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11 DE MARÇO DE 1960 353

(...) de Turismo aos empréstimos da Caixa Nacional de Credito ou como caução dos empréstimos a conceder directamente pelo Fundo, nos termos do Decreto n.º 40 913.
Estão na Mesa as contas da Junta do Crédito Público relativas a 1958, as quais vão ser publicadas em suplemento ao Diário de hoje e baixam à Comissão de Coutas Públicas desta Assembleia.
Estão na Mesa os elementos fornecidos pelo Ministério da Marinha e que foram requeridos em sessão de 13 de Janeiro último pelo Sr. Deputado Munoz de Oliveira. Vão ser entregues a este Sr. Deputado.
Encontra-se na Mesa o parecer da Câmara Corporativa sobre reorganização do desporto, o qual vai baixar à comissão respectiva desta Assembleia e será dado proximamente para urdem dos trabalhos desta Câmara.

Pausa.

O Sr. Presidente: - Desejo comunicar à Câmara que durante o interregno parlamentar faleceu o pai do Sr. Deputado Amaral Neto. A Câmara certamente desejará exprimir ao nosso ilustre colega o sen pesar por esse acontecimento. ,

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Está na Mesa um ofício do Ministério dos Negócios Estrangeiros transmitindo diversas informações sobre cada um dos Deputados que constituem o Grupo de Amizade Turco-Português.
Vai baixar à Comissão dos Negócios Estrangeiros.

O Sr. Presidente: - Está na Mesa um ofício da Embaixada do México, que vai ser lido.

Foi lido è o seguinte:
«Embajada de México. - N.º 144. - Copia. - Lisboa, a 13 de febrero de 1960. - Ex.mo Sr. Presidente de la Asamblea Nacional: En nombre de mi Gobierno y en el mio propio muy sinceramente agradezco a Vuestra Excelência la cordial cooperación que se sirvió prestar a la Misión Parlamentaria Mexicana, presidida por el Senador Manuel Moreno Sánchez, asi como Ias iiiuu-merables atenciones que Vuestra Excelência tuvo para la misma.
El Senador Moreno Sánchez y demás acompanantes se llerarou Ia mejor impresión por la comprensiva actitud de la Asamblea Nacional hacia la misión de acercamiento y amistad que les trajo a Portugal, la cual ha dado los mejores frutos en la difícil labor que se han propuesto realizar en la mayor parte de los países de Europa.
Aprovecho tan grata oportunidad para presentar a Vuestra Excelência las seguridades de mmás alta y distinguida consideración y personal aprecio.

(Assinatura ilegível).

Al Ex.mo Sr. Dr. Albino dos Beis, Presidente de la Asamblea Nacional. Palácio de San Bento, Lisboa.».

O Sr. Presidente: - Tenho o prazer de comunicar u Assembleia que durante o interregno parlamentar fomos visitados por uma comissão de parlamentares mexicanos, Senadores e Deputados, que visita a Europa numa missão de boa vontade. Deve notar-se que esta comissão de parlamentares teve a preocupação de por europeus, começar por Portugal a sua visita a diversos países
Congratulando-me com tal facto, formulo os melhores votos para que do labor desta comissão resulte uma maior aproximação entre o México e Portugal.

Pausa.

O Sr. Amaral Neto: - Sr. Presidente: pedi a palavra para agradecer a V. Ex.ª e à Assembleia os sentimentos que há pouco se dignaram manifestar-me.

O Sr. Presidente: - Como é do conhecimento da Câmara, faleceu há dias na sua casa do Belinho o grande poeta Correia de Oliveira. Correia de Oliveira foi sem dúvida, uma das mais geniais organizações poéticas, e nesse domínio a mais lídima expressão da sensibilidade do povo português e, uma glória esplendorosa da literatura nacional. Certamente a Câmara desejará desafogar o seu sentimento pelo infausto acontecimento, que representa uma grande perda nacional; e eu darei a palavra aos oradores que para esse fim a solicitarem.

Pausa.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Cortês Pinto.
O Sr. Cortês Pinto: - Sr. Presidente: durante o período de suspensão dos trabalhos desta Assembleia Nacional entregou a sua alma a Deus alguém em cujo corpo se encarnava em génio e em graça a própria alma nacional.
Faleceu António Correia de Oliveira. Dentro da mesma hora de vigília em que nasceu o dia a alma do poeta amanhecia no Paraíso!
E nesta Assembleia, representativa de Portugal, em cujas sessões se hão-de assinalar os dias da nossa tristeza e os fastos da nossa grandeza, alguma voz haveria de levantar-se a marcar, com unia cruz de missal ou com uma estrela de ouro, a data desta efeméride no livro de horas do nosso florilégio nacional.
Permita-me a Assembleia que, como Deputado da Nação, seja em nome de todos nós que eu venha grafar junto do seu nome, a mínio e a ouro, u cruz e a estrela.
Outros o fariam e porventura o farão melhor do que eu. Mas este dever, tão grato ao meu coração, impõe-me ainda, e muito particularmente, a honra que me cabe de representar nesta Assembleia o distrito de Viseu, berço ancestral da Pátria Portucalense e madre primitiva daquela lusitanidade que em António Correia de Oliveira teve o seu poeta natural. Acresce ainda a circunstância de ser eu quem neste momento está dirigindo, por honrosa incumbência da respectiva comissão, a edição nacional das obras completas do altíssimo poeta.
Que a minha voz ao lembrá-lo possa ser, neste Capitólio da Pátria, a voz intérprete da alma colectiva da Nação.
Foi nas terras de Viriato, no mais remoto berço da nossa história, que os olhos do poeta se abriram para a luz dos céus, o seu coração para a Pátria Lusíada e a sua alma para a poesia do universo.
Àquela paisagem idílica e grave da Beira Alta ficaria sempre subjacente à inspiração do mais profundo da sua obra, quer na face campesina ou agreste do seu corpo de terra, em que as várzeas luminosas e humíferas alternam com penhascosos e hermínios cerros erguidos para a luz, quer na influição subterrânea misteriosa e pelásgica dos seus vales abruptos, dos seus maciços
ciclópicos, dos recôncavos sussurrantes e das suas sombras austeras.
Dir-se-ia que, por nado e criado mesmo no coração da primitiva Lusitânia, para sempre a Lusitânia ficaria a latejar e à vibrar em seu próprio coração. E para os seus versos transportaria o húmus, as raízes e a paisagem; e neles faria presentes em toda a sua obra as gentes do nosso tempo e as almas da nossa história.