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13 DE MAIO DE 1959 721

pelo contributo muito apreciável que vem trazendo ao equilíbrio da nossa balança comercial, pela exportação dos seus produtos manufacturados.

Esta indústria vem atravessando grave crise há alguns anos já, tendo-se acentuado consideravelmente sobretudo nestes últimos. E referir todas as suas causas e consequências de ordem política, social e económica seria tarefa demasiado grande, em virtude do pouco tempo de que disponho. Procurarei, portanto, ser breve, sintetizando os problemas pela sua ordem de grandeza e gravidade.
O regime de trabalho a que, por força das circunstancias, está sujeita esta indústria tem tido a maior repercussão nos aspectos político e social, visto que não podemos dissociar um do outro, principalmente nos distritos do Porto e Braga. Assim, temos fábricas que fecharam, outras apenas trabalham quatro ou cinco dias por semana. Aquelas que trabalham a seis dias fazem-no, na sua maioria, com grandes sacrifícios, procurando apenas resolver o problema social.

O Sr. Virgílio Cruz: - Muito bem !

O Orador: - É preciso não esquecermos que estes 62 000 operários da indústria têxtil algodoeira, com os seus agregados familiares, e aqueles que nas indústrias complementares desta trabalham representam meio milhão de pessoas.
Vivendo, na sua maioria, nas regiões do Norte, nos concelhos do Porto, Vila Nova de Gaia, Vila do Conde, Santo Tirso, Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Braga e Fafe, onde não há outro ramo de indústria ao qual possam lançar mão, a paralisação ou redução de dias de trabalho constitui para essa grande massa de operários um problema da maior importância. Este aspecto da questão, pela sua projecção, causa-me sérias apreensões e a todos aqueles que de perto vivem estes problemas.
A indústria, em reunião conjunta, no intuito de procurar resolver o sen problema e evitar que se chegasse a situações de extrema gravidade, elegeu uma comissão de industriais que elaborou um relatório, já entregue aos ilustres Secretário de Estado do Comercio e Subsecretário de Estado da Indústria.
Nesse documento focavam-se os seus aspectos mais prementes e pedia-se para eles a atenção do Governo, através dos seus membros responsáveis.
Além dos industriais, também a própria Comissão Reguladora tinha elaborado já um extenso e bem fundamentado relatório, focando os problemas mais instantes. Não me reportarei senão a três dos seus aspectos. Creio que para dois deles é possível encontrar solução imediata, mas saliento que a demora na sua aplicação trará a curto prazo consequências incalculáveis.
Sr. Presidente: analisando o primeiro aspecto do problema, verificamos que, após longos anos de guerra, em que a indústria viveu uma época de euforia, não só pelo elevado poder de compra do mercado interno, como também porque, até 1954, a procura nos mercados externos era considerável, muitos industriais, no intuito de se actualizarem ao abrigo do despacho normativo, não só aumentaram consideravelmente a capacidade de produção das suas fábricas, como também construíram novas unidades perfeitamente equipadas, prontas a concorrer nos mercados externos em qualidade e preço. Critérios errados de condicionamento conduziram à quase duplicação da produção no curto espaço de doze a quinze anos.
Assim, o consumo de algodão, que em 1945 andava por cerca de 23 000 t, passou para 45 000 t/46 000 t em 1957-1958, as quais, acrescidas ainda de 7500 t de fibras artificiais, totalizam 53 500 t.
A partir dos fins de 1958 houve uma quebra considerável nos preços do algodão no mercado internacional em relação ao dos nossos algodões ultramarinos, e, assim, encontram-se facilmente diferenças que oscilam entre 3)8 e 45 por quilograma para as ramas altas, e para as ramas baixas, correspondentes aos nossos tipos IV, V e VI, essas diferenças vão mesmo até õ£ e 85. Esta é, entre outras, uma das causas das dificuldades da indústria têxtil, pois que não é possível concorrer nos mercados externos em preços com diferenças tão elevadas no custo de matéria-prima.
Para melhor se ajuizar do que representa o preço do algodão, tanto no fio, como nos tecidos, poderei referir que entra em 60 a 70 por cento em relação aos preços dos primeiros e em 50, 40 e 30 por cento em relação aos segundos, conforme são crus, branqueados ou tintos.
Atendendo a que o mercado metropolitano não tem poder de compra além das 28 000 t/30 000 t, só no ultramar e estrangeiro poderemos encontrar escoante para as restantes 23000 t.
Acresce ainda a circunstancia, extremamente onerosa, de a indústria ter de receber, na sua maioria, obrigatoriamente rama das qualidades IV, V e VI, que pela sua baixa qualidade e alto preço não têm fácil utilização para fabrico.
Poderei referir ainda, para esclarecer esta Assembleia, que qualquer destes tipos de algodão, depois de manipulados nas máquinas de abertura e limpeza, ao atingir a primeira fase de fabrico, atendendo à grande percentagem de perdas que sofreram, equipara-se já ao preço do custo das ramas de primeira qualidade, sem, no entanto, produzir tecido equivalente àquele que se obtém com o algodão de tipo superior.
Dadas as exigências actuais dos mercados, tanto nacional como estrangeiro e ultramarino, a indústria encontra-se impossibilitada de consumir estos ramas baixas. Assim, verifica-se que existem stock consideráveis destas ramas, tanto nas fabricas como ainda nos armazéns dos importadores e nos entrepostos.
Quem passa junto ao cais de Leixões facilmente verifica a existência de umas centenas muito largas de toneladas que aí vão apodrecendo ao sol e à chuva durante longos meses. Para que se possa avaliar do que representa o volume destas ramas baixas como encargos, tanto para o industrial como para o importador, darei a seguir a tonelagem que se encontra armazenada, aproximadamente :

Nos importadores até 30 de Abril:
toneladas
Tipo IV ..........1240
Tipos V e VI .....2380

Nas fábricas até 31 de Março:

Tipo IV ..........430
Tipos V e VI .....1040

Nos entrepostos, aguardando que os primeiros as levantem:

Tipo IV ..........260
Tipos V e VI......560

Daqui resulta que do tipo IV temos em stock cerca de 2000 t.
Dos tipos V e VI temos em stock cerca de 4000 t.
O tipo IV custa 18520 por quilograma, o tipo v 16540 e o VI 15530.

Fazendo as contas respectivas, encontramos:

Para o tipo IV atocha no valor de 36:400.000$00
Para os tipos V e VI stock no
valor de ........................ 65:000.000000
101:400.000$00