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DIÁRIO DAS SESSÕES — N.º 155
Esta será talvez a homenagem mais grata ao coração de ambos, à sua alma de patriotas, porque à sombra da paz nacional, da solidariedade da Nação, lhes foi possível continuar a obra de ressurgimento nacional, trabalhando e consentindo a todos os portugueses que trabalhassem no fortalecimento da nossa posição social, económica e financeira.
Essa paz e essa solidariedade lhes permitiram assegurar ao País, na tremenda luta de paixões que dividiu o mundo, uma situação de prestígio raras vezes atingida na nossa história e uma fôrça moral que se impôs no estrangeiro ao respeito de amigos, de indiferentes e até de antipatizantes.
Esta a homenagem que a Assemblea pode prestar e que mais lisonjeira será às suas personalidades de portugueses, de cristãos e de homens públicos.
Vozes: — Muito bem!
O Orador: — Sinto-me o menos recomendado dos membros desta Casa para dizer a S. Ex.as do quanto nos sentimos orgulhosos da sua obra — dessa obra que temos acompanhado com dedicada e leal colaboração.
Mas, Sr. Presidente, tomando êste encargo, procurarei cumprir — não sem que me preocupe o pêso da responsabilidade e a consciência da aninha fraqueza.
Exaltar, engrandecer, louvar, celebrar um homem célebre sempre me pareceu tarefa difícil e arriscada, pois que, por muito e muito bem que digam as palavras, com maior eloqüência hão-de falar os actos que praticou, o que disse e o que fez.
O elogio de Salazar, o louvor à sua obra de estadista, dos maiores que tem tido Portugal, não se faz em discursos, porque está feito por forma inigualável no coração de todos nós, de todos os portugueses de alma limpa e generosa. O maior elogio de Salazar está feito, e está feito por êle próprio, sem o saber, sem o querer mesmo, na série de orações magistrais em que definiu a sua doutrina, os seus anseios, a sua visão dos problemas de govêrno, a sua paixão por um Portugal honrado e engrandecido.
Não entenda V. Ex.ª, Sr. Presidente, no que vou dizer que pretendo esquivar-me a uma dissertação, que aliás teria de ser longa para ser precisa, mas, por favor, reconheça apenas o propósito de valorizar a minha intervenção nesta emergência, pondo de parte ideas, palavras e sentimentos próprios para associar-me à homenagem a Salazar, com as suas afirmações pessoais, porque o elogio de Salazar está na grandeza das concepções de vida, na clarividência dos pensamentos de governante que nos tem dado nessas afirmações. Nos seus discursos, em que nem sequer falta a eloqüência sóbria de um mestre da língua e de um doutrinador da mais sã filosofia, estão marcadas essa grandeza e clarividência.
Se o estilo é o homem e se êste homem, nem sempre dizendo o que faz, sempre faz o que diz — e é êste, sem dúvida para quem quer que seja, o caso de Salazar —, o seu fiel e melhor retrato está feito por êle próprio.
Algumas breves transcrições vão pôr-nos em face do melhor retrato de Salazar. De Salazar homem público. Meditando sôbre elas, ter-lhe-emos prestado a mais salutar homenagem.
Meditando sôbre elas, vão aparecer-nos os traços característicos dos grandes de Portugal. Sob a figura típica, bem portuguesa, saída do quadro magistral de Nuno Gonçalves, vamos reconhecer as linhas expressivas da vontade firme, da tenacidade, do génio, do sonho de grandeza de Afonso de Albuquerque; da abnegação, do desinterêsse, da coragem, do gôzo no sacrifício, do ardor patriótico de Nuno Álvares.
A primeira transcrição. Nela confunde a sua própria biografia com a de S. Ex.ª o Sr. Presidente da República:
A ponderação, o sentido das oportunidades, o equilíbrio, a independência, a firmeza temperada de maleabilidade, o conhecimento dos homens e das suas paixões, o dom de adivinhar a consciência pública e de prever o encadeamento dos factos políticos e sociais, a dedicação desinteressada, essa entrega completa, em sacrifício inteiro ao bem comum, são qualidades indispensáveis no exercício da mais alta magistratura nacional.
Pode ou não afirmar-se que ninguém melhor do que Salazar desenharia assim o seu próprio perfil, a sua própria personalidade de homem de govêrno? Ficam ou não ficam nesta transcrição transparentes as suas virtudes e qualidades de homem de Estado?
E quando afirma:
Modestamente, sem alardes, sem invejar ninguém, por nossas próprias fôrças e recursos, fomos reconstruindo o lar pátrio, fazendo pacìficamente a nossa revolução social e política, com mira em melhorar e engrandecer o que é nosso, valorizar o que somos na Europa e no mundo.
Em outra altura:
Eu sou um português que as circunstâncias colocaram na situação de poder dirigir a todos os bons portugueses uma palavra de meditação e de apêlo patriótico. Êste período da história é grave para toda a humanidade. Neste mar de dúvidas e de perigos o drama de Portugal é naturalmente cheio de inquietações. Mas estas mesmas dificuldades são as que forçam a trabalho mais persistente, a apoio mais decidido, a resolução mais firme de levar por diante a obra de reorganização social e política de Portugal.
A propósito, e apesar de tudo, também eu quero agora aproveitar a ocasião para emendar Salazar: é que não foram as circunstâncias que o levaram ao Govêrno do País, foi a justiça divina para com êste povo de boa gente que pelo mundo dilatou a fé e a moral cristã.
Vozes: — Muito bem!
O Orador: — E, falando ao operariado, disse:
Não devemos andar demasiado depressa, mas o nosso espírito está aberto às mais largas reformas no campo económico e social; só fazemos excepção das que desconheçam o princípio da hierarquia dos valores e dos interêsses, e da mais perfeita conjugação dêstes, dentro da unidade nacional.
Para terminar as transcrições:
Nós temos trabalhado duramente, dias e noites, sacrificando comodidades, interêsses, preferências, prazeres legítimos a êste empreendimento de fortalecer, dignificar, engrandecer Portugal.
Quereria ter podido fazer-vos eu próprio o retrato de Salazar. Faltou-me a arte, a perícia, a coragem. Mas aí o tendes. Aí fica o retrato de Salazar. Feito por êle próprio, sem o pensar, sem o querer.
Sr. Presidente: do Sr. general Carmona que dizer senão que nasceu para Chefe de Estado! Que na sua alta magistratura tem servido o País com uma devoção, um aprumo, uma grandeza de alma e uma nobreza de sen-