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114 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 172

tusiasta dum país; sendo esta, por princípio, aquela que mais depressa se apaixona por sistemas que só mais tarde se afirmam na experiência dos políticos condutores, ela é sempre também quem primeiro reage contra aquilo que a intuição das suas almas moças se mostra como gasto ou impotente para as prender pela novidade, pelo sucesso ou pela acção.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Ora fui justamente a juventude da Hungria, foram precisamente os estudantes das suas escolas, Universidades e liceus que vieram mostrar, oferecendo o seu cangue generoso, a incompetência e o desinteresse dos sistemas comunistas, que ainda ontem lhes prometiam - num mito de unificações supressoras de características nacionais e de fronteiras - soluções sedutoras de equilíbrio e de justiça, capazes de os apaixonar e de os prender.
Há hoje entre a «velhice» do Kremlin e a juventude aquela separação irredutível que a diferença de mentalidade que se não conjugam ou se não encontram temi fatalmente de criar e fervilha no sangue dos mais novos - que, por natureza, reagem contra a teimosia de manter como chamas alentadoras duma revolução as cinzas já apagadas de chamas que só queimaram anseios de procurada justiça, desejos de almejadas liberdades - a sede de sistema» novos dignificadores do homem e respeitadores dos seus inabdicáveis direitos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - No despontar já seguro dessa reacção da mocidade, que acabará um dia por colocar o comunismo entre as formas políticas obsoletas e gastas, a que divisões acentuadas vão marcando estigmas de descrença e impondo obrigação de substituir, a Europa encontrará, decerto, o ânimo vivifica dor para a contra-revolução; seja agora para uma revolução do Ocidente, cuja principal força da reacção e de defesa reside, não em auxílios estranhos, mas, sobretudo, na aceitação consciente daquela indiscutível verdade, e na união - que se tem de manter indestrutível - em volta dos princípios de moral, de dignidade, de liberdade e de justiça que definem a sua civilização.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não esqueçamos também que a possibilidade formal da sublevação da Hungria &e encontrou precisamente na existência duma unidade perfeita: sentiu-se que se abafaram diferenças de ideologias, que se dominaram despeites, que se esqueceram questiúnculas, todos sendo simplesmente um povo unido, e consciente, na luta contra a opressão.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Esta, também, outra lição - e bem grande - a tirar pela nossa Europa, cujo grave momento não permite que sejamos outra coisa senão teimosamente europeus; mas europeus que se afirmam na certeza de que a força civilizadora e dominante deste nosso macerado continente foi sempre a resultante vigorosa de diversas unidades nacionais: independentes e livres, fraccionadas dum todo por razões tradicionais da história, entregues a governos que melhor se adaptem às suas condições e aos seus povos, embora firmemente unidas numa comunhão de princípios de civilização e de consciência, capazes de interpretar e de impor uma moral e uma ética que

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A Hungria - melhor dizendo: o triste caso da Hungria - também a nós, Portugueses, nos pode dar que pensar, pelo que toca à necessidade imperiosa de não deixar comprometer uma unidade que tem sido a grande razão da nossa força no consenso das nações: força que se afirmou no conflito da Espanha, força que nos manteve, dentro duma paz digna, entre os horrores da guerra que há poucos unos findou; força à sombra da qual asseguramos, na índia, direitos que nos assistem e que não estamos dispostos a ceder a ninguém.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Força, enfim, que permitiu levantar o País, reafirmando-o, dum estado de desacreditado abandono em que o tinha lançado o desentendimento partidário que imperava na Nação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Loucura rematada seria, com certeza, que, unidos firmemente até agora, em volta de sãos princípios condutores, fôssemos sacrificar o equilíbrio do todo, enfraquecer essa união que nos defende, pondo puros interesses de facção, ou de partido, acima dos interesses nacionais.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Todos nós - políticos ou não políticos - somos devedores duma cooperação devotada para essa unidade nacional que as actuais circunstâncias tornam, mais do que nunca, premente; deve-a todo o português na contribuição do seu trabalho, na objectividade consciente das suas apreciações, e suas críticas, à política interna e externa do País; devem-na os estadistas também, respeitando os sentimentos que dominem, estimulando todas as energias, remoçando os seus actos de governo, fugindo a toda a atitude que possa, na verdade, desunir.
Não vamos viver sozinhos, e, mais cedo que tarde, seremos chamados à escolha de «com quem queremos viver»; mas uma escolha livre traduz, formalmente, uma vontade, e é melhor que essa vontade se afirme frente a frente a um inimigo do que desde logo se apague, por via de desacordos ou despeites, que, por serem destrutivos, enfraqueceriam a Nação.
Está à porta - estejamos certos - o momento mais grave do Ocidente europeu; o que será o Mundo de amanhã, quais as formas políticas, baseadas na experiência do passado e nas tendências do momento, que se conseguirão impor para obterem, nas condições e mentalidades que imperarem, a melhor aceitação dos povos, cedo é ainda para o saber.
O momento é de transição para alguma coisa; por isso mesmo, de crise e desnorteamento, de dúvida e perturbação.
Encaremo-lo, porém, resolutamente, dando ao imenso sacrifício desse heróico povo magiar a paga da compreensão com que aceitamos a sua lição, nobre e magnífica, de europeus; e dediquemos, por nós, um pensamento confiante e agradecido a quem - já lá vão trinta anos - no desejo de bem unir para salvar uma nação, soube defender uma doutrina e definir princípios de administração e de governo capazes de constituir ainda