de Matos.
Manuel da Cunha e Costa Marques Mano.
Manuel Joaquim da Conceição e Silva.
Manuel José Ribeiro. Ferreira.
Manuel Maria Múrias Júnior.
Mário Correia Teles de Araújo e Albuquerque.
Mário de Figueiredo.
Pedro Inácio Alvares Ribeiro.
Rui Pereira da Cunha.
Salvador Nunes Teixeira.
O Sr. Presidente: — Estão presentes 55 Srs. Deputados.
Está aberta a sessão.
Eram 15 horas e 38 minutos.
Antes da ordem do dia
O Sr. Presidente: — Está em reclamação o Diário da última sessão.
Pausa.
O Sr. Presidente: — Como nenhum Sr. Deputado deseja usar da palavra sôbre o Diário, considerado aprovado.
Pausa.
O Sr. Presidente: — Está na Mesa a resposta ao pedido de informação apresentado pelo Sr. Deputado Antunes Guimarãis.
Como esta informação pode ter interêsse para a sessão de estudo da proposta de lei de coordenação dos transportes terrestres, vou mandá-la publicar no Diário das Sessões.
Está igualmente na Mesa a resposta ao pedido de informação feito pelo Sr. Deputado Calheiros Veloso.
Pausa.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra antes da ordem do dia o Sr. Deputado Acácio Mendes.
O Sr. Acácio Mendes: — Sr. Presidente: às primeiras horas desta manhã, em pleno Maio — mês de milagres portugueses, em religião e em política—, anunciaram os jornais diários, em justíssimas palavras do caloroso aplauso e efusiva congratulação, uma manifestação pública, melhor direi, nacional, de homenagem e gratidão aos chefes responsáveis pelos destinos do País, a realizar no fim da semana que passa, pelos altíssimos serviços que, com o mais acendrado patriotismo, têm prestado a Portugal.
Há poucos dias ainda, pelo impecável e ático recorte literário e com a profundeza de conceitos que assinalam sempre os discursos do eminente Chefe do Govêrno, pela palavra de V. Ex.ª diáfana, sóbria e de helénica elegância, e pela eloqüência emocionada e brilhante de alguns dos mais ilustres membros da Assemblea Nacional, foi sublinhada nesta Câmara, entre as mais vibrantes ovações, a vitória das armas das Nações Unidas em quási todos os teatros da guerra na Europa.
E renderam-se nessa sessão, que, por todos os títulos, ficará memorável nos nossos anais parlamentares, justíssimas homenagens aos povos que maior, mais eficaz e mais ensanguentado contributo deram para êsse sensacional evento militar, tam ardentemente desejado e tam justamente festejado — à nossa velha aliada, pelo sacrifício sublime, pelo heroísmo e pela preciosa vida das suas élites e das massas demográficas do seu território insular e da comunidade dos seus vastos domínios; aos Estados Unidos da América do Norte, pelo seu incomensurável potencial humano, económico, industrial e bélico; à França, em cuja alma, na formosa expressão de um dos seus mais altos espíritos, a Providência acende uma idea quando quer que ela abrase todo o mundo; e ao Brasil, que, na frase feliz de Afrânio Peixoto, é o undécimo canto dos Lusíadas, que Camões só não escreveu por ter vivido antes de conhecer a epopeia dos jesuítas na terra de Vera Cruz.
Não foram então, nem serão agora, creio, havidos por descabidos e impertinentes uma palavra e um momento de piedoso respeito pela derrota dos que se renderam, «tudo tendo perdido menos a honra».
Vozes: — Muito bem!
O Orador: — Curvando-me em íntimo recolhimento perante a sua inigualável dor, evoco as palavras cheias de nobreza, de humana dignidade e tocante beleza moral do maior génio militar do passado século ante um grande feito de armas dos vencidos: Honneur au courage malheureux!
E praza a Deus — êsses votos formulo ardentemente — que a sua infinita desventura perdure, como lição frutuosa e exemplo edificante, para ambições e instintos desbridados e para aberrantes desvairos, libertos de toda a acção frenadora das eternas certezas de Deus, da justiça, do direito e da moral; que a tam anunciada e almejada organização da segurança universal não seja apenas um nome, na expressão de confiada esperança, mas também de legítimo receio do homérico «Homem da Guerra» pela futura resolução das incógnitas dos múltiplos e delicados problemas que a paz equaciona; que, parafraseando as palavras de um grande orador académico da nossa terra, o sol que ora se extingue para os povos vencidos seja o que, no mesmo instante, ilumine e avermelho a madrugada duma justa paz para todos os outros povos; e que o íngreme calvário de martírios, jamais sofridos, que o mundo tam dolorosamente tem subido, seja o beatus venter criador da ansiada transfiguração da humanidade, sempre reincidente, mas sempre iludida, na sua miragem o nas suas esperanças duma completa e perene felicidade na vida terrena.
Mas há campos de batalha em que ainda não se ensarilharam as armas; sobem ainda para o firmamento, cruzado, dia e noite, em todos os quadrantes e sentidos, por satânicos vôos das asas da morte, densas e negras nuvens do fumo das cinzas e do rescaldo do incêndio, quási universal, em que arderam e irreparàvelmente se perderam tantos e tam inestimáveis valores; grava-se nas profundezas da alma dos sobreviventes, com lancinante fixidez duma tatuagem indelével, a atroz recordação dos irreconhecíveis e pavorosos destroços do vendaval que tem varrido e devastado a face da terra, do obcecado culto fetichista da fôrça e da crueldade, da sádica volúpia da destruïção e da violência, que fizeram da imensidade dos mares e da vastidão dos continentes intérminas necrópoles e transformaram tantas e tam ricas e florescentes regiões em desolados e desoladores desertos, nada tendo sido poupado e tudo se havendo imolado à fúria dementada do ciclone cósmico que convulsionou e desvairou os homens e os povos — milhões