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19 DE FEVEREIRO DE 1969 203

Impõe-se à minha inteligência e ao meu sentimento o dever indeclinável de prestar homenagem, bem ganha e bem merecida, à memória de nm homem bom, de estatura reconhecidamente grande, que o Porto acaba de perder.
E se o não fizesse, Sr. Presidente, cometeria um atentado contra aquilo que a minha consciência me dita e me impõe como obrigação a cumprir.
A cidade do Porto viveu hoje, como viveu ontem, horas de profunda tristeza e sentida amargura.
A morte de Manuel Pinto de Azevedo, que no meio social daquela cidade foi figura de grande destaque, abriu um grande vácuo, bem difícil de preencher. Obreiro infatigável de uma grande obra de acção eminentemente construtiva, trabalhando resolutamente pelo engrandecimento moral e material da sua terra, as palavras que lhe estou dedicando nada mais representam que o preito de justiça que lhe é inteiramente devido.
Grande lutador, de carácter integro e animo forte, atingiu, através do seu ordenado e generoso esforço, a mais alta posição nos sectores industriais e comerciais, onde o valor da sua actividade, da sua inteligência e da sua energia ficou eloquentemente demonstrado.
Espirito empreendedor, criou e desenvolveu empresas industriais da mais alta potencialidade no seu rendimento, que tanto e tão intensamente fizeram sentir os seus efeitos na vida económica da Nação.
Coração aberto a todas as manifestações de bondade e de amor pelo seu semelhante, estendeu a sua meritória protecção a quase todas as instituições de caridade e assistência que enxameiam o Porto, e em muitas, que activamente serviu, deixou vincadamente marcada a sua acção generosa, que será lembrada por muitas gerações.
Soube, como poucos, sacrificar muito dos seus interesses aos interesses da comunidade, pondo ao serviço da grei o seu valimento e mantendo com a sua reconhecida generosidade, as mais das vezes ocultamente, instituições humanitárias da mais alta benemerência.
Sr. Presidente: o varão ilustre que no cemitério da terra onde nasceu e à sombra da cruz que encima o campanário da igreja onde foi baptizado vai dormir o seu derradeiro sono é inteiramente digno de ser lembrado e homenageado pelo seu portuguesismo indefectível, revelado e demonstrado em múltiplas manifestações da sua inteligente, generosa e laboriosa actividade.
A Providência Divina, em seus altos desígnios, ter-lhe-á dado já o lugar que alcançou e mereceu pela prática das mais belas e mais nobres virtudes cristãs.
Eu, como humilde admirador de tão ínclito cidadão, rendendo o culto devido à memória de quem na vida foi exemplo que bem merece ser meditado e seguido, associo-me desta tribuna à grandiosa e eloquente homenagem de saudade e de respeito que o povo do Porto acaba de prestar-lhe sincera e comovidamente.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Ramiro Valadão: - Sr. Presidente: pedi hoje a palavra a fim de novamente solicitar a atenção do Governo para o problema das comunicações marítimas e aéreas entre Lisboa e o distrito de Angra do Heroísmo, pois, não obstante a reconhecida boa vontade de alguns sectores da Administração, permanece inalterável uma situação que profundamente aflige os povos das minhas ilhas.
Têm os portugueses que lá vivem e labutam confiança na acção dos homens que superiormente nos governam, designadamente na de quem foi o obreiro maior da renovação de um país que em suas próprias forças descria.
Inteira confiança depositam efectivamente as gentes das minhas ilhas na acção do Sr. Dr. Oliveira Salazar, confiança, aliás, resultante do imenso que lhe devem, na ordem regional como na nacional, o que lhes permite gritar, com plena sinceridade e total clareza, aquele «obrigado, Sr. Presidente» que para aí temos ultimamente ouvido mencionar, mas a que queremos acrescentar o voto de que Deus por muitos anos o proteja, para que a Nação continue servindo com a grandeza do seu génio singular.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-As sinceramente gratas gentes das minhas ilhas, que à Pátria nunca negaram -como é de sua primeira obrigação - todos os sacrifícios necessários, por minha voz manifestam a quem as pode e deve ouvir os vivos desejos de que sejam urgentemente melhoradas as comunicações marítimas e aéreas com Lisboa.
Na verdade, a existência do magnífico Aeroporto das Lajes, onde a todas as horas pousam os mais variados tipos de aviões, aconselha a sua utilização por uma das carreiras aéreas que estabelecem as ligações entre a Europa e a América do Norte. Como se sabe, essas aeronaves aterram no Aeroporto comercial de Santa Maria, donde pequeninos aviões transportam os passageiros três vezes por semana para a ilha Terceira e quase todos os dias para a ilha de S. Miguel, onde, infelizmente, não há ainda um aeroporto digno desse nome.

omo especialmente me refiro às comunicações com a ilha Terceira, assinalo os inconvenientes económicos e outros que advêm daquele transbordo, que obriga a uma demora em Santa Maria de, pelo menos, um dia, inconvenientes que seriam totalmente removidos se uma vez por semana um dos aviões que partem de Lisboa escalasse nas Lajes e o mesmo acontecesse na viagem de regresso.
Não refiro soluções ideais, como seriam as resultantes do estabelecimento de uma carreira dos Transportes Aéreos Portugueses para os Açores, pois penso que o facto de ainda não ter sido realizada só pode justificar-se por dificuldades de grande monta. Deixando a quem de direito o pleno equacionamento deste problema, limito-me a solicitar boa vontade e boa atenção para o que poderia ser resolvido apenas com esses requisitos. É que, às vezes, as pequeninas coisas têm tanta importância como as grandes e nem sempre os que mais pedem são os que mais têm razão.
A distância a que ficam as minhas ilhas atenua de algum modo a audição das suas ansiedades mais legítimas, e a serenidade do seu viver, a constância e lealdade do seu querer podem, às vezes, permitir que em segundo plano surja o que doutra maneira apareceria com maior vulto.
Por isso assinalo ao Governo esta urgente necessidade do meu distrito.
Sr. Presidente: outro e mais complexo problema preocupa gravemente a população do distrito de Angra: o das comunicações marítimas com Lisboa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Num ponto estão todos de acordo, e quando digo todos refiro-me aos departamentos do Estado encarregados do estudo da matéria, aos povos que sofrem as agruras de várias deficiências e até à empresa que explora as referidas carreiras-já lá vão não sei quantos anos. Na realidade, ninguém pode desconhecer que são manifestamente deficientes aquelas comunicações marítimas, não apenas no relativo ao conforto dos passageiros como quanto à conveniente celeridade dos barcos utilizados.
Ninguém tem dúvidas de que o velho vapor Lima está tão velho que até causa pasmo vê-lo ainda cruzar as