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3 DE JULHO DE 1959 1115

colonato da Cela e quanto o impressionara o gigantesco trabalho da barragem de Cambambe, um padrão moderno do nosso valor alinhando ao lado das heróicas ruínas do século XVIII, onde um punhado de bravos manteve a continuidade absoluta da nossa ocupação e soberania em Angola.
Não esqueçamos que, nos últimos dias, mais uma vez foi adiada uma conferência internacional, embora no seu interregno não tivessem sido dispersas as atenções para os problemas nela tratados. O Mundo continua ocupado com a situação de Berlim, esquecendo talvez problemas bem mais graves, como seja aquele a que me venho referindo.
Sr. Presidente: deixei ditas algumas palavras com que pretendi ilustrar o que sei ser a situação de Angola, descoberta pelos Portugueses, que a ocupam ininterruptamente há: mais de quinhentos anos, afirmando nessa ubérrima terra a presença imorredoira dos que deram «novos mundos ao Mundo».
Através de todas as vicissitudes da história, Angola foi sempre portuguesa e portugueses são, sem distinção de cores, todos os seus naturais, que sempre e orgulhosamente o procuram afirmar.
Nela, e pelo seu progresso, morreram milhares de guerreiros, missionários, comerciantes - portugueses todos, que se deram generosamente a uma causa santa que se impõe à admiração do mundo civilizado. Mesmo sem o culto dos nossos heróis, que o berço não permite abandonar, ficaria sempre o respeito pelos que tanto se sacrificaram, o culto pelos que deram a sua vida e cujos túmulos jamais serão profanados, porque o não consentiremos.
Não podemos esquecer que ao generoso sangue de portugueses se misturou o. ardente sangue africano, e para muitos é ignorado, e não importa saber, onde um começa e outro acaba.
Atrás de nós ficou imorredoira unia obra de gigantes. O que há a fazer em África é de uma grandeza incomensurável. Se é indispensável a calma e prudente análise dos problemas para procurar a sua solução, terá de ser compreendido o entusiasmo que em nós vive, porque, sem ele, hoje como ontem, o espírito desfaleceria, os ânimos quebrariam s o homem não se sentiria u altura da sua elevada missão.
Digo mais ainda: é necessário, é imprescindível, que todo o povo português seja mais amplamente esclarecido quanto ao nosso ultramar ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... e que de forma mais concreta continue a ver nele o natural prolongamento da Mãe-Pátria, na certeza de que encontrará em África os seus irmãos s uma terra mais rica, que o compensará dos esforços que lhe dedicar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Vejo na imprensa, cujo valor e isenção sempre reconheci e apreciei e a quem todos gratidão devemos, um dos meios mais eficazes de propagar a fé dos nossos destinos em África. A sua acção, tão meritória já, pode, e oxalá lho seja propiciado, desenvolver-se, para que sejam maiores ainda os seus assinalados contributos para a resolução dos problemas da Nação. No limiar do II Plano de Fomento, embora Angola tenha sido contemplada com interessado esforço no seu desenvolvimento, sinto em consciência que, se fosse maior essa atenção, não seria de mais. Mas grandes esperanças mantenho no que se alcançará e, dos seus resultados, o menor não será o de proporcionar o incremento do povoamento por portugueses da metrópole, obra em que o Governo se deve empenhar em escala grande, porque é uma necessidade premente da lusitanidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Para tal, necessário se torna que o Governo favoreça todas as formas de desenvolvimento industrial, agrícola e comercial de Angola, ao mesmo tempo que o crédito a longo prazo, de que espero o Banco de Fomento venha a ser um padrão.
Confio e espero que, mercê dessas medidas, em breve possamos registar o afluxo a Angola de novo sangue da metrópole, que, vivificando a seiva dos que lá se encontram, servirá ao mesmo tempo as necessidades de povoamento de uma, resolvendo quanto à outra o problema de escoamento dos seus excedentes populacionais.
Sr. Presidente: antes de terminar, uma última referência desejo fazer a angolanos, aos reformados, cuja desactualizarão de proventos lhes mantém uma carência absoluta do indispensável, quando muito do supérfluo, e que seria o prémio natural dos seus esforços e canseiras. É um problema humano, que requer a atenção do Governo. A semelhança do que se tem pedido para os reformados da metrópole, parece que todos concordam em que deveria fazer-se o reajustamento das reformas, de modo que se não perpetue uma situação que nada tem de justa. Neste campo, junto a minha voz à do ilustre colega Sr. Dr. Urgel Horta, que tem sido um incansável paladino de tão justo e humano problema.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Acrescento ainda, a propósito de Angola e dos entusiasmos que à sua beira se levantam, que continuamos aguardando, a solução de vários problemas. Entre eles, e já citado por mini nesta Assembleia, avulta o das transferências para a metrópole. A medida que o tempo passa, a situação torna-se mais aguda e da maior necessidade, a sua resolução. Urge, portanto, que se intensifiquem os trabalhos para solver este problema, que poderei continuar a classificar de número um de Angola. Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Augusto Simões: - Sr. Presidente: contaram-se ontem quatro anos depois daquela manhã brumosa em que, colhidos por tremendo golpe de infortúnio, oito valorosos aviadores da nossa Força Aérea perderam a vida num brutal acidente de que foram pávidas testemunhas as boas gentes da aldeia do Carvalho, erguida na serra do mesmo nome, do concelho de Poiares.
O evento, todo amalgamado de tragédia, fez unir num mesmo sentimento de funda emoção os corações dos Portugueses e concitou a condolência expressiva das forças armadas das nações amigas, doridas pela magnitude da desdita, logo cotada como a mais pesada e mais dura de quantas o Mundo houvera sofrido, em circunstâncias semelhantes.
Na verdade, depois de evolucionarem sobre Coimbra em impecável formação de homenagem naquele dia radiosamente amanhecido para celebração das galas da nossa Força Aérea, uma esquadrilha de doze aviões a jacto adiantou-se em volta larga até aos píncaros da serra do Carvalho para retomar aos céus da cidade e aí, de novo, dar testemunho da muita amplitude do seu