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118 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 172

maior, é natural que seja ao Porto dispensada a melhor e a maior atenção.
Sabemos que está em curso de construção a primeira parte do projecto de ampliação do Sanatório de Paredes de Coura, a qual compreende a instalação de mais vinte camas e outras beneficiações. Mas torna-se necessário dar andamento à segunda parte do referido projecto, que prevê a instalação de mais oitenta camas.
No que respeita ao Sanatório D. Manuel II, encara-se, com toda a objectividade, a possibilidade do seu alargamento, prevendo-se duas fases, cada uma das quais comportará a instalação de duzentos e cinquenta leitos, num total de quinhentos.
Sabemos também que se projecta uma terceira fase, que implicará a instalação de serviços completos, médicos e cirúrgicos, os quais, reunidos às quinhentas camas das fases anteriores, passariam a constituir uma nova unidade sanatorial independente.
Contudo, não se adquiriu ainda o terreno onde deverá implantar-se esse sanatório, havendo urgência de proceder a tal operação, para assim poder realizar-se o empreendimento, do qual muito beneficiaria a cidade, que à tuberculose paga tão pesado tributo.
Não podemos deixar de lembrar o alargamento das instalações do Hospital Rodrigues Semide, magnífica ideia, que sobremaneira enobrece a cidade, visto o Semide ter sido o primeiro instituto criado no Norte para cura da tuberculose.
E os homens que a essa obra prestaram todo o seu esforço quero neste momento lembrá-los, como prova de gratidão pelo muito que realizaram: o Sr. José Galem, que recordamos com saudade, e o Sr. Manuel Pinto de Azevedo, grande figura de benemérito do Porto, que nunca se nega a servir e defender os interesses desta cidade.
A ampliação do Hospital Rodrigues Semide, cujo projecto se encontra já elaborado, dedicando-lhe a Mesa da Santa Casa da Misericórdia e o Governo Civil do Porto a maior atenção, teve já aprovação decidida e franca do Sr. Subsecretário de Estado da Assistência Social, dando-lhe todo o apoio e vindo até estudar, m loco, as alterações a fazer no projecto que lhe foi apresentado.

O Sr. Elísio Pimenta: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Elísio Pimenta: - A Misericórdia de Braga vai publicar, por estes dias, o discurso que o Sr. Subsecretário de Estado da Assistência fez há poucos dias naquela cidade.

O Orador: - Muito bem.

Não se cansa o ilustre membro do Governo na procura de soluções para os mais diversos problemas que constantemente se lhe deparam e que resolve, dentro dum espírito de superior inteligência que sabe demonstrar em todos os actos que pratica.
E, continuando, verificamos terem-se construído recentemente no Norte os dispensários de Espinho, Gaia, Gondomar, S. João da Madeira, Lamas da Feira, Maia e Santo Tirso, não se encontrando ainda alguns destes em funcionamento. Não quero deixar de focar aqui, em breves palavras, a obra que a Assistência aos Tuberculosos do Norte de Portugal vem realizando, num quarto de século da sua existência, pela acção dos seus dispensários, dos seus preventórios infantis e da construção, em franco período de acabamento, do Sanatório do Monte Alto, lutando e vencendo todas as dificuldades, à custa do esforço realizado pelo seu director, Prof. Lopes Rodrigues.
Também a este estabelecimento de assistência particular vem o Governo prestando o maior auxílio, através do Sr. Ministro do Interior, Dr. Trigo de Negreiros, do Sr. Subsecretário de Estado da Assistência Social, Dr. Melo e Castro, e ainda do Sr. Dr. Baltasar Rebelo de Sousa, {Subsecretário de Estado da Educação Nacional, aos quais se não podem regatear louvores, pelo interesse e pelo carinho dedicados a tão projectante iniciativa.
Os vultosos subsídios que lhe vêm sendo concedidos muito têm contribuído para a magnífica obra de assistência antituberculosa, que muito enriquecerá num breve espaço de tempo os meios indispensáveis à campanha em marcha contra tão maléfico flagelo.
Sr. Presidente: quero terminar esta pequena exposição com algumas considerações de ordem geral. Sabe-se que, quer se trate de tuberculose, quer de outra doença infecciosa, o envelhecimento de uma endemia em determinada raça ou região implica nítido abaixamento da intensidade com que a infecção se manifesta nos indivíduos que sucessivamente vai contaminando.
Daí resulta a perigosa noção de que o mal tende a extinguir-se espontaneamente, o que não é verdade.
Mas o estadista que tenha a seu cargo velar pela saúde pública, e que será, como na ocasião presente, uma pessoa eminentemente moral, não poderá cruzar os braços, esperando que a simples marcha do tempo suprima o flagelo, pelo desaparecimento dos menos resistentes ou dos menos protegidos. E esse um preço excessivamente elevado com a morte de todos os que sucumbem pela referida causa e com a desgraça dos que ficam e que dos primeiros dependiam.
Citando uma frase já velha do eminente mestre Charles Nicolle, direi que é preciso e ter mais fé na nossa acção rápida e lógica do que em vias hipotéticas obscuras e a longo prazo da natureza».
Se é um facto bem averiguado que entre nós, por efeito do envelhecimento da endemia, e sobretudo em razão do aparecimento das modernas medicações, a taxa de mortalidade baixou substancialmente, o mesmo não terá acontecido com a taxa de morbilidade.
Exprimimo-nos de maneira indecisa sobre este último ponto, porque, em boa verdade, não dispomos de meios estatísticos em que nos apoiemos para afirmar com mais nitidez o estacionamento ou até o aumento da morbilidade tuberculosa.
Com efeito, do nosso conhecimento não existe nenhum trabalho sério em que se investigue a morbilidade tuberculosa, não direi em toda a população, mas numa determinada região ou classe de trabalhadores.
E essa uma tarefa a realizar, sem a qual, neste campo, nenhuma acção governativa pode ser orientada com aquela precisão científica que implica a resolução de um problema estritamente técnico como este.
Com tal ausência de elementos demonstrativos temos de nos contentar em pulsar as impressões dos práticos, que dia a dia contactam com a questão, e também com as opiniões dos tratadistas.
Oro uns e outros nos indicam que no aspecto da morbilidade o problema se não atenuou. Vem a propósito citar um trabalho recentíssimo do Prof. Etienne Bernard, da Faculdade de Medicina de Paris, em que se pode ler:

Vimos que, mesmo nos países em que a curva da mortalidade tuberculosa atingira nível muito baixo, a curva da morbilidade estava longe de ser tão favorável.
Com excepção de cinco ou seis países, a endemicidade tuberculosa por toda a parte permanece ainda elevada.