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794 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 91

O Orador: - Sr. Presidente: é por todos claramente reconhecido o interesse existente no aumento e aperfeiçoamento do arsenal terapêutico na luta contra a tuberculose pulmonar, tão grave como mortífera, e contra todas as formas extra pulmonares com que semelhante flagelo se apresenta.
São necessárias mais camas, visto o número existente ser insuficientíssimo para poder fazer-se o internamento precoce e sempre prolongado de doentes portadores de tuberculose ostearticular, internamento necessário para evitar certas deformações e atitudes viciosas e ainda como preparação básica e fundamental para, em muitos casos, actuar cirúrgicamente.
E facto demonstrado que os antibióticos específicos da tuberculose, associados inicialmente ao regime sanatorial de cura climática, podem, cm certas circunstâncias, conduzir à melhoria e á cura, com restabelecimento funcional.
Mas para facilidade de evolução é necessário que os internamentos se façam o mais cedo possível, evitando assim estágios sanatoriais muito prolongados, justificados algumas vezes pela fase adiantada da doença, que não foi dentro do período próprio observada e tratada convenientemente.
Não é admissível nem compreensível que na época em que vivemos, detentores de poderosos armas anti-bacilémicas, continuem chegando aos sanatórios doentes num estado de adiantamento das suas lesões, de que só será possível a cura à custa de graves deformidades.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E é criminoso haver doentes para internamento e não haver camas que possam recebê-los, visto existirem na sua totalidade setecentas, das quais aproximadamente duzentos no Norte do País. Mas está eloquentemente provado e demonstrado que a maior morbilidade tuberculosa pertence ao Norte, devendo, consequentemente, pertencer a esta região o maior número de leitos destinados a tal fim.
Preste-se a justiça devida ao Estado, que na luta contra a tuberculose pôs gigantesco esforço, a que não podem nem devem regatear-se todos os louvores. Mas ponha-se em relevo também a assistência particular, bem merecedora do carinho e do interesse das entidades oficiais pela obra realizada.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ë função do Estado estimular e favorecer todas as instituições assistenciais, que pela saúde do povo -o seu maior e mais valioso património- trabalham devotadamente, com abnegação e carinho, auferindo-se de semelhante trabalho os mais proveitosos resultados.
Existe no Norte um instituto fundado há trinta e oito anos, que vem desde então prestando ao País uma assistência de reconhecido valor caritativo e social, como grande elemento de luta anti tuberculosa.
Queremos referir-nos ao Sanatório Marítimo do Norte, situado na praia de Valadares, Francelos, realização de um médico muito ilustre, que dedicou inteiramente a sua vida de intenso e competentíssimo labor clínico à cura da tuberculose óssea, o Dr. Joaquim Ferreira Alves, lutador intimorato pelo bem comum, a quem neste instante presto a justiça que lhe é devida e que morreu no cumprimento da nobre missão, que sempre soube honrar e dignificar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pois bom, Sr. Presidente: essa obra, que um alto espírito de homem e médico concebeu e realizou e pela qual passaram até hoje mais de dois mil doentes em regime de internamento, dispondo de 1917 a 1930 apenas de trinta camas, que nessa última data foram elevados a- cento e vinte pela criação de um pavilhão central, precisa neste momento do auxílio e da protecção material do Governo, que estou certo lhe não será negado; tem necessidade de ver aumentado o número de leitos indispensáveis ao desempenho da sua alta e magnífica função.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Em 1943 , por um subsídio concedido pelo então Subsecretário de Estado de Assistência Social, Sr. Dr. Dinis da Fonseca, nosso muito ilustre e considerado colega nesta Assembleia, foi iniciada a construção de um novo pavilhão, para mais setenta camas, tendo-se conseguido com auxílios particulares construir as fundações e o rés-do-chão, faltando para sua conclusão o 1.° andar. Dadas as circunstâncias (sistema de enfermaria), pode considerar-se de pequeno custo a conclusão desta obra, de tão alta e significativa importância.
Sr. Presidente: depois do exposto, ouso lembrar ao Governo sejam concedidos os necessários recursos, em forma de subsídio, a fim de ser ultimado esse pavilhão, cuja construção se iniciou há mais de doze anos e onde poderão ser recolhidos mais setenta doentes. Assim só consagrará uma verdadeira maravilha de piedade humana. Asilo de dores com a maior esperança, que torna alegres os que a ele se recolhem, como escreveu no seu livro de honra o saudoso bispo do Porto D. António de Castro Meireles, aqui por nós recordado há poucos dias.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Bartolomeu Gromicho: - - Sr. Presidente: pela última vez vou falar do já célebre caso da biblioteca da Manizola. Desta vez final para ter o prazer de anunciar que se encontra essa notável biblioteca a bom recato na posse da Biblioteca Pública de Évora, inclusive o rico núcleo de cimélios, este na vasta e bem defendida casa forte desta Biblioteca Pública.
Como era costume nos actos da velha e nobre Universidade de Coimbra, também agora vem a propósito recitar o início clássico da oração costumeira:
Post tot tantosque labores, chegou a bom termo este longo, arrastado e ziguezagueante problema, que levou cinco anos a solucionar nesta última fase de diligências.
Desde 1934, após a morte do visconde da Esperança, sen organizador e proprietário, que o caso do legado da biblioteca se agitou, tendo sido anulado judicialmente. Com a compra pelo Estado do edifício do Convento dos Lóios, anexo à Biblioteca Pública, ficou resolvido o problema do espaço para a recepção de tão volumoso núcleo - cerca de 20 000 volumes.
Simplesmente, as negociações da compra pelo Estado ficaram anuladas por não terem chegado a acordo de preço as partes contratantes: Estado e herdeiros. Isto aconteceu em 1933.
De então até 1950 tudo permaneceu em completo ponto morto, com excepção de diligencias platónicas junto do Ministério da Educação Nacional em 1946.
Eu próprio, quando pela primeira vez levantei a nesta estão nesta Assembleia, em sessão de 26 de Abril 1950, senti e reconheci que bradava em pleno deserto.
Entre parêntesis, há uma denúncia que eu devo fazer, em nome da verdade, nesta altura de liquidação deste