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410 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 141

José Luís da Silva Dias.
José Maria de Sacadura Botte.
José Martins de Mira Galvão.
José de Sampaio e Castro Pereira da Cunha da Silveira.
José Teodoro dos Santos Formosinho Sanches.
Luís António de Carvalho Viegas.
Luís da Câmara Pinto Coelho.
Luís Cincinato Cabral da Costa.
Luís da Cunha Gonçalves.
Luís Maria Lopes da Fonseca.
Luís Mendes de Matos.
Luís Teotónio Pereira.
Manuel Colares Pereira.
Manuel da Cunha e Costa Marques Mano.
Manuel Hermenegildo Lourinho.
Manuel José Ribeiro Ferreira.
Manuel de Magalhães Pessoa.
D. Maria Luísa de Saldanha da Gama van Zeller.
Mário Correia Carvalho de Aguiar.
Mário de Figueiredo.
Paulo Cancela de Abreu.
Pedro de Chaves Cymbron Borges de Sousa.
Ricardo Spratley.
Rui de Andrade.
Salvador Nunes Teixeira.
Sebastião Garcia Ramires.
Ulisses Cruz de Aguiar Cortês.
D. Virgínia Faria Gersão.

O Sr. Presidente: - Estão presentes 62 Srs. Deputados.
Está aberta a sessão.

Eram 16 horas.

Antes da ordem do dia

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Botelho Moniz.

O Sr. Botelho Moniz: - Passa hoje o 9.º aniversário da terminação da guerra de Espanha, cruzada da civilização ocidental contra o comunismo moscovita.
Conceda-me V. Ex.ª, Sr. Presidente, algumas palavras de comemoração.
Todos sabem que louvo publicamente o Governo ou o censuro não menos publicamente, conforme os seus actos ou propostas. No entanto, designadamente em matéria de política internacional, nunca me arrependi das sinceras e entusiásticas afirmações que fiz em sessão do Teatro Nacional, ao apresentar a minha candidatura de Deputado perante o eleitorado de Lisboa.
Não foi necessário o notabilíssimo discurso do Chefe do Governo de 25 de Novembro de 1947 para me convencer. Pertencem-lhe estas palavras lapidares, que exprimem a situação internacional por forma puramente objectiva: «A Europa sofre miséria e tem medo. Medo de quê? Medo da Rússia, medo do comunismo».
Não resisto a comentá-las perante esta Assembleia. Julgo ser tempo de que a par dos nossos problemas internos, aqui discutidos com tanto carinho e pormenor, algo se diga sobre a política externa portuguesa.
O Mundo atravessa crise gravíssima. A ameaça comunista não se limita à Europa: abrange a índia, a China, a Mancharia e todas as demais nações asiáticas. Por sobre os gelos polares e as ilhas ou águas do Pacífico e do Atlântico, dirige-se, veloz, contra a América.
A própria África, tão próxima das zonas europeias directamente visadas, não escapa aos riscos do imperialismo de Moscovo, servido urbi et orbi por «quintas colunas» de traidores. Eis o resultado da rendição sem
condições. Eis a realidade insofismável, magnificamente descrita por Salazar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Perante ela ocorre-nos esta pergunta: quem previu ontem, com segurança, espírito objectivo e estudo desapaixonado, a situação de hoje?
Quem errou gravemente, concorrendo com os seus actos para que o perigo fosse sucessivamente agravado em vez de diminuído ou anulado?
Sr. Presidente: a resposta é simples e precisa de ser dada, embora cá e lá afecte a sensibilidade de uns e o orgulho de outros. Na plêiade de estadistas que orientam ou desejam orientar o Mundo só existe um homem que, após tantos anos de Governo, não tenha tido que arrepender-se ou retratar-se de palavras ditas ou actos praticados em matéria de política externa: esse homem soube prever, porque nunca se deixou enganar pelas aparências.
Apoiados.
Chama-se António de Oliveira Salazar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É português. Mas a directriz da sua política externa já hoje não é apenas lusitana. Passou a ser europeia e está prestes a chegar a mundial.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Rasgaram-se as trevas, revelaram-se os embustes, caíram todas as cortinas políticas - menos, por enquanto, a cortina de ferro. E os povos repetem agora, desenganados e entristecidos, as palavras de Madame Roland perante a guilhotina:
«Ai! Liberdade, liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome!».

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sob o disfarce irrisório da democracia, a Rússia colocou sucessivamente na órbita do seu império a Polónia, a Estónia, a Letónia, a Lituânia, a zona oriental da Alemanha, a Bulgária, a Roménia, a Jugoslávia, a Albânia, a Hungria e a Checoslováquia.
Mutilou a nobilíssima Finlândia e prepara-se para reduzi-la à escravidão. Invadiu a Grécia com guerrilheiros armados a seu mando, e só não ganhou a cartada graças à intervenção oportuna da Grã-Bretanha e da América do Norte. Ameaça a Turquia e a Pérsia. Intriga e conspira por toda a parte, às vezes com tal eficácia que no caso grego a própria opinião pública inglesa levou meses a convencer-se das boas razões do Governo Britânico.
Mas onde começou a Rússia a urdir a teia que havia de enredar o Mundo? A oriente da Europa? Não. Quase no seu extremo ocidental, na nossa vizinha Espanha, em 1936.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nesse momento, também em nome da liberdade e da democracia, a Espanha foi invadida e retalhada em dois campos. Mas a opinião mundial não compreendeu que começara então a tragédia comunista. Portugal deu, primeiro que ninguém, o brado de alerta.
Quantas censuras sofremos! Quantas pugnas diplomáticas travou Salazar, em nome do pequeno Portugal, ao defender uma atitude vital, lógica e inevitável!
O estrangeiro não queria compreender-nos. E quanto menos o estrangeiro nos compreendia, mais nós admirávamos Salazar!