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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 184 320-(84)

São de louvar empresas iniciadas pelo Governo-Geral através dos governos distritais, ou directamente, no sentido de demonstrar as possibilidades de vida sã e remediada de famílias indígenas. Alguns elementos verificados pelo relator das contas no local demonstram o êxito da fixação do indígena à terra, até em zonas de emigração tradicional para países vizinhos.
 obra encetada, no sentido de demonstrar as possibilidades agrícolas da província e de fixação do indígena, tem de ser continuada.
Um exame, ainda que superficial, dos elementos que foram fornecidos ao relator das contas na sua recente viagem à província e o estudo em diversas regiões das experiências feitas, além do conhecimento de resultados obtidos por empresas de natureza capitalista em diversas regiões, parecem levar à conclusão de que Moçambique tem excelentes condições de produção agrícola. A actual gama de culturas pode ser alargada e, sobretudo, melhorada.
No capítulo das receitas, sob o título «Impostos indirectos», e nas considerações gerais analisaram-se as principais exportações: o algodão, o sisal, a copra, o chá, e outras possibilidades, ou já hoje pequenas realidades, como o tabaco, o milho, até o trigo, o arroz e outras.
No entanto, os métodos de cultivo, em muitos casos, não têm sido os melhores e, noutros, os rendimentos unitários, por exemplo no algodão, ainda não atingiram a cifra desejada e possível.
Ë preciso ter em mente que a terra africana não é um eldorado, como muitos julgaram durante muitos anos. A terra africana necessita de ser tratada sem intuitos ou fins ambiciosos e com o cuidado e carinho adoptados noutras zonas do globo.
Não é suficientemente grande para ter sempre terra virgem. Não pode nem deve permitir culturas nómadas, hoje aqui, amanhã além.

A dispersão de serviços

54. Moçambique padece doa males da metrópole e de Angola. Tem serviços agrícolas dispersos por diversos organismos. Uns estudam este produto, outros investigam as condições de produção daqueloutro. Há, assim, uma dispersão de esforços e de dinheiro e faz falta um organismo orientador central, com pessoal especializado, que possa extrair dos elementos obtidos em trabalhos de campo, convenientemente orientados, as mais proveitosas conclusões sobre a aptidão agrícola das diversas zonas.
Esse organismo terá de ser criado mais tarde ou mais cedo - será um organismo de investigação e experimentação, moldado em normas e princípios práticos, que possa fornecer elementos seguros sobre as características das diversas zonas da província e suas possibilidades nesta ou naquela cultura e que possa até indicar uma previsão das possibilidades de produção de cada uma e de cada espécie, na base de elementos seguros e experimentados.
Já são conhecidos boje muitos elementos sobre diversas culturas, como as do algodão e do sisal, e nesta última há progressos evidentes na redução dos custos e, ainda, nas produções por hectare.
Na cultura do algodão o organismo que centraliza as investigações tem produzido excelente trabalho em muitos aspectos, podendo aproveitar-se desse trabalho bastantes conhecimentos sobre outras culturas.
A produção unitária de algodão não é, porém, a que poderia e deveria ser. As razões que influem nesse sentido são de diversa natureza, não vindo para aqui a discussão das causas, que, aliás, são complexas e colidem com a própria natureza dos métodos de organização da cultura: o regime de concessão.
E necessário rever o problema e procurar, com acordo de todos, achar fórmula que conduza a maiores rendimentos. O aumento do podei- de consumo da população indígena é uma necessidade em quase toda a província, se for orientado no sentido de melhor nutrição e vida higiénica mais progressiva do que a actual.
Há culturas, como a do amendoim, tradicionais- em certas regiões moçambicanas, que decaíram muito com os novos regimes de exploração, com as necessidades algodoeiras. Ora a cultura do amendoim e de outras substâncias alimentícias é essencial ao regime nutritivo do indígena. Torna-se necessário revivê-la, tanto mais que parece ser uma cultura rendosa quando adaptada às conveniências dos solos.
Por isso, o regime, já em vigor nalguns distritos, de obrigação de explorações deste tipo merece ser acarinhado e alargado a toda a província.
Outros exemplos de culturas produtivas há na província, como a dos citrinos, que já hoje floresce em pontos da província, até industrializada no bom sen lido, e a do chá, que enobrece a linda região do Gurué.
O caso da produção de farináceos, incluindo o arroz, relativamente recente, as experiências feitas no Limpopo com algodão de fibra longa e cereais em cultura regada, algumas fazendas-modelos nos territórios de Manica e Sofala, a produção de tabaco na antiga província do Niassa, principalmente em redor de Malema, o aperfeiçoamento das explorações de açúcar no Incomati e em outras regiões, intensificadas e modernizadas ultimamente, a beleza e rendabilidade das culturas de chá no Gurué e Milange, a produção de café, em certas áreas susceptível de ser alargada, a castanha de caju, que já hoje constitui exportação de grande interesse, a melhoria dos palmares da Zambézia, a própria produção de frutos em diversas zonas da província, além das explorações já referidas do sisal, do algodão, das madeiras, dão à província uma fácies produtiva de grande interesse.
A província não pode ser considerada pobre no sentido agrícola, apesar da extrema irregularidade e ato escassez das chuvas, especialmente no Sul do Save. É cortada perpendicularmente por diversos rios do certa importância alguns e de muito maior outros, como o Zambeze, que formam larguíssimos vales aluvionares. O exemplo do Limpopo e do Incomati, no Sul, tem paralelo no Zambeze e em outros no Norte.
O domínio das águas e a sua utilização em tempo próprio podem beneficiar grandemente as culturas regadas, mas terão sobretudo influência nas cheias, que são hoje um flagelo e podem sor convertidas amanhã num benefício.

55. Os serviços de agricultura despenderam 23 799 contos em 1955, sensivelmente o mesmo que em 1954 (25 319 contos). Contêm uma repartição irónica, o Fundo de Fomento do Tabaco, um a divisão de fomento orizícola secções de serviço agronómico, de economia agrícola, de botânica agrícola e florestal, e uma secção de serviço florestal, além de secções de serviços de zoologia agrícola e florestal e do serviço fitopatológico.
Existem uma estação experimental no Umbeluzi, um posto de culturas regadas no vale do Limpopo, um campo de ensaios de arroz em Chougoene, postos agrícolas em Mocuba e em Mogovolas, um posto agronómico no Ribaué. Há uma repartição técnica em Lonrenço Marques e outras repartições nos distritos de Inhambane. Manica e Sofala, Moçambique e Zambézia, além de delegações aio distrito de Gaza, Tete, Cabo Delgado e Niassa.