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4 DE DEZEMBRO DE 1952 121

um cunho de singular imponência, facilmente se descobre a irresistível atracção, que sobre eles exerce o sagrado túmulo que se conserva na Basílica do Bom Jesus.
Maravilhoso túmulo - maravilhoso materialmente, como obra de arte que é, e ainda mais maravilhoso espiritualmente, como facho luminoso do qual irradia em ondas de luz vivificante a civilização cristã para pontos mais afastados do Oriente. E assim o tão venerado túmulo que guarda os restos mortais do heróico missionário transformou-se em berço de uma nova civilização que, arrastando as maiores dificuldades, se espalhou por remotas terras.
E não teria sido esse precisamente o nobre e alevantado ideal que levou Portugal a arriscar-se às arrojadas aventuras que assinalaram a período áureo da sua história?
As gloriosas arrancadas que tão alto levantaram o prestígio de Portugal tornaram-se ainda mais memoráveis pela alta finalidade a que elas obedeciam - fazer cristandade.
Nessa época Portugal, correspondendo com galhardia, com generosidade, à sua vocação missionária, empenha-se ardorosamente na cruzada da difusão do Evangelho. Não o aterra a magnitude da empresa. Não o detém a visão dos perigos a que vai expor-se.
Parece incrível que um país tão pequeno, com diminuta população, se lance ao ousado cometimento de conquistar terras à ponta de espada para as conquistar espiritualmente. Os seus feitos de armas, os seus esforços de conquistador e as suas vitórias deviam culminar na expansão da fé cristã.
No seu ardor da evangelização Portugal excede-se a si mesmo. Integrando terras nos seus domínios, ele, movido por um alto pensamento, quer integrá-las na civilização cristã.
E nesse grandioso movimento pró-cristianismo, ao qual ele se empenha em dar um impulso cada vez mais vigoroso, tem a fortuna de inscrever entre os seus combatentes quem, ao cabo de dez anos de extenuantes trabalhos, seria considerado o maior apóstolo do Oriente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Trocando as suas insígnias doutorais pela roupeta da Companhia de Jesus, Xavier renuncia ao prestígio que a nobreza da sua linhagem lhe assegurava, aos confortos que os seus ricos haveres lhe proporcionariam, às honras mundanas que o seu privilegiado talento, valorizado por todo um conjunto de altas qualidades que possuía, lhe conquistaria. Renuncia a tudo isso para aceitar a missão que Roma e Portugal lhe confiam.
Relevantes são os serviços que Xavier prestou à causa da Religião, que para Portugal, nessa época, era também a causa nacional.
Tão notáveis foram esses serviços que Xavier pôde ser considerado, ao lado de Afonso do Albuquerque, herói nacional.
Afonso de Albuquerque e Francisco Xavier são dois nomes com tão larga projecção na história de Portugal no século XVI que seria impossível escrevê-la sem os mencionar, sem exaltar e encarecer a grandiosa obra que perpetua esses nomes através dos séculos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Albuquerque, numa genial vista das trágicas e funestas consequências da conquista material, da conquista a golpes de espada, se esta não fosse seguida da conquista espiritual, adoptou desde logo a política de atracção para se insinuar no ânimo dos povos dominados.
E, fiel a essa política, entre outras medidas que promulgou, promoveu a expansão e o incremento da religião cristã nessas terras.
Essa salutar ideia convertia-se em realidade cada vez mais brilhante pelos fecundos labores apostólicos do Xavier.
Com o coração incendido na mais pura ascese, Xavier entrega-se ao trabalho da regeneração dos cristãos em Goa e, estendendo muito além o raio da sua acção, ao da formação de novas cristandades.
Portugal segue com vivo interesse as jornadas apostólicas do abnegado missionário - jornadas que se assinalam por crescentes triunfos. E por isso as autoridades portuguesas não se recusaram a auxiliar a quem tão ardorosamente se devotara ao belo ideal que era a sua única preocupação.
Xavier, por sua vez, deu eloquentes testemunhos do seu reconhecimento pelo muito que Portugal fazia pela causa da religião.
Em abono desta afirmação poderia aduzir sinceras passagens das suas memoráveis cartas. E quando digo cartas evidentemente não me refiro às que são justamente consideradas apócrifas, e que ultimamente têm servido para uma odiosa campanha.
Tal era o apreço e a simpatia que Xavier sentia por Portugal que, sendo espanhol, em vários passos das suas cartas se chamava português.
A comemoração centenária que hoje se realiza na velha cidade de Goa é a mais apoteótica consagração da obra imorredoura do ínclito herói da religião e de Portugal que S. Francisco Xavier é.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Salvador Teixeira: - Requeira a V. Ex.ª, Sr. Presidente, se digne mandar publicar no Diário das Sessões os elementos vindos do Ministério das Comunicações que V. Ex.ª comunicou ontem estarem à minha disposição, e que dizem respeito ao requerimento que apresentei em 12 de Novembro de 1952.

São os seguintes:

Resposta ao requerimento apresentado na sessão da Assembleia Nacional de 12 de Novembro de 1952 pelo Sr. Deputado Salvador Teixeira: