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250-(4) DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 178

de trabalhos de investigação aplicada, mas isto só na medida em que não seja afectada a investigação pura;
Os organismos nacionais consagrados u investigação deveriam ser orientados na sua política por comissões formados por representantes da ciência e da indústria.
A política fiscal dos Governos deve estimular um acréscimo das despesas na investigação e, particularmente, facilitar a formação dos capitais necessários para que sejam postos em prática os resultados dessa mesma investigação;
Convém atrair, desde as escolas, a atenção dos jovens para a importância capital da investigação. Sem prejuízo do desenvolvimento da personalidade de cada indivíduo, a educação deve também prepará-lo para a prática de trabalho de equipa e para a livre aceitação da correspondente disciplina ;
É preciso aproximar o pessoal da produção do da investigação, a fim de aumentar a sua mútua compreensão e o seu mútuo respeito;
É recomendável que os investigadores sejam consultados e mantidos ao corrente do seguimento prático dado aos resultados dos seus trabalhos;
Convém estimular a aprendizagem de línguas estrangeiras na formação de técnicos.
Apresentado, embora muito sucintamente, o pensamento internacional sobre o problema da investigação aplicada, passemos a examinar o aspecto actual deste problema entre nós.

3) A investigação aplicada em Portugal

a) Ao contrário do que poderá pensar-se, existem entre nós numerosos organismos oficiais de cujas atribuições faz parte a realização de investigação aplicada. O seguinte enunciado - certamente incompleto, por falta de tempo e de fontes de informação facilmente acessíveis - comprova esta afirmação:

Junta de Energia Nuclear.
Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
Junta das Missões Geográficas e de Investigações do ultramar.
Instituto de Alta Cultura.
Instituto de Biologia Marítima.
Gabinete de Estudos de Pesca.
Direcção-Geral dos Serviços Industriais.
Direcção-Geral dos Combustíveis.
Estação Agronómica Nacional.
Estação de Melhoramento de Plantas.
Laboratório Químico-Agrícola Luís António Rebelo da Silva.
Estação Vitivinícola da Beira Litoral.
Posto Vitivinícola da Régua.
Posto Vitivinícola de Dois Portos.
Estação de Lacticínios.
Estação de Cultura Mecânica.
Estação de Fruticultura.
Estação de Olivicultura.
Laboratório Central de Patologia Veterinária.
Estação Agrícola do Rio Ave.
Laboratório de Biologia Florestal.
Estação de Experimentação Florestal do Pinheiro Bravo.
Estação de Experimentação do Sobreiro e Eucalipto.
Laboratório para o Estudo das Resinas.
Direcção-Geral de Minas e Serviços Geológicos.
Direcção-Geral dos Serviços Eléctricos.

Embora com uma finalidade orientada mais no sentido da preparação de operários especializados, convém anotar a existência de uma fabrica de vidros - Fábrica-Escola Irmãos Stephens- pertencente ao Estado.
Por seu lado, são raríssimas as empresas industriais que mantêm laboratórios de investigação e tecnologia devidamente dotados de equipamento e pessoal especializado, e isso não admira, pois só as grandes unidades - entre nós bem escassas - podem suportar, isoladamente, os elevados encargos de uma eficiente organização de investigação aplicada, e não se têm criado centros comanditados por diversas empresas exploradoras de indústrias, afins ou diferenciados - sistema seguido, cada. vez mais intensamente, nos Estados Unidos.
Dispõem de laboratórios de estudo dos problemas tecnológicos relacionados com as indústrias cujos interesses representam, alguns organismos corporativos e de coordenação económica, entre os quais: a Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios; a Comissão Reguladora do Comércio de Algodão em Rama; a Junta Nacional da Cortiça; a Junta Nacional dos Produtos Pecuários; a Junta Nacional das Frutas; o Instituto Português de Conservas de Peixe, e a Comissão Reguladora dos Produtos Químicos e Farmacêuticos.
Finalmente, é muito diminuto o trabalho de investigação aplicada nos laboratórios das nossas Universidades, que, com essa finalidade objectiva, pouco mais possuem além dos centros de estudos de energia nuclear subsidiados pelo Instituto de Alta Cultura.
Vejamos agora, num rápido apontamento, em que medida os referidos organismos oficiais satisfazem às premissas enunciadas no número precedente como indispensáveis para o êxito de uma política de investigação aplicada.
b) Lutam eles coou as maiores dificuldades no recrutamento de pessoal especializado, já por serem .raro* os técnicos atraídos para a investigação, já pela severa limitação de vencimentos imposta pelos diplomas reguladores da remuneração dos quadros do Estado. Não fugimos, pois, à regra geral verificada lá fora pelas atrás mencionadas missões de estudo da O. E. C. E.
O primeiro problema só poderá ser resolvido a longo prazo, mediante um considerável esforço financeiro no sentido de aumento dos quadros de pessoal docente e melhor apetrechamento dos laboratórios e centro» de estudo universitários, a fim de permitir que ao ensino seja dada lima orientação susceptível de despertar nos alunos o gosto pelos trabalhos de investigação aplicada. Tora esse esforço de ser, durante bastantes anos, integralmente suportado pelo Tesouro Público, pois só depois de obtidos os primeiros resultados práticos, isto é, depois de acreditados os laboratórios escolares como bons alfobres de técnicos competentes e aptos a realizar estudos de investigação aplicada de interesse nacional, será de esperar contribuição de parte dos industriais e de particulares para o seu apetrechamento e manutenção. Por outras palavras: trata-se de um círculo vicioso, ao qual só o Estado pode pôr cobro, pela forma que se acaba de apontar. Voltaremos mais adiante a esta questão.
c) Em matéria de programação, forçoso será reconhecer que ela é, em muitos casos, deficiente, notando-se tendência dominante para temas de trabalho de interesse mais teórico do que prático, donde resulta o pouco prestígio de algumas das instituições em causa e o cepticismo com que, em via de regra, se acolhe o acréscimo de mais um centro ao já extenso rol dos existentes.
Deve dizar-se, em abono da verdade, que tal se não verifica em relação a alguns dos nossos organismos oficiais de investigação aplicada, que, pelo contrário, mercê de uma boa orientação e de disporem de técnicos competentes -e, sobretudo, bem informados sobre os problemas práticos que lhes cabe encarar-, têm logrado