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15 DE MARÇO DE 1957 (363)

torização para que o Sr. Deputado Camilo Mendonça possa depor como testemunha no processo nele indicado, no dia 22 do corrente, pelas 14 horas e 30 minutos. Informo a Câmara de que o Sr. Deputado não vê qualquer inconveniente para a sua actuação parlamentar em que a Assembleia Nacional o autorize a prestar o depoimento solicitado. Consulto, pois, a Câmara sobre este assunto.
Consultada a Assembleia, foi concedida a autorização.
O Sr. Carlos Moreira: - Sr. Presidente: pedi a palavra para inundar para a Mesa. o seguinte

Requerimento

«Em complemento dos elementos pedidos em sessão de 12 de Dezembro de 1956, venho requerer novamente, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais, que, polo Ministério do Interior, me sejam fornecidos mais os seguintes elementos:
1) Cópia do orçamento da receita e despesa do hospital da Misericórdia de Vila Real de Trás-os-Montes para os anos de 1956 e 1957e conta da gerência de 1956;
2) Mapa comparativo, por meses, do volume e respectivas importâncias do fornecimento de medicamentos na consulta externa referentes aos anos do 1955 e 1956;
3) Movimento de doentes pensionistas nos quartos particulares, a contar de 1950: 4) Razões e conclusões de um inquérito feito em Setembro de 1950 aos serviços de esterilização ;
5) Conclusões e resultado do processo disciplinar mandado instaurar a determinados funcionários por despacho ministerial de 7 de Dezembro de 1956;
6) Cópia da acta de posse da actual mesa e indicação das circunstancias que determinaram a cessação de funções da mesa anterior».

O Sr. Aguedo de Oliveira: - Sr. Presidente: o caso de que me vou ocupar hoje tem aspectos predominantes sentimentais e espero que mereça acordo parlamentar.
Dirijo-me daqui principalmente à Câmara Municipal de Lisboa, mas lambem me dirijo â Câmara Municipal de Luanda e ao Governo.
Mais do que uma vez fui solicitado para que o meu mandato fosse posto ao ser viro duma nobre causa paga-se com cavalheirismo dívida de gratidão, imensa dívida dos portugueses de aquém o de além-mar. para com a memória de Salvador Correia de Sá e Benevides, sempre honrada, mas não consagrada perfeitamente.
Muitos- amigos de Angola e do continente chamaram a minha atenção para a modéstia com que foi assinalado permanentemente o famoso caudilho dos mares do Sul. esforçado condutor que duma vez para sempre. resistiu Angola à nossa sagrada unidade.
Angola era e é a Pátria!

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O Orador: - Salvador Correia, de Sá e Benevides, senhor do Couto da Pena Boa e das vilas de Tanquinhas, Arripiada e Asseca. Restaurador da Fé nos reinos de Angola. Congo. Benguela e S. Tomé. Vencedor dos Holandeses, pelas últimas indagações Históricas segundo o seu autorizado e escrupuloso biógrafo. Boxer, nasceu em 1602 e morreu de 1681 a 1687- anos conta, vivido.- inteira e temeràriamente, derramando sangue e energias, semeando aos ventos do Sul grandeza- e arrebatamentos, servindo n ideia imanente da Pátria portuguesa nos vários quadrantes onde militou.
Nascido duma estirpe já enobrecida pelo serviço colonial, filho de Martim de Sá e neto do capitão-mor Salvador Correia de Sá, este aristocrata, de tipo superior e inconfundível, cedo começou, nos ardores do exercício bélico e nas canseiras das prática administrativas, as viagens transoceânicas e muito novo se empenhou nas graves responsabilidades de comboiar para o Rei as naus de alto bordo e buque* a coberto da pirataria que enxameava então o Atlântico.
Socorre o Rio do Janeiro ainda moço mas já capitão, e levanta e arregimenta combatentes.
Em 1625 nova missão e mais alta - a de restituir nossos domínios usurpados. Rechaça os Holandeses da Baia.
Nomeado alcaide-mor do Rio, obtém também vitórias contra os índios e é incumbido, do que e desempenha cabal e habilmente, de levantar e organizar novas forças. Obtém, por isso e pela inquebrantável lealdade, merecidamente, confirmação de D. João IV no governo da capitania que. anteriormente lhe fora deferida.
General da frota em 1644, de. novo escolta, protege e comanda a travessia do Atlântico por comboio mercantil.
Talvez nesse mesmo ano se vê investido da missão de aviar Socorros na Baía e no Rio para acudir â praça de Angola. Tarefa formidável, pejada de obstáculos, sendo para isso necessário alistar e preparar soldados expedicionários, da qual se desempenha perfeitamente, mas na o sem despender forças sobre-humanas!
As coisas nem sempre correm bem, mas Salvador mio desiste facilmente.
Em Agosto de 1648 desembarca com os seus homens em Quicombo. Apesar de ter perdido a nau abunante e centenas de homens, resolve prontamente atacar a capital do território. Luanda. contra os batavos, superiores em número e fortemente acobertados na sua fortaleza.
Em 21 de Agosto de 1648 é aceite a capitalação inimiga- esta data não esquecerá mais!
Expulsa os invasores do Congo, de Bengela e de S. Tomé. vence a facinorosa Cleópatra negra, a rainha Ginga.
Restitui, recompõe, reorganiza e com pulso de terra, lava e cicatriza as feridas profundas da dominação estrangeira.
Em 1651 deixa em Luanda saudades sem conta e volta à capitania do Rio de Janeiro.
Em 1658 é investido pela terceira vez no governo desta última cidade. Três anos mais tarde os historiadores vão encontrá-lo em S. Paulo mas em nova missão.
Volta a Portugal em 1661 e vem surpreender a Mãe-Pátria dilacerada por duas facções que se digladiam - e da legitimidade e a da revolução palaciana. O herói toma para si todos os riscos, aferrado â tradição jurídica de seus maiores, incompatibilizado assim com o partido triunfal do infante, aliás escudado em séria razão de Estado.
Seguem-se anos de pendor e penúria, de prisão com homenagem, de ostracismo político e desgraça cortesã. Até que a magnanimidade real, de mãos dadas com a consciência despontante de D. Pedro II, esqueceu o libelo de traição e corrupção e restituiu o herói, no final da sua, á glória merecida e á consideração que lhe fora espoliada.
Velho, valetudinário, mas não derrubado. com um pé já em além- túmulo, na casa dos setenta, oferece-se para esmagar uma revolta em Moçambique, afirmando que
seria bom qqe quem tal vida tivera ouvi-se ainda tiros ao morrer, ao serviço de Portugal.