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514 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 196

cerca de 9 milhões de habitantes em 1970 e 10 600 000 no ano 2000; se quisermos, porém, considerar processos de extrapolação que nos levem a valores mais altos, tais como através de exponenciais ou quadráticas, encontraríamos médias de conjunto que se poderiam computar por 9 300 000 e 12 milhões de habitantes para aqueles dois anos, respectivamente também.
Partindo, para efeito da avaliação do produto nacional bruto, dos valores demográficos mais baixos - que me parecem ser, aliás, os mais prováveis-, estamos trabalhando num sentido favorável para as previsões; por isso aceito o número de 9 milhões de habitantes para 1970, ano em relação ao qual vamos procurar estabelecer umas simples previsões indicativas.
Admitamos, então, que o custo de vida actual se mantém até lá, ou seja que durante estes treze anos mais próximos os preços se manterão estabilizados, através duma política firme de controle do mercado, de fomento da nossa economia e de coordenação da nossa produção-consumo; admitamos ainda que procuraríamos conseguir para esse ano a média dos 3.000$ mensais por cada agregado populacional de quatro pessoas.
A capitação do produto nacional bruto correspondente deverá ser então da ordem dos 9.000$, ou seja o correspondente a cerca de 320 dólares, isto é, tanto como a capitação da Alemanha Ocidental em 1949; corresponderia assim, em comparação com valores observados quase vinte anos atrás, a 68 por cento da capitação de então da França, a 57 por cento da da Bélgica, a 39 por cento da da Suíça, por exemplo.
O aumento de capitação desta forma procurado implica, consequentemente, um aumento global da ordem os 58 ou 59 por cento em relação à capitação provável para 1955, que tomaremos como base; seja um aumento anual médio da ordem dos 3,8 por cento.
Este ritmo de aumento nada tem de extraordinário quando comparado com aquele que podemos encontrar em muitos países do Mundo, embora pudesse supor-se aparentemente elevado quando comparado com a ordem de grandeza dos relativos à Suécia, à Finlândia, à Inglaterra ou à Holanda, por exemplo, que entre 1950 e 1953 se mediram por valores variando de 2,2 a 2,8 por cento, ou até em relação ao dos Estados Unidos da América, que se mediu por 3,2 por cento.
Simplesmente, trata-se de países onde as capitações do produto nacional bruto são das mais elevadas do mundo civilizado, em relação às quais, portanto, não podemos pretender comparações; faça-se -isso sim - a comparação com aqueles valores que respeitam a nações que, ainda com capitações baixas, procuram firmar a sua posição no meio civilizado, que, aliás, integram, tais como a Espanha, com 8,4 por cento, a Grécia, com 6,9 por cento, e a Itália, com 5,7 por cento.
Sendo assim, e na hipótese de desejarmos conseguir em 1970 a capitação de 9.000$, teríamos de considerar então a possibilidade dum produto nacional bruto da ordem dos 81 milhões de contos, ou seja um acréscimo anual médio para esse produto nacional, entre 1955 e aquele ano, da ordem dos 2 200 000 a 2 300 000 contos.
Impunha-se, portanto, uma percentagem para o acréscimo médio anual do produto nacional bruto e em relação a 1955 entre 4,5 a 5 por cento, percentagem que, comparada com a que se pretende deva caracterizar, em média, os acréscimos do produto nacional bruto de 1955 até agora -e que é inferior a 2 por cento-, se mostra relativamente elevada.
De acordo com aquela razão marginal capital-produto nacional bruto de 10/1, necessitaríamos, de facto, de um investimento annual médio da ordem dos 22 milhões a 23 milhões de contos. E aqui começaria o desânimo!
Dêmos, porém, por barata aquela relação marginal donde partimos e admitamos que ela possa vir a estabelecer-se, não em 10/1, mas em 10/1,5, ou até em 5/1; sendo assim, o valor do investimento anual teria de se computar já entre uns 15 milhões a 11 milhões de contos, ou seja entre valores ainda superiores -mas já não tanto- àqueles que em média, e dentro de um esforço que se impõe reconhecer, vimos realizando de há uns anos para cá.
Tenho para mim que, apesar de tudo, a realidade se vai mostrar, em breve prazo, um bom pedaço mais digna de optimismo do que as aparências de momento poderiam deixar prever; de facto, um aumento anual médio para o produto bruto português da ordem dos 2 200 000 a 2 300 000 contos poder-nos-á parecer exagerado - e é-o de certo modo- em face das realidades verificadas até agora.
Contudo, elas não desmentem -ou parece que não poderão desmentir- que, apesar da queda verificada nos aumentos do produto bruto português nos intervalos de 1951-1952 e 1954-1955, este se apresenta com uma média de aumento entre 1948 e 1954 da ordem de 1 300 000 contos anuais, quando em média, também neste intervalo de tempo, as percentagens de aumentos das capitações e das totalidades do produto bruto deverão tocar os 2 e os 3,5 por cento, respectivamente.
O erro e o desânimo poderiam vir, portanto, de se querer raciocinar dentro duma lógica que só é aparente sobre valores relativos a um intervalo curto de tempo pelo facto de eles estarem exactamente coincidindo com a execução dum plano de fomento.
A aceitar, portanto, que os números relativos que para esse intervalo se encontram fossem de facto verdadeiramente indicadores duma situação e "de consequência", cairíamos no absurdo de ter de admitir que exactamente se estagnaria, num período inegável de fomento, uma evolução económica que se vinha desenvolvendo por períodos anteriores, onde os trabalhos fomentadores da nossa economia não se apresentavam, nem em valor anual, nem em valor acumulado, da forma como hoje notamos que eles se estão desenvolvendo em Portugal.
Os maus anos agrícolas, por um lado, e o tempo indispensável para que jogue, no seu pleno efeito, a repercutibilidade dos investimentos que se estão levando a cabo conjugaram-se de maneira a dar-nos, em determinado período, a impressão de uma paragem, que nos poderia desiludir francamente quanto às possibilidades futuras ou ao tempo necessário para as conseguir.
O bom senso e a observação da evolução do fenómeno do efeito do multiplicador para períodos de tempo mais largos devem-nos levar, pelo contrário, à certeza de que havemos em breve prazo de sentir na capitação do nosso produto nacional bruto - e, consequentemente, no nível de vida do País - o efeito salutar, embora insuficiente, do plano de investimento que se está efectivando.
É por isso que, olhando atentamente, embora, às nossas baixas capitações, ao nosso baixo nível de consumo, ao nosso baixo nível de vida - que se impõe exacta e corajosamente destacar para sentirmos a medida da urgência e da escala das soluções e para evidenciar o atraso em que estávamos e o que há ainda a fazer -, olho também, com particular optimismo, o futuro, acreditando, em face das possibilidades que lhe estamos criando no presente, no aumento das que realmente lhe podemos criar, e sinto que vale a pena fazer muito mais ainda, não só para levar o nível do vida médio do País àquela posição mínima que as cir-