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356 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 150

Ausente, que não indiferente, terá porventura alheado deliberadamente os sentidos dos bulícios insignificantes da praça- pública e do mal-dizer refinado das tertúlias; nunca se lhe fecharam entendimento e coração para «os roteiros da gente moça», para a compaixão e o «alivio dos tristes», para a angústia dos maios da Pátria e para a comunhão das suas glórias.
E assim descubro, Sr. Presidente, o fito das minhas palavras. Correia de Oliveira, ao longo dos anos, isolado e distante na sua casa, estava desperto, e bem desperto, nas horas esperançosas ou preocupantes da vida nacional.
Certo é, como ele próprio deixou dito, que «servir a Pátria ... também a serve ao modo extasiado mostrar que é Linda em seu vestido e jeito». Assim, amava concretamente Portugal e cantou-o «nas montanhas do seu berço» e no «doce mar salgado», nos trabalhos e nor. folguedos, na herança, dos Maiores e na singeleza dos pequenos, «na fala que Deus nos deu» e na fé cristã que gerou Portugal.
Mas - sem paradoxo - era um patriotismo vigilante o do poeta contemplativo e sereno.
Todas as vezes em que este velho País, «corpo de gentes na multidão estrangeira», sofria ou rejubilava o silêncio de Belinho falava e o poeta vinha até nós, não importando ao caso que sempre ou quase sempre se expressasse como o lírico inspiradíssimo que acima de tudo foi.
Depois da «hora incerta» da turbação e da dúvida soou a da renovada confiança.
Em 1940 Correia de Oliveira não faltou ao congresso das nossas recordações emocionadas e dos nossos propósitos de fidelidade.
Fechou agora os olhos quando, no limiar de novo ciclo festivo, os não poderia já alongar, com encantamento e devoção, até «o promontório de Sagres, esse adivinho de mundos».
Cria «na vida em Deus que a Deus regressa». A Deus regressou.
Por nós devemos confessar-nos agradecidos; u não apenas à mensagem do artista, senão que. do mesmo passo, ao exemplo do português de lei.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Sousa Rosal: - Sr. Presidente: sabe todo o mundo como a tragédia de Agadir feriu cruelmente o povo marroquino, credor da nossa melhor simpatia e maior admiração pelo seu carácter cavalheiresco, que tem para nós a mais alta significação na maneira como cuidam e conservam as fortalezas, que são padrões do nosso histórico esplendor, n assinalar a presença portuguesa no seu glorioso reino.
Nas ruínas da florescente cidade de Agadir tilaram sepultados, com milhares de marroquinos, também duas dezenas de portugueses, aproximadamente dois terços de um núcleo de modestos trabalhadores que ali e tinha fixado para ganhar a vida. Na sua quase totalidade naturais do Algarve, sua e minha província. Gente que com facilidade se expatria quando na sua terra falta o trabalho ou o ganho não chega para o sustento, mas sempre saudosa dela. Marrocos nunca foi para a gente da beira-mar algarvia terra estranha, porque desde ais mais remotas eras da nacionalidade u conheceram e a frequentaram na faina piscatória e por vocação mercantil. Foi nesse vaivém constante de costa a costa que criaram fama de audazes e fortes marinheiros, a quem o infante D. Henrique confiou o comando e a guarnição das caravelas que primeiro foram no rumo do mar desconhecido. Km toda a costa marroquina se encontram colónias operosas de algarvios, muito apreciados pela sua conduta e qualidade de trabalho, como aquela que o sismo de Agadir vitimou.
A catástrofe deu lugar a um pronto e espontâneo movimento de solidariedade entre homens e povos, assinalado por actos de pura abnegação, demonstrativo de que na hora de materialismo em que vivemos ainda há manifestações da mais digna espiritualidade.
Portugal esteve presente na onda de socorros que, desde a primeira hora, inundo» a região sinistrada, graças à imediata decisão do Governo, apoiada carinhosamente pela população em gestos do toda a ordem; muita doía se dirigiu aos postos de dadores de sangue, na ânsia de contribuir para a salvação de vidas em perigo, e é para ela que no seu número de hoje apela o Diário de Notícias, num gesto que muito honra aquele jornal e está na sequência natural das suas patrióticas iniciativas. Ao pessoal dos serviços de saúde também se devem as mais sentidas homenagens pelo altruísmo que demonstrou, marchando desde Jogo para a zona do sinistro e aprontando-se para o maior esforço.
Resta-me Sr. Presidente, solicitar do Governo que tome, com a mesma generosidade e clarividentes razões dos primeiros minutos, as providências que ajudem n reconstituir os pobres lares destruídos e a garantir, em qualquer parte, a continuação das condições de trabalho àqueles que o destino poupou a vida no terramoto de Agadir e que encheram d<_ que='que' a='a' nasceram='nasceram' de='de' ou='ou' dos='dos' tantos='tantos' do='do' as='as' trajes='trajes' onde='onde' ceifou='ceifou' morte='morte' terras='terras' luto='luto' desgraça='desgraça' das='das' atingiu.br='atingiu.br' algarve='algarve' costas='costas'> Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Creio interpretar o sentir unânime da Câmara associando-me, em nome de toda ela, às palavras proferidas pelo nosso colega Sr. Deputado Sousa Rosal nesta manifestação de simpatia e solidariedade na dor que envolveu o povo nosso vizinho Marrocos!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Calheiros Lopes: - Sr. Presidente: não vai ainda decorrido um mês que uma das mais importantes regiões agrícolas do Pais- sofreu, mais irmã vez, o flagelo de ter totalmente inundados durante dias e semanas os seus campos, alguns deles já preparados e com as sementes lançadas à terra para um novo ano agrícola, que, infelizmente, se nos apresenta com prenúncios muito pouco esperançosos.
Refiro-me às cheias do Ribatejo, cuja extensão só pode ser plenamente avaliada pelos que lhes sofrem directamente os trágicos efeitos - lavradores e trabalhadores rurais -, cujas existências e actividades SB acham constantemente à mercê das contingências do tempo e tantas vezes dos acertos ou desacertos dos homens. A esses, as populações locais não esqueceram nem esquecerão facilmente os sofrimentos e prejuízos das inundações de Fevereiro. Mas aqueles mesmo que, por não os tocar directamente o caso, poderiam deixar de sentir a gravidade do que se passou, assim como as suas consequências imediatas e futuras na economia e na vida social da região ribatejana, avaliarão o problema se repararem bem para os termos em que a imprensa se lhe referiu, conforme noticiário então publicado e de que peço licença para recordar aqui alguns mais frisantes extractos.