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28 DE NOVEMBRO DE 1955 7

momento em oficialmente ela toma conhecimento da maneira como decorreu esse importante acto diplomático, enviar daqui a Sua Majestade a Rainha de Inglaterra, símbolo e expressão de unidade da mais vasta comunidade de nações que jamais existiu, as nossas respeitosas saudações.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E não será descabida aqui uma palavra de justo louvor ao Sr. Presidente do Conselho, inspirador supremo da nossa política externa, e aos seus colaboradores neste acto - ao ilustre Ministro dos Estrangeiros e ao nosso Embaixador em Londres, Sr. Dr. Teotónio Pereira.

Vozes: - .Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mas agora, meus senhores, temos de nos voltar para alguns acontecimentos dolorosos.
No dia 2 de Setembro faleceu inesperadamente o Dr. José Alberto dos Reis, mestre inigualável e respeitado de tantas gerações e primeiro Presidente desta Assembleia, cujos trabalhos dirigiu com superior competência, tacto e distinção desde 1935 a 1945.
Quando recebi a dolorosa notícia, pouco depois do meu regresso do estrangeiro, tive, com exacta verdade, a sensação daquele imenso e escuro vácuo que se nos forma no espírito quando desaparece do canto do nosso lar algum membro venerando da nossa família. Ele era, também, da nossa família política, da nossa família intelectual e moral.
O Dr. José Alberto dos Beis foi uma glória da velha Universidade de Coimbra, foi o renovador ousado das nossas leis processuais; e, mesmo sem perder de vista algumas das reacções e dos defeitos das nossas instituições processuais, a administração da Justiça fica a dever-lhe imenso. Sejam quais forem as vicissitudes daquelas instituições, há inovações que permanecerão.
Foi o primeiro Presidente da Assembleia Nacional pode dizer-se que a sua figura e o seu espirito nunca estiveram ausentes desta Câmara.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Desempenhei durante todo o tempo da sua presidência as funções de leader desta Câmara. Fiquei a dever ao que fora meu professor, em correcção, lealdade, ensinamentos e afectos, uma dívida inesquecível. Revejo-o, aqui, na sua figura pequenina, viva, irradiante, emoldurada no espaldar desta cadeira, quase parte integrante dela, atento a tudo o que ocorria na sala, ora ensinando e corrigindo com autoridade de mestre incontestável, ora desculpando com bondade paternal. Estou a revê-lo e permita a Câmara que me curve em homenagem e em saudade ante essa figura veneranda de homem público.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Como manifestação do nosso pesar, julgo interpretar o sentimento da Câmara mandando exarar na acta um voto de profundo pesar e levantando a sessão logo após algumas comemorações cuja oportunidade passaria.
Uma delas é a que devemos ao eminente homem público que foi o Dr. Armindo Monteiro, recentemente e prematuramente afastado do número dos vivos. Antigo Ministro das Colónias e dos Negócios Estrangeiros, Embaixador de Portugal em Londres, membro do Conselho de Estado, em todos esses cargos ele afirmou os mais brilhantes talentos de homem público, postos ao serviço da Nação.

Vozes: - Muito liem, muito bem!

O Orador: - A Assembleia honra-se tributando à sua memória as suas homenagens.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Finalmente, a Assembleia inclina-se, hoje, ante a dor do Chefe do Estado, a quem a morte acaba de privar da sua veneranda mãe. A Nação é sensível e acompanha certamente o seu supremo magistrado no transe dolorosíssimo por que está passando. A Assembleia Nacional, intérprete destes sentimentos, testemunha também ao Sr. Presidente da República, nesta hora de amargura e de luto para o seu coração, o seu pesar e a sua solidariedade na dor que o feriu.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente:-Tem a palavra o Sr. Deputado Vaz Monteiro sobre a viagem do Sr. Presidente da República a Inglaterra.

O Sr. Vaz Monteiro: -Sr. Presidente: em Outubro findo, durante o período do encerramento dos trabalhos da Assembleia Nacional, deu-se o notável acontecimento histórico da visita oficial a Londres de Sua Excelência o Presidente da República, a convite de Sua Majestade a Rainha de Inglaterra.
O povo português recebeu com enorme satisfação o honroso convite e desde logo sentiu que a recepção ao Chefe do Estado na grande cidade imperial decorreria triunfalmente em expressões de sincera amizade e de franco entusiasmo.
E, na verdade, foi uma jornada triunfal de prestigio para o Senhor General Craveiro Lopes e para a nossa Pátria, pelas atenções e carinho com que foi cercado o mais alto magistrado da Nação Portuguesa.
É motivo, Sr. Presidente, para nos regozijarmos com o triunfo da visita e manifestarmos a nossa gratidão a Sua Majestade a Rainha Isabel II e ao povo inglês pelo acolhimento afectuoso dispensado ao Senhor General Craveiro Lopes.
Tanto nas palavras da Rainha como nos diversos actos da recepção sentiu-se bem o decorrer de séculos de história em que Portugal e a Grã-Bretanha se encontraram unidos na luta por interesses comuns e a guardar fidelidade à sua aliança multissecular.
Há pois justificado motivo para ficarmos profundamente agradecidos a Sua Majestade a Rainha Isabel II, ao seu Governo e à população londrina.
E justo é também patentearmos ao Senhor General Craveiro Lopes a nossa congratulação, o agradecimento do País, pela maneira como se desempenhou da sua importante missão, contribuindo largamente para o êxito obtido.
Este serviço prestado ao País pelo Senhor General Craveiro Lopes, que veio confirmar o seguimento da tradicional política de amizade e colaboração entre Portugal e o Reino Unido, a continuidade da mais velha aliança no inundo, deu oportunidade à realização de vários actos e manifestações de extraordinária importância, convindo destacar: a ratificação do acordo cultural luso-britânico e do tratado do rectificação de fronteiras entre os territórios da Niassalândia e da província ultramarina de Moçambique, cujas vantagens comuns será desnecessário encarecer; a maravilhosa Exposição de Arte Portuguesa realizada no palácio de Burlington House; a afirmação