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1110 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 129

a juventude das regiões ultramarinas e dos países subdesenvolvidos. Note-se que não foram já desprezados estes países no decorrer dos festivais precedentes, anãs durante estes últimos dois anos, depois do festival de Moscovo, em 1957, a União Soviética lançou, como é conhecido, vastas campanhas de propaganda tendentes a estender a sua influência na África e na América Latina e tentou - nem sempre com êxito -, como se está verificando no próprio Iraque, consolidar a sua influência no Médio Oriente. Assim, apesar de o número de participantes neste festival ter sido reduzido de 50 por cento, o número de jovens afro-asiáticos convidados duplicará e o dos delegados sul-americanos triplicará. Isto é significativo!
Além disso, enquanto que os outros participantes deverão mais ou menos pagar as suas despesas de transporte, a maior, parte dos delegados afro-asiáticos ou da América Latina serão inteiramente subvencionados. Chegados a Viena, serão sujeitos a uma propaganda intensa, com a esperança de que regressarão aos seus países plenamente conquistados para a causa soviética. O VII Festival da Juventude Mundial será, assim, uni instrumento da camapnha desenvolvida actualmente pela U. E. S. S. com o objectivo de se infiltrar nos países subdesenvolvidos da América do Sul e das regiões ultramarinas.
Quem organiza de facto o festival?
Como das outras vezes, o festival é apadrinhado pela Federação Mundial da Juventude Democrática (F. M. J. D.) e pela União Internacional dos Estudantes (U. I. E.), duas organizações satélites internacionais, hoje totalmente dirigidas e controladas por agentes soviéticos.
Porém, para melhor se camuflar a natureza comunista destes festivais, estas duas organizações criaram um Comité Preparatório Internacional (C. P. I.) para a sua organização. Contudo, a verdadeira direcção nem por isso deixará de ficar num âmbito de organizadores comunistas experimentados reunidos sob o nome de Comissão Permanente do Comité Preparatório Internacional. Esta Comissão estabeleceu um secretariado do festival de Viena, mas uma parte do trabalho tem sido efectuado nas sedes da Federação Mundial da Juventude Democrática e da União Internacional dos' Estudantes em Praga e em Budapeste.
Além desta organização central, a publicidade do festival e o recrutamento de participantes apropriados cabe em grande parte aos diversos Comités do Festival da Juventude (C. F. J.) que funcionam em cada país. São organismos permanentes que logo que o festival termina, começam a preparar o seguinte. Em cada país os membros directores dos Comités do Festival da Juventude são propagandistas comunistas especializados: juntam-se-lhes alguns não comunistas, para se criar lima atmosfera de respeitabilidade. Em' muitos países onde as verdadeiras organizações da juventude se recusam a qualquer contacto com a Federação Mundial da Juventude Democrática é o Comité do Festival da Juventude quem desempenha o papel de representante permanente.
Sabemos que, ligado a uma organização comunista juvenil portuguesa, o Movimento da Juventude Portuguesa, se encontra constituído um destes Comités do Festival da Juventude para a metrópole e que num andar perto da Sorbona, em Paris, se encontra instalado outro para o ultramar português.
Tinha-se dito que o VII Festival se realizaria em Pequim, uma escolha lógica, segundo Moscovo, mas esta ideia foi abandonada, ou, pelo menos, adiada, sem explicações. Disse-se que as dificuldades de transporte, de abastecimento e de alojamento davam aos Chineses um «complexo de inferioridade», depois da enganadora recepção oferecida por Moscovo.
Seja como for, a escolha final recaiu sobre Viena, e o Governo Austríaco deu, com pesar, a sua autorização. Em 27 de Abril de 1958, o chanceler Raab explicou, pela rádio, que a Áustria, como país democrático e neutro, não podia recusar, mas exigia dos organizadores um compromisso de que respeitariam as leis austríacas e que não se entregariam a qualquer propaganda política. Raab declarou que o festival não faria mal algum aos Austríacos, que são bastante sensatos para se deixarem impressionar por ele, e que, pelo contrário, faria muito bem aos participantes comunistas, mostrando-lhes o que é, na realidade, um país livre.
Em teoria, estes festivais têm por objecto fazer propaganda da paz e da amizade e da boa vontade internacionais. Mas os seus verdadeiros objectivos, que prosseguem com subtileza crescente, são, como foi dito, servir a causa do comunismo internacional. Constituem uma arma essencial na campanha mundial a que se entrega a União Soviética, cujo fim é apoderar-se do espírito dos jovens, pondo em prática o preceito de Lenine: «Quem conquista a juventude é senhor do futuro». Os cantos, as danças e as manifestações desportivas suo somente um écran de fumo, dissimulando um vasto programa de doutrinação política.
Nos últimos cinco festivais recorreu-se a artifícios complicados para criar a impressão de que os países comunistas desfrutam de condições de vida superiores às do Ocidente. Em cada caso, transformavam a cidade escolhida para o festival numa enorme «aldeia Potenkine», despendiam milhões com o programa, pintando as casas, reparando as ruas, construindo novos estádios, novos teatros, etc., e até reabastecendo os estabelecimentos com géneros alimentícios e bebidas que habitualmente é impossível obterem-se.
Apesar de no caso de Viena os organizadores do festival comunista não terem de ter a preocupação de criarem uma falsa impressão, a técnica será a mesma. Conquanto a política seja parcialmente interdita, ela pode infiltrar-se nos discursos de abertura, nos grupos e discussão, nas reuniões pacíficas e, sobretudo, nos apontamentos «anticolonialistas». Como anteriormente dissemos o VII Festival tem por tarefa especial conquistar os Afro-Asiáticos e os sul-americanos. Os Russos arvorar-se-ão em campeões dos «deserdados», principalmente daqueles que vivem sob o regime colonial - contra o que chamam imperialismo ocidental.
Sabe-se até que os organizadores do festival estão prontos a construir uma mesquita em Viena, gesto do maior cinismo, quando se conhecem os esforços que faz constantemente o marxismo-leninismo para suprimir todas as religiões. Os comunistas apresentar-se-ão também como os verdadeiros e defensores da paz» e pretenderão ser o único agrupamento que luta sinceramente para o desarmamento nuclear.
São estes dois últimos pontos que oferecem ao participante não comunista a melhor ocasião de descobrir a realidade escondida atrás da astúcia soviética. Lenine não deixou dúvidas a ninguém quanto à atitude comunista correcta: s... toda a campanha de paz -disse ele - é hipócrita e não serve senão para enganar o povo». Sobre o desarmamento, um teórico soviético declarou: «Na prática da sua política de paz a União Soviética conta cada vez mais com a sua potência política, económica e militar. Quanto mais poderosa for a União Soviética mais certa será a causa da paz».
Nas alusões que fazem aos festivais da juventude, os próprios comunistas desvendam, por vezes, os seus verdadeiros objectivos. E, assim, em Maio de 1955, o jor-