18 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 103
tungsténio, que nos seis primeiros meses deste ano igualou a do ano de 1954.
41. No sector das indústrias da alimentação Lá a sublinhar a extraordinária expansão das conservas de peixe. A abundância de pescado e a actividade dos mercados externos - as restrições na Europa desapareceram, com excepção da contingentação imposta pela França - permitiram o incremento notável da produção e uma intensa actividade comercial.
Quanto à têxtil do algodão, verificou-se um aumento na produção de fio e de tecidos.
Estes aumentos não correspondem, contudo, a mais fácil escoamento dos produtos, pois a exportação de tecidos para o estrangeiro foi, durante o 1.° semestre de 1955, muito inferior à que se efectuou em igual período do ano findo, decréscimo este que não fui compensado pelo aumento da procura no mercado interno.
A subida da produção teve a sua origem na expansão da capacidade produtiva e na necessidade sentida pela indústria de obter maior rendimento económico pela elevação do número de turnos de trabalho.
A evolução da indústria algodoeira deverá ser influenciada durante o 2.° semestre deste ano pelo maior recurso ao algodão exótico, de preço superior ao das ramas ultramarinas, cujas colheitas diminutas causam preocuparão.
Igualmente na indústria têxtil de lanifícios aumentou a produção de fios e tecidos, não só em relação ao 1.º semestre de 19-54, como à média semestral do mesmo ano.
Sendo os números respeitantes à produção significativos de uma laboração mais intensiva, deveria admitir-se que a economia deste sector industrial estivesse em caminho de franca recuperação.
A melhoria verificada na produção de lanifícios deve, no entanto, ser considerada, tendo em couta a descida de preço de lã estrangeira e manutenção do da lã nacional, facto este que não evitou que os produtos finais passassem a ser vendidos à base de cotações da época de venda, e ainda a não coincidência da produção de tecidos com o consumo real, pois está a verificar-se uma transferência de stocks das fábricas para a cadeia armazenistas-retalhistas-alfaiates, com crescentes dilatações de prazo dos créditos.
Quanto à indústria da cortiça, se bem que os volumes de produção de Janeiro a Maio de 1955 se situem em níveis inferiores (semimanufacturados e manufacturados) aos de 1954, as disponibilidades de matéria-prima preparada são apreciáveis, e, a menos que problemas surjam quanto à colocação dos respectivos produtos, é de esperar nível elevado de actividade.
Na indústria do papel deu-se um certo incremento no fabrico do papel e cartão; a produção de pasta decaiu um pouco.
A indústria de curtumes acusou aumentos de produção, que, todavia, não traduzem a sua real situação económica, dada a concorrência dos sucedâneos e dos próprios produtos congéneres estrangeiros.
A fabricação de pneus e câmaras-de-ar teve um certo incremento quantitativo, embora se não tenha verificado igual tendência na valorização.
O panorama patenteado pela nossa indústria química no 1.° semestre de 1955 mostra que se produziu menos sulfato de cobre, menos explosivos e menos óleos refinados e menos alimentos para gados.
Em níveis superiores no do 1.º semestre de 1954 situaram-se as produções de ácido sulfúrico, de resinosos, de adubos, de óleos de sementes oleaginosas não comestíveis, de tintas e vernizes, de fósforos e de sabões e detergentes.
Quanto aos resinosos, a explicação está na sucessão de duas campanhas muito produtivas 1 e nas facilidades encontradas para o escoamento dos respectivos produtos.
Dentro do sector da indústria química deve fazer-se uma observação ao problema das dificuldades actuais da indústria dos sabões comuns, a qual, com uma capacidade de produção muito superior às necessidades de consumo, defronta actualmente a poderosa concorrência dos detergentes estrangeiros.
A indústria da refinação de petróleos continuou a evidenciar grande expansão da produção, aproximando-se do limite da sua capacidade de laboração, visto que espera trabalhar este ano 900 000 t.
Pode dizer-se, ressalvado o carácter provisório de alguns dos números referentes à produção do 1.° semestre de 1955, que as indústrias dos produtos minerais não metálicos não tiveram, de uma maneira geral, ritmos de produção superiores aos do 1.º semestre de 1954.
Concentram-se neste grupo indústrias cuja situação económica depende da actividade construtora e das maiores ou menores possibilidades de absorção por parte dos mercados externos. Se o primeiro dos factores estimulantes não parece por ora enfraquecer, o mesmo não sucede quanto às possibilidades de escoamento para o estrangeiro, onde as condições prevalecentes não favoreceram a produção nacional.
As indústrias metalúrgicas de base revelaram algum progresso, mas os seus volumes de produção continuam ainda muito baixos, atendendo às crescentes exigências do País.
42. A produção de energia eléctrica durante Janeiro a Agosto de 1955 teve um aumento de 10,9 por cento, sendo o incremento da de proveniência hidráulica 11 por cento e o da de proveniência térmica 9.1. por cento (cf. quadro VI).
Descontando naquela produção os consumos da indústria, electroquímico, que pelo seu volume e variação a afectam, o aumento reduz-se a 9,1 por cento.
Entraram em exploração a central da Caniçada (Hidroeléctrica do Cávado) e o primeiro grupo da central da Bonçã (Hidroeléctrica do Zêzere).
Continuam em construção os aproveitamentos hidroeléctricos de Paradela (Hidroeléctrica do Cávado) e de Picote (Hidroeléctrica do Douro) e a central térmica da Tapada do Outeiro (Empresa Termoeléctrica Portuguesa), não devendo entrar em exploração durante 1955 qualquer nova central.
No que se refere ao transporte de energia, há a registar o aumento das subestações da Companhia Nacional de Electricidade, bem como o início dos trabalhos preliminares da subestação de Coimbra (interligação da futura linha Picote-Coimbra); igualmente entraram novas linhas em exploração (Cávado-Porto, Zêzere-Alferrarede), estando para breve a entrada em serviço de outras (Zêzere-Bouçã, Zêzere-Coimbra).
No próximo ano ficará concluída a linha de Setúbal a Ferreira do Alentejo e iniciar-se-á a construção da linha Picote-Coimbra.
As redes de grande distribuição e de pequena distribuição têm continuado a ser objecto de ampliação normal, de forma a fomentar o consumo da electricidade pêlos núcleos populacionais mais pequenos e afastados.
Quanto à produção de gás, o nível atingido fui sensivelmente idêntico ao de 1954.
1 Na campanha de 1954-1955 produziram-se 38 700 t de pez e 9500 t aguarrás; na campanha de 1955-1956 espera produzir-se 50 000 t de pez de 12 000 t de aguarrás.