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675 25 DE MARÇO DE 1955

desagradáveis informes e mostram a gravidade da situação, em toda a sua extensão.
Grave, muito grave, é o que se está passando, e não sei mesmo se ainda será possível salvar a ilha, e com ela o próprio porto de Luanda.
Situação há muitos anos conhecida, nunca o problema da defesa da ilha deve ter sido cuidadosa e competentemente encarado e estudado, ou nunca se lhe prestou a atenção que a gravidade do seu desaparecimento consigo acarretaria.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Existiu há muitos anos uma passerelle por onde os peões passavam para a ilha e mais tarde - há mais de duas dezenas de anos - construiu-se uma ponte com carácter definitivo ligando Luanda à sua ilha. Esta ponte maciça quebrou a corrente que se verificava aquando do movimento das marés, e o certo é que após tal construção as águas ha parte sul da ilha se conservam em nível ligeiramente superior ao das da baia no lado norte da ponte. Opinavam os colonos antigos que a ponte deveria ter um ou dois arcos, para permitir o livre movimento das águas, mas o certo c que os técnicos de então não concordaram com esta sugestão ou julgaram errada a voz do povo. Mas para ela se terá de caminhar seguramente.
Para proteger a ilha vinha executando-se como sistema defensivo o de estacaria colocada em vários Ângulos e com distâncias variáveis entre estacas, o que dava às vezes resultados transitórios, obrigando o mar a repor a areia que levara; mas logo em seguida em novas investidas tudo fazia desaparecer -estacas e areias repostas -, espalhando aquelas ao longo da ilha ou levando-as para o mar, e continuando sempre na sua senda destruidora.
Há um ano, se tanto, foram ali enviados engenheiros especializados, e pessoalmente vi há três meses o novo sistema de protecção por meio de grandes quantidades' de pedra conduzidas por camionagem e lançadas sobre as areias como forte camada protectora.
E, como leigo que sou em trabalhos desta especialidade, fiquei com a impressão de que o sistema estava resultando e prometia assegurar a almejada protecção.
Infelizmente as noticias recebidas parecem não confirmar totalmente estas esperanças, apesar de fotografias que tive ocasião de ver mostrarem os cortes em locais ainda mal protegidos ou onde não existia esta protecção.
E se realmente assim for, e se de facto se verificou que a protecção por este sistema se mostra eficaz, demonstrado ficará o quanto tardiamente se chegou à conclusão acertada de defender convenientemente a ilha, por se ter recorrido a técnica mais aperfeiçoada e indicada para estes casos, pois a ilha já desde há boas dezenas de anos que vem sofrendo ataques mais ou menos perigosos para a sua segurança, c provado ficará igualmente que trabalhos destes não são para não especializados.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Eu sei, todos nós sabemos, que o Governo da metrópole e o de Angola estão absolutamente ao par desta situação e melhor do que nós, suponho, saberão solucionar o problema grave que apresentaria o desaparecimento total ou parcial da ilha de Luanda.
Temo porém, que, se não se insistir nos estudos e não se activarem os trabalhos, venha a ser demasiado tarde, não para salvar a ilha no que ela representava como logradouro dos habitantes da capital, que ali viviam e ali se deslocavam diariamente para só refrescarem nas tardes escaldantes da época quente, mas para salvar o porto, no que ela representa como cortina protectora contra as investidas do mar.
Sabido, porém, que estiveram em Luanda dois engenheiros especializados em trabalhos de defesa contra o mar e que no Laboratório de Engenharia Civil se estuda afincadamente este problema, ainda acalento uma réstia de esperança de que se encontre a solução salvadora, antes de a ilha ter desaparecido totalmente.
Se tal não acontecer, ter-se-á de recorrer a muito mais custosos sistemas de defesa, que será mister levar a efeito para tentar salvar o porto.
Ao fazer estas ligeiras referências sobre o que se passa com o porto de Luanda move-me apenas o interesse que mantenho bem vivo pelo bem de Angola e na esperança, que espero ver transformada em certeza, de que o Governo não se poupará a fazer os maiores esforços para vencer esta calamidade e que o Sr. Ministro do Ultramar, que tanto vem interessando-se por todas as províncias que comanda, conhecendo como poucos o que representa este porto para a vida económica de Angola, será o mais esforçado defensor da ilha e do porto de Luanda.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - São estes os meus votos e o motivo da minha resumida intenção.

Vai S. Ex.ª o Sr. Ministro do Ultramar partir por estes dias para a sua viagem a Moçambique. Faço os melhores votos pelo completo êxito desta viagem, tanto para S. Ex.a como para a província irmã, e eu fico com a esperança de que a sua breve passagem por Angola seja igualmente assinalada pelas providências que seguramente ordenará neste sentido, com a urgência, e a oportunidade que caracterizam a sua acção sempre decisiva.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Pinto Barriga: - Sr. Presidente: pedi a V. Ex.ª a palavra para insistir novamente sobre os meus já antigos requerimentos pedindo informações acerca da rubrica geral do problema de administração, que, pela demora, chego a poder pensar que para certo burocratismo talvez não sejam indiscretas as perguntas ... mas possivelmente as respostas.
Esses requerimentos dizem respeito a vários problemas, que singelamente vou resumir.
Quanto ao do pão, está na mesma, num pleno dirigismo, até com incipiente capitalismo de Estado: na mesma para o consumidor, que come mau pão, mal e apressadamente fermentado, possivelmente por inadequados fermentos; para a panificação, que não pode escolher onde comprar as suas farinhas, e para a moagem, que, dentro de taxas de indústrias insuficientes, só pode trabalhar com rentabilidade quando excessivamente concentrada, se não tende a entrar na selva escura da ilegalidade diagramática de fabricação!
Quanto ao regime de petróleo e gasolina, continuo sem os dados pedidos. O mesmo sucede quanto aos diamantes, quanto às informações sobre matéria de aposentações e, finalmente, quanto à normalização contabilística dos organismos corporativos. Vivemos hoje aqui numa ideologia muito macro-económica. Não sei se me está a ouvir o Sr. Deputado e meu querido amigo major Botelho Moniz, a quem irritam os meus neologismos.
Por agora avulta em matéria de planificação a siderurgia, mas bastante já desplanificada por microdeci-