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150 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 182

armas e sinceros aliados, a respeito da, vinda desses garbosos cadetes, repito, o tal Sr. Plumber teve a deselegante e despropositada, ideia de perguntar ao seu Ministro da Guerra: «O que poderiam os Portugueses ensinar ao exército inglês, uma vez que a sua única experiência em a arte de fugir».
É bastante para lamentar, que tais palavras tivessem sido proferidas!
Resta-nos a compensação de sabermos que elas não traduzem, nem nunca poderiam traduzir - por falsas o injuriosas -, a maneira de pensar da Nação Inglesa nem do seu Governo.
No próprio dia em que tais dislates foram pronunciados o Ministro da Guerra inglês, na Câmara dos Comuns, e no dia seguinte o Ministro dos Negócios Estrangeiros, no jantar anual da Sociedade Anglo-Portuguesa, exultaram a vantagem desses exercícios de conjunto com militares de um país que era um leal e o mais antigo dos seus aliados.
E assim é. Foi há pouco mais de 588 anos, em 10 de Julho de 1372, que teve lugar a assinatura do Tratado de Aliança entre Portugal e a Inglaterra. Um padrão relembra, junto da igreja da freguesia de Tagilde, onde esse memorável acto se realizou.
Foi, pois, em Tagilde que se traçou o instrumento político da nossa aliança, nessa verdejante e encantadora povoação minhota, situada a curta distância de Guimarães, «a cidade augusta onde primeiro bateu, com o coração do primeiro rei, o coração de Portugal», como em 1940 disse Salazar, nas comemorações dos gloriosos oito séculos da nossa pátria.
Foi ai que brotou a nossa independência, devida à sagacidade, e estorço de D. Afonso Henriques e à valentia e heroicidade dos seus soldados - dos soldados de Portugal.
Foi para aí, também, que em 1385 D. João I se dirigiu, como solenemente prometera, «em romaria piedosa a Santa Maria de Guimarães» e como agradecimento pela vitória alcançada na batalha de Aljubarrota -consolidação da independência nacional-, devida à sim patriótica actuação, ao génio militar e à fé de Nun'Álvares e, mais uma vez e como sempre, a valentia e heroicidade dos seus soldados - dos soldados de Portugal.
Contribui também - essa valentia e heroicidade - para- a tomada de Centa, início da nossa epopeia marítima, sonhada, estudada e dirigida pelo infante D. Henrique, figura máxima da nossa história s das maiores da história universal.
Sob a sábia orientação e enérgico impulso do glorioso infante, os nossos ousados e audazes marinheiros, com soldados - que todos, afinal, soldados são de Portugal - em frágeis caravelas, sulcaram mares nunca dantes navegados, dando- pelo eu esforço novos mundos ao Mundo.
E são eles ainda - dispersos por todo o território nacional - na Europa, na África, na Ásia, na Oceânia, que, com a maior serenidade, aprumo, firmeza e convicção proclamaram: aqui é Portugal!
Eco potente e altissonante do que pensam e rezam todos os portugueses.
E os nossos soldados - os soldados de Portugal - nunca se deixaram embalar nem adormecer pelas glórias do passado, pois têm estado sempre presentes
- sós ou em companhia de aliados - onde a honra da Pátria exige, que cumpram a sua nobre missão.
Fácil seria, portanto, demonstrar ao tal Sr. Plumber, mesmo com pormenores interessantes, a sem-razão das suas mal intencionadas palavras, no caso de ele não ter conscientemente errado. Mas não é justo tirar mais tempo a VV. Ex.ªs por causa deste lamentável assunto.
Sr. Presidente: antes de terminar, devo declarar - com toda a sinceridade e o maior prazer - que, em virtude das várias missões que, como militar, tenho desempenhado, por vezes em situações algo delicadas e críticas, como no Extremo Oriente, mantive sempre as melhores relações com as entidades inglesas com que porventura tinha de tratar, as quais também sempre, num ambiente de óptima camaradagem e com a correcção e dignidade que lhes são peculiares, me dispensaram inúmeras atenções.
Mais uma razão, portanto, para julgar o caso do tal Sr. Plumber muito para lamentar e nada parlamentar.
Enfim! As pessoas que se quiserem dar ao trabalho de traduzir literalmente o nome desse senhor poderão dizer, quanto à sua intervenção: Picheleirices! ... Picheleirices! ...
Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Brito e Cunha: -Sr. Presidente: na minha qualidade de director do Instituto do Vinho do Porto, cative recentemente em Inglaterra, onde entendi dever ir agradecer a atitude de todos quantos, por qualquer forma, contribuíram para a redução de direitos nos vinhos generosos, medida que veio auxiliar de maneira muito sensível a exportarão do vinho do Porto para aquele país.
Essa homenagem era, em primeiro lugar, devida a Lord Amory. antigo chanceler do Tesouro, que apresentou ao Parlamento britânico o orçamento em que essa redução estava prevista, afirmando no seu relatório que o fazia em face de uma sugestão que nesse sentido lhe tinha sido apresentada pelo Sr. Secretário do Comércio na reunião de Viena, onde lhe tinha solicitado que tivesse em consideração a tradicional exportação do nossos vinhos do Porto para Inglaterra. Mas eu pretendia também que esse agradecimento fosse extensivo aos membros do Parlamento britânico que de uma maneira positiva afirmaram o seu assentimento e deram aprovação à lei, na parte, específica que dizia respeito à redução de direitos para o vinho do Porto. A gentileza desses Deputados britânicos foi tal que convidaram o director do Instituto do Vinho do Porto para um almoço na Casa dos Comuns, onde estavam representados os dois grandes partidos da política inglesa por doze Deputados, sob a presidência de Sir Hug Linstead. Quero afirmar a esta Câmara o pleno assentimento às palavras que aqui foram proferidas, mas que se entenda que ele deve ser apenas considerado como um caso particular, que não teve nem podia ter tido projecção em todos os Deputados e membros do Parlamento britânico.
Foi uma voz apenas que, posso afirmar a VV. Ex.ªs, não representava com certeza a opinião geral de todos os membros do Parlamento britânico, já que eles levaram a sua gentileza ao ponto de afirmar que um Deputado à Assembleia Nacional se podia considerar em sua casa na Câmara dos Comuns.
Pareceu-me que, depois das palavras que aqui foram proferidas, estas minhas considerações tinham um certo interesse, a fim de não se tomar como atitude geral uma simples posição individual e poder-se prestar a nossa homenagem a quantos, no Parlamento britânico, têm pelo nosso país e pelo nosso exército aquela consideração que todos lhes devemos.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bom, muito bem!

O orador foi muito compartimentado.