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632 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 101

nos domínios do altruísmo e da benemerência, onde a acção desse notável organismo não tem sido de menor relevância.
O fasto, que não é um banal caso de inexpressiva longevidade - estamos perante uma jovem nascida nos alvores do ano de 1888 -, não deve olhar-se com um esgar de natural indiferença.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - É que a vida dos nossos organismos académicos em geral, e muito especialmente a dos da Academia de Coimbra, tem um significado de singular importar cia em muitos aspectos da própria vida nacional.
Na verdade, para vencerem as irreverências das juventudes que os formam e aglutinarem almas e corações provindos das mais dispares latitudes da terra lusíada, fazendo obra duradoura e sólida no tempo, é necessário que os organismos estudantis possam dispor largamente de una mística especial que, transcendendo o vulgar espírito de simples associação, saiba ditar e fortalecer uma verdadeira fraternidade de sentimentos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ora é essa fraternidade, tão solidamente enraizada na Academia de Coimbra - aquela que melhor a soube criar e tem mantido sempre forte através dos tempos-, que dá foros de legítima importância à comemoração de sete décadas de vida, servindo a música, a arte e a benemerência, da Tuna Académica de Coimbra, agora feita naquela cidade e pela forma elevada que ao País foi dado conhecer, através de uma magnífica mensagem de arte e de espírito que a televisão levou aos lares portugueses na última sexta-feira.
Setenta anos, se não são a vida de um simples mortal, muito menos representam senilidade num organismo académico de Coimbra, em que a vitalidade sempre se revigora num ritmo de estuante renovação.
Geração que parte deixa à que chega, enobrecido pelo seu esforço, o testemunho representativo de um grande cor junto de valores de que foi mantenedora e que não podem ser menosprezados quando chegar a hora de nova entrega.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Assim se tem consolidado no tempo a nobreza e a dignidade da Academia de Coimbra e das suas instituições, tornando-se, ria e elas, efectivamente, as primeiras entre todas.
A Tuna Académica dá valioso exemplo desta gama de sentimentos, desta nobilíssima fraternidade dos estudantes de Coimbra, que perdura e não envelhece, antes mais se arreiga nos corações de quantos ali envergaram a capa e batina, porque Coimbra, no conjunto dos seus muitos atractivos específicos, é um filtro maravilhoso, que prende indefinidamente todos quantos um dia lhe experimentaram o forte poder do seu romântico encantamento.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ficará bem, por isso, deixar aqui uma singela palavra de saudação e homenagem à Tuna Académica de Coimbra.
De saudação e homenagem, ela abarcará não só os valores do presente, de quem se fia a grandeza do futuro, mas ainda os que foram e aos quais se deve também grandeza do passado.
Ao mesmo tempo, essa palavra sentida será também um preito de saudade pelo tempo que passou - o nosso tempo de Coimbra.
Por isso, meus senhores, não deixemos passar esta grata oportunidade e alegremo-nos pela grandeza sempre crescente, no clima de juventude perene, da Tuna Académica de Coimbra, formulando em tal sentido os nossos votos.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Pereira Jardim: - Sr. Presidente: é do conhecimento de V. Ex.ª e da Câmara a contribuição que o Caminho de Ferro da Beira tem dado para o prestígio e desenvolvimento da província de Moçambique.
E refiro-me, Sr. Presidente, não só à contribuição valiosa no campo da economia da província, como também, e principalmente, àquela contribuição que se pode medir pelo prestígio que o trabalho do Caminho de Ferro da Beira, sob a plena administração portuguesa, tem trazido à nossa capacidade realizadora em África.
Basta, Sr. Presidente, recordar que, quando da Beira Bailways transitou para as nossas mãos, o caminho de ferro que liga o porto da Beira à fronteira rodesiana não manuseava mais do que 1 500 000 t e que de então para cá, graças aos investimentos feitos e à nossa capacidade realizadora, a capacidade de tráfego foi crescendo, de modo a corresponder ao movimento de mercadorias, e se pode estimar hoje acima do nível das 3 000 000 t.
Pode afirmar-se, Sr. Presidente, que a nacionalização do Caminho de Ferro da Beira representou um acto da maior transcendência política e um acto ainda da maior inteligência administrativa por parte do Governo Português.
E é-me grato prestar homenagem ao nosso ilustre colega Doutor Águedo de Oliveira, a cuja acção como Ministro das Finanças muito pertenceu na concretização e orientação do desenvolvimento do Caminho de Ferro da Beira.

O Sr. Águedo de Oliveira: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faz o favor.

O Sr. Águedo de Oliveira: - Desejava apenas, agradecendo as palavras de V. Ex.ª, prestar um esclarecimento.
Realmente, grande parte da administração efectiva e de renovação material do Caminho de Ferro da Beira foi realizada na minha gerência, mas a aquisição foi efectuada durante a do Doutor Costa Leite.

O Orador: - Muito agradeço o nobre esclarecimento de V. Ex.ª não esqueceria eu de referir, de modo algum, o nome prestigioso do meu querido amigo Doutor Costa Leite (Lumbrales), a quem desejaria também neste momento afirmar o preito de admiração que é de justiça tributar-lhe pela acção decidida, inteligente e até corajosa que caracterizou as condições em que foi resgatado o Caminho de Ferro da Beira e se integra na notável obra realizada pelo Doutor Costa Leite (Lumbrales) durante a sua permanência no Ministério das Finanças.
E isso tal como não esqueço a continuidade do esforço renovador mantido pelo actual Ministro, Doutor Pinto Barbosa, a quem se ficou a dever ainda a possibilidade de. ampliar, como nesta Câmara solicitei e recomendei, a capacidade de acostagem do porto da Beira pela execução dos cais n.º 6 e 7, actualmente em fase de construção.
E se é certo, Sr. Presidente, que esse desenvolvimento se fica a dever à orientação criteriosa da adminis-