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26 DE ABRIL DE 1955 921

Em consequência, os que nela ingressam já não são os melhores. Por vezes fixara-se bons elementos, mas infelizmente, pouco tempo permanecem, pois a vida extra-universitária solicita-os pelas razões acabadas de apontar. Deste facto resulta, por vezes, a necessidade de escolha dum elemento menos datado, mas que ofereça uma certa garantia de continuidade de serviço.
Resumindo: a selecção do futuro pessoal docente do ensino superior está a fazer-se ao contrário. Não são em geral os melhores que ficam nas Universidades, mas sim aqueles que por determinadas circunstâncias não puderam, ou não quiseram, fazer carreira extra-universitária. Fácil será ajuizar as consequências bem funestas de tal política.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Sr. Presidente: alonguei-me talvez mais do que deveria sobre este assunto momentoso, que me é tão caro. Se o fiz, não foi pelo prazer de apontar defeitos e deficiências, mas sim por julgar poder prestar o meu desvalioso contributo para que tão lamentável situação se não mantenha.
E só mais uma meia dúzia de palavras para indicar alguns pontos que, no meu entender: se deveriam tomar em consideração quando se reformar o estudo da física.
Dever-se-á criar uma licenciatura em Física. A sua duração não deverá ser inferior a cinco anos. Todos os cargos para os quais seja necessária uma sólida preparação física se deverão ser desempenhados por licenciados em Física. Como é totalmente impossível estudar-se esta ciência sem uma profunda preparação matemática, dever-se-ia dar-lhe particular relevo, sem esquecer que a matemática, se destina no seu estudo. Para estimular o espírito de crítica e iniciativa organizar-se-iam, no último ano do curso, seminários onde determinados assuntos seriam apresentados e debatidos.
Termino, chamando a atenção do Governo sobre a necessidade premente de se melhorar e actual ensino da física.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentada.

O Sr. Pereira Viana: - Sr. Presidente: estão a ser apreciadas por esta Assembleia as Contas Gerais do Estado relativas ao ano de 1953.
A leitura do parecer elaborado pela Comissão de Contas da Assembleia Nacional, e de que é relator o nosso ilustre colega engenheiro Araújo Correia, a quem eu aproveito a oportunidade para dirigir os meus cumprimentos de sincera admiração pelo pormenor e clareza do estudo feito . . .

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - ... mostra a necessidade de criar condições propícias ao fortalecimento da economia nacional.
Com efeito, conforme se menciona no parecer, tem sido principalmente a sobrevalorização de alguns produtos que tem provocado o saldo positivo da balança de pagamentos e determinado um período de euforia para as actividades económicas da Nação.
O facto, porém, de a cotação desses produtos estar sujeita a circunstâncias externas e alheias à nossa vontade pode acarretar situações perigosas para a posição económica do País.
Urge, portanto, valorizar a riqueza nacional, provocando o aumento e melhoria da produção, alargando a exportação uns limites das possibilidades e reduzindo a importação no mínimo indispensável.

Vozes : - Muito bem !

O Orador: - No Plano de Fomento, em boa hora elaborado pelo Governo da Nação, procura-se valorizar os recursos que a natureza nos proporcionou, extraindo deles maior rendimento e melhorando as condições de produtividade de forma a garantir, a par de uma consolidada situação económica, o fortalecimento da posição política do País perante o Mundo.
Ora como no Plano de Fomento, de cuja execução virá a depender a evolução económica do País, por nos libertar em parte de factores estranhos e incontroláveis, está incluída a expansão da frota portuguesa, parece-me razoável que eu procure elucidar a Câmara sobre a forma como se tem operado o desenvolvimento das marinhas do comércio e da pesca e a contribuição delas para a economia da Nação.
A configuração e situação dos territórios que constituem o agregado português não podiam passar despercebidas dos governantes que com tanto empenho se têm esforçado por elevar Portugal à situação de emparceirar desassombradamente ao lado dos outros povos na comunidade das nações.
A existência de excelentes portos em qualquer desses territórios e o facto de as transacções comerciais entre eles e com o estrangeiro se fazerem na quase totalidade por via marítima implica naturalmente a ideia de confiar tal tarefa à bandeira nacional, por isso que, além de se evitar a saída de divisas no pagamento dos fretes, se obteria a garantia das comunicações em qualquer emergência.
E os recentes acontecimentos da Índia mostram bem a importância de que se reveste a possibilidade da garantia das comunicações.

Vozes : - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A última guerra e as suas nefandas consequências, as dificuldades surgidas no transporte dos produtos que constituíam necessidades vitais, os altos fretes pagos nos poucos navios estrangeiros que apareciam, o deplorável e até perigoso estado a que chegaram os navios nacionais, grande parte adquiridos em segunda mão, e ainda as grandes sacrifícios feitos pelas suas tripulações num trabalho árduo e constante sem as correspondentes comodidades nem mesmo condições de segurança, contribuíram para a reacção do País a favor de uma frota própria que servindo os interesses nacionais, pudesse, como outrora, ostentar orgulhosamente o pavilhão português em todos os mares do Globo.
E a revolução deu-se com o contentamento geral e até espanto, principalmente daqueles que nunca acreditaram na possibilidade de realização do plano preconizado no célebre despacho n.º 100 e que deletèriamente o criticavam por não suporem viável o regresso de Portugal ao mar.

Vozes : - Muito bem !

O Orador: - A renovação da frota foi levada a cabo e hoje dispomos da capacidade de transporte para satisfazer cerca de 60 por cento das nossas necessidades de importação e exportação.
Reparem VV. Ex.ªs que à data de 1 de Janeiro de 1945, isto é, antes do despacho, as possibilidades da marinha mercante nacional limitavam-se ao transporte de, aproximadamente, 230 000 t de carga e 3533 passageiros, contando já com os navios alemães que entretanto se tinham adquirido.