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112 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 172

garo recupere a sua liberdade e encontre a paz na justiça.
Entretanto, continuarão as violências, as repressões, a escravatura de um povo sob o jugo do império soviético.
É que não basta todo o heroísmo de uma nação inteira para recuperar a liberdade. E mais difícil reconquistar a liberdade do que defendê-la. E defende-se a liberdade não deixando esquecer quanto está em jogo, não deixando amolecer as vontades nem enfraquecer as defesas, não desistindo da luta nem abdicando de nenhuma posição, não transigindo no domínio dos princípios, dando luta sem tréguas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E preciso não esquecer que, não obstante a clara manifestação da consciência nacional, houve em Portugal omissões, silêncios e ... até defesas da atitude russa!
Lá, como cá, podem bastar umas escassas centenas para dominar e escravizar um povo inteiro. Basta que nos deixemos adormecer, perdendo de vista o essencial que está em causa, para nos darmos ao luxo de particularismos que não podem caber nestes tempos genesíacos ou nos deixemos cair no pecado da divisão e do dissídio.
Sobre nós impende o imperioso dever de extrair, até às últimas consequências, as lições que o drama húngaro comporta e, sobretudo, não alijar a obrigação de estarmos atentos e vigilantes, que bem podem estar a avizinhar-se os tempos a que há dez anos - com o poder de previsão que lhe é peculiar- aludia o Sr. Presidente do Conselho ao abrir a I Conferência da União Nacional:

Quando um país encontrou, como Portugal, uma linha conveniente de pensamento e de acção política, assente em segura experiência, é desassisado trocá-los, dando atenção a vozes aliás dissonantes, que se erguem das ruínas e das divisões da Europa a apregoar sistemas salvadores.
Sejamos largos de pensamento e aceitemos as correcções e desenvolvimentos que o regime comporta, sem se negar; intensifiquemos a aplicação dos princípios que só parcialmente têm sido aplicados quanto à organização e representação directa no Estado dos interesses que se movem no seio da Nação; continuemos de braços abertos para a colaboração de todos os que de coração isento desejem apenas trabalhar para o bem comum. Sobretudo, não percamos o ânimo nem a serenidade neste tormentoso mar de paixões e sejamos prudentes.
Tempos houve em que os Portugueses se dividiam acerca da forma de melhor servir a Pátria; talvez se aproximem tempos em que a grande divisão, o inultrapassável abismo, há-de ser entre os que servem a Pátria e os que a negam.
Sr. Presidente: referi há pouco haver passado este ano o 20.º aniversário da Legião Portuguesa, aniversário que foi comemorado no dia da Padroeira. Seria injustificável que não fosse dita uma palavra sobre o significado e sentido dessa comemoração, ainda mesmo, quando mais não fosse, para sublinhar a extraordinária mensagem de Salazar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Foi há vinte anos que os homens, tal como os jovens, cônscios do seu dever e responsabilidade, compreendendo, com inteira clareza, a gravidade do momento e a transcendência dos valores em causa, puseram de parte comodidades, preferências, diferenças de condições sociais ou intelectuais, para se entregarem à tarefa de constituir a primeira linha na defesa e salvaguarda da nossa paz, do nosso direito de crença, da nossa liberdade - da civilização cristã.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E fizeram-no com entusiasmo e com aprumo, fizeram-no de cara descoberta e fronte erguida, sem tibiezas nem temor; fizeram-no de modo a merecer a gratidão e o respeito de todos os portugueses conscientes de quanto estava em jogo.
Decorreram vinte anos. Diversas foram as missões que à Legião coube desempenhar, consoante as circunstâncias o exigiram e os superiores interesses do País o impuseram. Novas e diferentes tarefas houveram de lhe ser cometidas. De força de vigilância da ordem, que deixou de estar ameaçada, alargou as suas tarefas ao campo social, ao domínio cultural e à defesa civil do território. Em todas se reafirmou o mesmo espírito de dedicação, de renúncia, de missão!
Sempre vigilante e disposta a servir, a Legião tem constituído uma firme garantia de defesa social contra a subversão, de confiança e de fé nos destinos da Revolução Nacional.
Significativo é que, duas décadas passadas, o problema se apresente de novo da mesma maneira, se não com mais clareza e premência. As razões que levaram à sua criação e ao seu dinamismo persistem teimosamente iguais, a necessidade da sua presença permanece com semelhante acuidade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: vinte anos após o drama espanhol, o comunismo mostra de novo ao Mundo os seus métodos, processos e objectivos. Levantada a cortina, mostra-se igual a si próprio, sem outras alterações que não sejam a maior arrogância e a mais requintada crueldade. De novo se torna mais claro ao mundo ocidental que nem se modificaram os processos nem se deslocaram os objectivos do comunismo sob qualquer disfarce. De novo acode aos espíritos que é mister redobrar a vigilância, prepararmo-nos para lutar. De novo ao cuidado da Legião temos de entregar a nossa defesa contra a subversão, temos de confiar em boa parte a defesa da paz.
Não é outra a palavra de ordem de Salazar. Não pode ser diferente o espírito de todos quantos, dispersos, cumprindo a vida, se reencontraram no Pavilhão dos Desportos para a ouvir com calor e a seguir com fidelidade.
Termino com as palavras de Salazar:

A paz é sem dúvida supremo anseio e necessidade de coexistência social, mas a paz é uma posição recíproca, pelo que é preciso estar disposto, em face de poderes agressivos que não desarmem a lutar por aquilo que temos como essencial à nossa vida e à vida da nossa pátria.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Daniel Barbosa: - Sr. Presidente: as palavra; do Sr. Deputado Camilo de Mendonça não foram mais nesta Câmara, do que o eco desassombrado das atitude: