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16 DE JANEIRO DE 1948 159

cia turística desta cidade e na importância agrícola, industrial e comercial da região de que é fulcro.
Sr. Presidente: são passados mais de vinte anos sem que a obra se efectuasse dentro dos planos estudados. Surgiu, porém, um facto novo, que muito pode concorrer para a sua mais fácil e completa realização.
Quero referir-me à construção e exploração da linha mineira de Rio Maior, à custa dos fundos da Comissão Reguladora do Comércio de Carvões, autorizadas pelo decreto n.º 32:270, de 19 de Setembro de 1942.
O troço entre o Vale de Santarém e Rio Maior, para o transporte das lignites desta região, vai certamente ter cada vez menor rendimento, à medida da maior facilidade da importação de carvões estrangeiros. Conquistada a normalidade, a sua exploração tem de ser entregue à C. P., aliás em condições precárias, sem o seu remate.
É, pois, de boa lógica e salutar economia proceder-se imediatamente, numa 1.ª fase, ao seu prolongamento, na distância de 25 quilómetros, até às Caldas da Rainha. Em seguida construir-se-ia, numa 2.ª fase, o ramal de Peniche (cerca de outros 25 quilómetros), para que as obras deste porto, em franca actividade, tenham o seu natural complemento; aliás, será um coração sem artérias.
Assim, dar-se-á cumprimento ao esquecido decreto n.º 12:024, e satisfar-se-ão as velhas e justas aspirações dos povos das regiões interessadas.
Ao grupo de eméritos cidadãos que propugnaram por este melhoramento, de largo alcance regional e nacional, como o conde de Paço Vieira, Dr. Moreira Júnior, conselheiro Fernando de Sousa, general Amílcar Mota e outros, juntar-se-á o Sr.
coronel Manuel Gomes de Araújo, ilustre Ministro das Comunicações, para quem apelamos, certos de que acolherá com carinho e decisão as legítimas aspirações dos povos interessados, que tenho a honra de representar, e para as quais chamo calorosamente a atenção muito especial de S. Ex.ª e de todo o Governo.
Disse.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: - Sr. Presidente: outros ilustres Deputados e eu já tivemos oportunidade para referir-nos rapidamente, a um acontecimento que, pelo valor e significação, é digno de relevo; do relevo em que, de forma justa e expressiva, tem sido posto pela imprensa do País. E lugar apropriado para este fim é também a Assembleia Nacional, pois deve registar os factos de vulto e meritórios e consagrá-los com palavras de louvor e de estímulo.
Quero referir-me, Sr. Presidente, aos cortejos de oferendas que, desde há, anos e cada vez com maior frequência, se vêm realizando de norte a sul, em benefício das instituições de assistência e especialmente dos hospitais.
«Obras de misericórdia», que são obra das Misericórdias, com a colaboração valiosa das autarquias locais, desde a câmara - a Sr.ª Câmara, como respeitosamente dizem nalguns lugares lá do norte -, até às juntas de freguesia, que vemos, ao lado do seu pároco, marchar desvanecidas à frente do povo das suas aldeias, a caminho da sede do concelho, onde confluem e, depois, culminam numa apoteose de cor e de alegria, numa parada de ternura, e de bondade, através da vila em festa, a caminho do seu hospital.
Vão todos, todos os que podem ir; e os que têm de ficar não são esquecidos, porque eles também contribuem com o seu entusiasmo, o seu esforço ou a sua oferenda, mesmo que seja retirada do pouco que lhes reste do conduto do seu jantar.
Existe no campanário da minha terra um velho sino com a seguinte inscrição: «Para este mula deu José António de Freitas».
Quis-se assim perpetuar no bronze o sacrilégio cometido pelo único herege ou -avarento da minha freguesia!
Pois, estou em crer que não seria difícil registar nos anais das Misericórdias o nome dos que não contribuem para os cortejos de oferendas. Tão poucos são! Tão poucos que, por vezes, talvez não figurem na excepção os pobres de pedir, pois, para bem do próximo, se despojam do que mendigam de porta em porta.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nos últimos anos houve secas, a terra foi avara e a, miséria ameaçou muitos lares; mas os cortejos de oferendas continuaram sempre, majestosos e fecundos. Pode cada um negar - porque não tem ou não quer dá-la - uma moeda mesquinha; mas, sem que lhe peçam, dá sempre uma novidade da sua geira, uma peça do seu bragal ou a mais formosa ave da sua criação, que valem dez, cem vezes mais do que a moeda mesquinha que haviam negado. E assim se explica que as semanas da tuberculose, do cancro e outras, apesar do grande contributo dos bancos e grandes empresas, tenham rendido ultimamente em todo o País menos do que os cortejos de oferendas em qualquer das nossas modestas vilas.
Houve quem dissesse que não são os cortejos de oferendas que resolvem o problema da assistência. Estava certo se se dissesse que não são só os cortejos de oferendas. Se os críticos virem agora os cofres recheados, as tulhas e as talhas a transbordar, os celeiros repletos, numa fartura que - benza-a Deus - vem assegurar por largo tempo o tratamento e o sustento de doentes, de velhos e de crianças; se notarem que os cortejos de oferendas já renderam dezenas de milhares de contos, tornando assim possíveis obras importantes de restauro e construção, notável reapetrechamento cirúrgico, melhoramento dos serviços, etc., com grande alegria dos médicos e enfermeiros, bondosos e dedicados, que, por mais perto estarem delas, mais sentem a dor e a miséria; se, enfim, os críticos raciocinarem sem paixão, têm forçosamente de reconhecer que o problema da assistência se resolve também com os cortejos de oferendas e que esta linda inovação trouxe para ela o contributo particular mais valioso até agora assinalado.
É claro que outras têm sido as proveniências; e neste instante é imperativa uma referência à acção notável da Legião Portuguesa, da F. N. A. T., das Casas do Povo e dos Pescadores e de outros organismos corporativos, e a essa benemérita cruzada das distintas senhoras da aristocracia e de inúmeras outras da nossa sociedade; cruzada do bem, que tem por símbolo a nobre duquesa de Palmela, fundadora das Cozinhas Económicas e como expressão máxima Sua Majestade a Bainha Senhora D. Amélia, rainha virtuosa e rainha mártir ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... fundadora de várias instituições valiosas ainda existentes e, nomeadamente, da Assistência Nacional aos Tuberculosos, cujo nome, tão consagrado, foi alterado há tempo por razões que não me convencem.
Não é tudo?
É certo, porque nunca é possível dispensar a acção e a colaboração do Estado. A teoria da intervenção do Estado, agora dogmaticamente apregoada, é tão «moderna» ... que já vem de Moisés, que talvez nela meditasse nas suas locubrações quando, expulso da Terra da Promissão por ter duvidado da palavra do Senhor, contemplava tio monte Nebo a terra de Canaan! ...