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29 DE MAIO DE 1969 831

O Orador: - A sua presença mais uma vez entre nós será não só motivo de geral satisfação, mas constituirá também a afirmação insofismável de que a comunidade luso-brasileira é já uma realidade do sangue e será, no futuro, um mais forte e seguro entendimento político entre as duas nações irmãs.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Alberto Cruz.
Dada a índole do assunto que vai versar, convido V. Ex.ª a subir à tribuna.

O Sr. Alberto Cruz: - Sr. Presidente: o aniversário da data que amanhã será solenemente comemorada no mundo português não pode nem deve passar sem que fique registada a seu respeito uma palavra nas actas desta Assembleia Nacional, pois reflecte o gesto do exército português, intérprete da verdadeira e legitima aspiração nacional, ao escrever na história pátria mais um brilhante capitulo, que ainda não encerrou, por não estarem ainda também alcançados todos os altos objectivos que o obrigaram a intervir na vida política da Nação.
É difícil fazer compreender aos novos (e nessa designação englobo os de 40 a 45 anos) o panorama do Portugal de 1926, desse velho fidalgo com largas propriedades dispersas pelo Mundo, mas «crivado» de dividas e com o seu precioso património quase dissipado, moral e materialmente, escarnecido pelos habitantes de outras nações, algumas das quais se preparavam para o leilão, que não poderia tardar, dos valores penosamente adquiridos através dos séculos, a custa de sacrifícios e sangue dos nossos esforçados antepassados.
Nos meses ouvidos ainda ressoam frases sarcásticas e cáusticas, que em países estranhos feriram profundamente a minha sensibilidade e o meu entranhado amor pátrio, incutido no lar paterno e na escola, onde um velho e austero professor prodigamente me ministrava nas suas lições de história de Portugal e me descrevia com entusiasmo as virtudes dos portugueses de outrora.
Mas não é para justificar o movimento militar e nacional de 28 de Maio de 1926 que pedi a palavra a V. Ex.ª, Sr. Presidente, mas sim para lembrar essa plêiade de oficiais que nele tomaram parte, comungantes do mesmo ideal e dos mesmos anseios, e saudá-los a todos, sem excepção, mesmo àqueles que depois, mercê de circunstâncias várias, nos abandonaram no decorrer dos anos.
Hoje só quero reportar-me à madrugada saudosa desse dia glorioso e ao entusiasmo dos conspiradores, que contagiou toda a Nação e reacendeu nas almas dos Portugueses e fez subir muito alto a chama amortecida do seu patriotismo, que iluminou vertiginosamente todo o nosso Império.
Neste dia seria falta de caridade lembrar misérias passadas.
Saúdo, pois, todos os que «arrancaram» nessa manhã já distante, e evoco principalmente a varonil figura do comandante da «arrancada», o marechal Gomes da Costa, esse herói de tantas batalhas ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-... cujo nome enfileira na longa galeria dos grandes chefes militares de todos os tempos da nossa história.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Sr. Presidente: vou terminar com um excerto de um pequeno prefácio por mim escrito em 1951, numa colectânea de subsídios e breves notas para a história da Revolução de 28 de Maio em Braga.
Já lá vão oito anos, mas as palavras que escrevi ainda hoje as subscrevo, por terem a mesma acuidade de então.
Ei-las:
«São decorridos vinte e cinco anos da data em que o exército português interveio na marcha dos negócios públicos, possibilitando a Salazar desenvolver a sua prodigiosa actividade e por ao serviço da Nação o seu cérebro privilegiado, materializando o seu e nosso desejo de elevar Portugal ao que é hoje, indo buscar ao nosso longínquo e glorioso passado os métodos com que transformou radicalmente todos os sectores do Estado, causando o assombro do Mundo e dando-lhe um alto exemplo e uma grande lição - a maior de todas dos seus tempos de mestre -, que esse Mundo terá de seguir se não quiser escravizar-se e subverter-se.
O movimento militar de 1926 foi feito sem sangue, sem ambições pessoais, sem ódios nem rancores e só com o alto objectivo de engrandecer e fazer respeitar, dentro e fora de fronteiras, este velho Portugal, esta pátria tão querida, hoje rejuvenescida pela transfusão do amor, do entusiasmo e do sacrifício dos seus filhos. Pela parcela, embora insignificante, que me cabe no movimento, sinto orgulho da transformação já operada e peço a Deus que dê às gerações presentes e futuras o mesmo ideal que informou as almas de todos os que arrancaram em 28 de Maio, e mais peço a Deus que dê, piedosamente, aos que já tombaram nesta longa caminhada de vinte e cinco anos o prémio das suas virtudes e da sua grande dedicação à Pátria».
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente:- Tem a palavra o Sr. Deputado Cortês Lobão, a quem também convido a subir à tribuna.

O Sr. Cortês Lobão: - Sr. Presidente: passou mais um ano sobre esta data já histórica na vida deste país: 28 de Maio de 1926.
Trinta e três anos nos separam desse dia em que, orgulhosamente, o brioso exército português, correspondendo ao apelo da Nação, com serenidade, cônscio das suas responsabilidades, mas com a firmeza própria dos momentos graves, saiu dos quartéis para por um dique à desordem política em que o Pais se debatia.
Por considerar esta data histórica tão intimamente ligada ao Exército, permita V. Ex.ª, Sr. Presidente, que um dos componentes desse Exército, e que foi também um modesto colaborador nessas horas ainda incertas da Revolução Nacional, lhe dedique umas palavras neste momento e nesta Assembleia Nacional.
Vitorioso no movimento em 28 de Maio, o Exército, depois de impor a ordem nas ruas e o sossego nos espíritos, sentindo a pesada responsabilidade do poder, mas respeitando fielmente os compromissos assumidos com a Nação, tentou, durante dois longos anos, encontrar o caminho para a salvação do País, procurando os bons portugueses capazes de definir e dar forma aos princípios orientadores que pusessem em marcha as aspirações da Revolução Nacional.
Foram dois anos de incertezas, de ansiedades.
Tendo recebido uma herança dificílima, numa situação catastrófica, com os cofres do Estado vazios e sem outro recurso, fomos a Genebra pedir um empréstimo à Sociedade das Nações.